Ainda não fui viajar. Pensei que era terça, mas é quarta. Então, depois de ter feito deste espaço meu divã, e estar muito mais tranquila graças a tantas palavras de incentivo dos leitores, me desculpo voltando ao tema comida. E, enquanto ainda está fresco, já que editamos ontem (minha amiga Inês Correa e eu), deixo aqui o vídeo sobre como fazer polvilho em casa. O post mostrando tudo está em "Da mandioca ao polvilho e à tapioca", mas acho que no vídeo fica mais claro. Também já postei o vídeo como fazer beiju tapioca a partir do polvilho seco - que é este que você vai fazer em casa ou comprar. De qualquer forma, para qualquer dúvida que ainda tenha depois de ver os dois vídeos talvez encontre resposta no post linkado.
Inventei esta moda de extrair o polvilho usando o liquidificador quando, muitos anos atrás, meu pai colheu muita mandioca, todas duras pra cozinhar. Minha mãe disse que poderíamos fazer polvilho ralando as mandiocas. Comecei assim, mas depois de tirar uns bifes dos dedos, decidi tentar bater no liquidificador e coar em pano. Num instantinho bati tudo. O resto foi fácil e, como diz a Inês, eu tenho mãos que não vacilam. Grandes e fortes como as da minha avó e do meu pai, prontas para espremer alguns quilos de mandioca triturada e extrair o máximo possível de seu amido. Você pode estar se perguntando porque diabos fazer polvilho em casa sendo o industrializado tão barato no mercado. Também não sei. Mas, como saber não ocupa espaço, pelo menos o vídeo pode servir para os interessados descobrirem de onde vem o polvilho do pão de queijo e da tapioca. Ou, sei lá, você mora ou vai morar na Europa, onde é difícil de encontrar polvilho mas não mandiocas enceradas africanas, por exemplo, e morre de vontade de comer pão de queijo ou beiju de tapioca. Pronto, seus problemas estarão resolvidos com um simples liquidificador, um pano e um pouco de sol na janela. Bem, fica aí a sugestão a quem interessar possa.
Como mostro lá no post linkado, se você quiser pode usar um mínimo de água para bater a mandioca ou, melhor ainda, ralar, e aproveitar o caldo como tucupi (embora o original seja feito com mandioca brava que lhe confere um certo ar amendoado, o feito com mandioca doce também fica muito bom) ou para a pimenta, como me ensinou Eliana - na terra dela, lá no sertão da Bahia, usam este caldo com um pouco de cachaça para curtir e conservar as pimentas. Levei o vidro cheio para o sítio no fim do ano e não durou dois dias.
Pimentas limpas e sem os cabinhos no vidro, sal, o caldo da mandioca e um pouco de cachaça (1/8 deste vidro, mais ou menos). Para conhecer a cachaça Marvada e a doce Neide que a produz, veja o vídeo que gravei com as próprias. À bientôt!