Atualização em 2015: Este post é antigo e infelizmente não tenho mais como doar kefir. Leia nos comentários, pois há leitores que se dispõe a doar ou vender. Obrigada!
Faço parte já há algum tempo de uma comunidade de doadores de kefir no Orkut. Toda semana vem gente aqui buscar os grãos. Trata-se de uma colônia simbiótica de seres vivos (leveduras e bactérias), unidos por um biofilme de polissacarídeos secretados por eles (kefiran), que se alimentam de lactose e fermentam o leite. É considerado um alimento probiótico por conter lactobacilos e outras bactérias do nosso trato intestinal, mas muita gente toma-o como uma panaceia, o que não é, e alguns adeptos comportam-se como seguidores de uma seita. Não é o meu caso (pelo menos penso que não ....). O fato é que há muitos estudos in vitro e in vivo que mostram seus benefícios na absorção de nutrientes ou como imunomodulador, antibacteriano e inibidor de alguns tipos de metástases (em ratos). Mas também há trabalhos mostrando benefícios do kefir em úlceras, doenças pancreáticas, pneumonia, bronquite. Sem falar que é excelente para quem tem leve intolerância à lactose (muitos adultos, que se sentem mal e têm gazes depois de tomar leite, podem ter), pois nele grande parte deste açúcar está pré-digerido, facilitando a digestão. Quase uma panacéia, vá lá, mas o legal é que, se tomado todos os dias no lugar do leite, regula o intestino, dá disposição, resistência a doenças e uma certa alegria de viver, afinal é delicioso e é também por isto que tomo. Marcos costuma indicar para os pacientes que estão tomando antibiótico, para repor a flora intestinal destruída pelo remédio. E a colônia cresce, cresce, a gente pode distribuir, conhecer gente, falar sobre isso.
História do Kefir
Quefir ou kefir vem do turco Keif, que significa bem-estar, bem-viver. Parece ter sua origem na região montanhosa do Cáucaso, onde dizem ter sido presente de Alá ao profeta Maomé, para garantir longevidade ao homem. Durante muito tempo os aldeões acreditaram que os grãos perderiam a força caso fosse divulgado o segredo de seu manuseio. Em 1900 a Sociedade Médica Russa contratou dois irmãos, os Blandovs, que fabricavam queijos no noroeste das montanhas do Cáucaso, para que conseguissem os grãos, tarefa quase impossível. Eles tiveram, então, a brilhante idéia de usar como isca a jovem e linda funcionária Irina Sakharova para conquistar o príncipe do Cáucaso, Bek-Mirza Barchorov, que poderia lhe dar os grãos de presente. Uma verdadeira biopirataria planejaram os irmãos. Mas a tentativa fracassou, temente que era o príncipe da cólera divina, e a moça saiu de mãos abanando. De volta ao lar, foi seqüestrada pelos súditos do príncipe que lhe ofereceu jóias e que tais. Mas o combinado era conseguir os grãos milagrosos e ele acabou cedendo. Foi assim, pelas mãos de Irina, que o kefir chegou a Moscou, onde passou a ser usado no tratamento de muitas doenças. Hoje ele tem adeptos no mundo todo, mas, é claro, é mais consumido na Rússia. Logo, logo, direi como cultivar os grãos.
No Brasil já teve dele no mercado. Quem me contou foi Nina Horta que até me deu estas duas garrafinhas da foto, preciosidades. Airan (ou Ayran) é o nome do kefir em árabe. Como é uma bebida fementada, certamente pararam de fabricar por problemas operacionais, afinal ninguém compra embalagens estufadas ou rompidas. Mas no Canadá, por exemplo, ele é protegido por embalagem expansível e é encontrado lado a lado com outros iogurtes.
Por aqui a gente consegue por doação. Está certo que o meu consegui comprando de um japonês na internet. Mas isto porque fiquei mais de um mês procurando doadores e ninguém sabia o que era. Para quem não sabe, o comércio de kefir é altamente condenável entre os adeptos mais radicais, já que se reproduz sem esforço e foi presente de Alá, ora ora. Já tinha ouvido falar dele na faculdade de nutrição, mas acredito que lá também ninguém sabia o que era. Diziam apenas: é um leite fermentado do Cáucaso e nunca aprofundavam o assunto. Até que há uns 5 anos a Neka Mena Barreto me deu uns grãos de kefir de água (falo deste depois), que conservo e distribuo até hoje. Fui pesquisar mais e vi que o melhor e mais benéfico é mesmo o de leite. Desde então tomo todos os dias no café da manhã, batido com fruta. Quando está sobrando, faço queijinho tipo chancliche, lassi ou coalhada seca. Aguardem posts de receitas.
Atualização em 2015: Este post é antigo e infelizmente não tenho mais como doar kefir. Leia nos comentários, pois há leitores que se dispõem a doar ou vender. Obrigada!