Logo, o mesmo amigo Fernando Goldeinstein já me mandou um pão delicioso que fez ao seu modo. O meu, só resolvi fazer um dia antes de começar um curso de cerveja na Brewing Pride (ótimo, por sinal) - tudo coincidência. Queria aprender um pouco mais sobre a técnica de preparo e a química envolvida, tudo pra ver se entendo mais, por tabela, do fermentando Kombucha que ando fazendo.
Reformei o levain na sexta-feira à noite, amassei o pão no sábado de manhã, deixei descansar a massa por duas horas, dobrando e redobrando três vezes neste período; moldei, coloquei na cestinha de crescimento, cobri com plástico e deixei crescendo o dia todo na geladeira. No próprio sábado, cheguei em casa depois do curso e do cinema e assei o dito quase à meia noite. Ficou bem bonitão, pelo menos eu achei. E gostoso, com uma textura granulosa interessante, mastigável. No domingo de manhã levei para o curso e no final degustamos com cervejas. Foi pra mostrar que aquele resíduo todo que iria para o lixo pode ser usado para comer. E o pão combinou mais ainda com cerveja quando pensamos no desperdício de grãos que estávamos evitando.
Muito cervejeiro joga no lixo e até na privada. Mas é alimento pra gente e pra galinha, por exemplo. |
Bem, quanto ao pão, simplesmente introduzi uma boa quantidade na receita que costumo fazer, tendo que adaptar a quantidade de água, que fui juntando aos poucos. Ah, juntei também um tanto de nozes
Pão cervejeiro
350 g de levain reformado
1kg de farinha
20 g de sal (1 colher de sopa rasa)
700 g de cereais maltados (resíduo da fabricação de cerveja artesanal) úmidos e ainda adocicados
365 ml de água
1 xícara de nozes picadas ou uvas passas (opcionais)
Um dia antes, tire 50 g de levain da geladeira e o reforme com 200 g de farinha e 150 ml de água. Cubra com filme plástico ou deixe dentro de uma vasilha com tampa em temperatura ambiente. Para fazer o pão, use 350 g deste levain e guarde o restinho em vidro com tampa como isca para o próximo pão (só reforme de novo quando for usar). Se não for usar levain, faça esta mesma mistura, só que em vez de usar o levain/ isca, use 1 envelope de fermento de pão diluído na água. O resto é igual.
Coloque numa tigela o levain reformado, o sal, os cereais maltados e um pouco da água. Junte a farinha e vá misturando e juntando o restante da água, até conseguir uma massa densa, mas ainda macia, não dura. A quantidade de água pode variar conforme a umidade do malte. Sove por dez minutos. Junte nozes ou passas se for usar e incorpore à massa. Passe para uma vasilha grande com tampa e deixei descansar por 2 horas em temperatura ambiente. A cada meia hora, espiche a massa e dobre como se estivesse fazendo um pacote nela mesma. Quando a massa estiver começando a crescer, faça uma bola e passe para uma cesta ou tigela bem enfarinhada (de tamanho que comporte a massa crescida). Neste momento, se quiser sair, coloque na geladeira e deixe crescer por até 8 horas. Foi o que fiz. Ou deixe em temperatura ambiente até crescer, coberta com plástico (as toucas de plástico para pedicure, sem usar, claro, são ótimas, e podem ser encontradas em lojas de produtos para salão de beleza). Tire da geladeira, deixe em temperatura ambiente cerca de meia hora ou até perder a frieza, e já pré-aqueça por 10 a 15 minutos o forno a 250 C com uma panela de ferro com tampa dentro dele pra pré-aquecer também (a minha é uma velha de ferro, sem o cabo de madeira e a tampa é uma tigela de barro abaulada - mas você pode improvisar). O importante é que a panela seja grande o bastante para caber o pão e que a tampa seja abaulada para não encostar na crosta no pão - a menos que a panela seja funda. A tampa é importante para manter a umidade e permitir que o pão cresça antes que forme uma crosta. Este é só uma forma, a que eu uso, mas você pode fazer o pão do seu jeito e usar o malte em proporções pequenas para ir se acostumando e adaptando sua receita.
Quando a panela estiver bem quente, despeje o pão dentro da panela (por isto as dobras do pão tem que ficar em cima na tigela, para que fique por baixo na panela na hora de emborcar). A panela deve estar bem enfarinhada ou forrada com papel vegetal ou folhas de sete-copas ou amendoeira da praia.
Cada forno doméstico é de um jeito. O meu é o elétrico da Lair. Se seu forno não consegue ser tão quente, deixe a panela coberta apenas nos primeiros 20 minutos, tire e deixe terminar de assar sem tampa, para dourar - por mais uns 20 minutos. Eu deixo assar coberto a 250 C por 1 hora sem abrir a panela. E dá no que dá. Fica muito bem assado mesmo com este tamanhão todo.
Sobre a folha de sete copas, veja aqui. E sobre assar na panela ou com vapor, veja acolá.
E nhac!