Amargas, mas nem tanto, estas azeitonas do pé
A companhia não podia ser melhor. Estávamos num grupo de jornalistas (Alexandre Lalas, do Jornal do Brasil; Jefferson Lessa, do O Globo; Josimar Melo, da Prazeres da Mesa; Luisa Fecarotta, da Folha de São Paulo; Sonia Denicol, da Gourmet Life e eu, pela revista Caras. E ainda a Alessandra Casolato e a Selma, da organização daqui, junto com Mariana e Tereza, de lá. Sem falar nos dois motoristas que nos acompanharam - alinhadíssimos, nos almoços e jantares se sentavam com os presidentes. Íamos de lá pra cá de ônibus cruzando auto-estradas alentejanas no meio de campos tingidos de olivais. Às vezes rindo, às vezes dormindo.
Mal paramos em Lisboa, seguimos direto para Beja, no Alentejo, região que se caracteriza pelos lindos vilarejos todos caiados de branco. A terra árida para outras culturas é prodigiosa para oliveiras, sobreiros e videiras. Em Beja ficamos hospedados num antigo convento do século 13 que ecoava canto gregoriado pelas grossas paredes de pedra. Fomos visitar instalações modernas do Azeite Gallo, colheitas mecanizadas da marca Andorinha, processos cuidadosos de extração na Quinta de São Vicente e Herdade da Figueirinha. Almoçamos e jantamos em algumas destas propriedades, participamos de jantar com produtores de vinho do Tejo numa noite e do Alentejo, em outra. Visitamos a Olivipax e Vinipax 2009 e conversamos com vários produtores de azeites e vinhos. Conhecemos um lagar museu espetacular em Moura (Lagar de Varas de Fôjo), onde se aprende sobre o processo rudimentar usado há séculos para se extrair azeites. Subimos a ladeira de Monsaraz e vimos a represa de Alqueva. Almoçamos na Adega Velha ou Tasca do Engenheiro, em Mourão, a cidade com chaminés em forma de pimenteiros. Passamos um dia em Lisboa e desfrutamos do conforto do hotel Jerónimos 8, ao lado do Mosteiro dos Jerônimos. Fomos jantar no Spot São Luiz; comemos Pastéis de Belém direto da fábrica mais antiga; tiramos foto segurando na mão do Fernando Pessoa, na frente do café A Brasileira; comemos joaquinzinhos fritos. E e e e... tanta coisa mais. Acordei de madrugada no último dia em Lisboa e ainda visitei o Mercado da Ribeira com peixes fresquíssimos e descobri ali uma lojinha de produtos brasileiros. E ainda me encontrei com os blogueiros Manuela (Moira) do Tertúlia de Sabores e com o João Pedro Diniz, do Ardeu a Padaria e com a leitora de todos nós, Manuela Soares, que depois me acompanhou num city tour espetacular para uma tarde apenas. Ninguém se conhecia, mas marcamos todos no restaurante sugerido pelo João, Tentações de Goa, na Mouraria. Não poderia ser melhor a escolha, comida deliciosa, com preços justos e ainda a boa prosa do goense Jesuslee. Voltei com presentinhos e compras que fizemos num mercado de produtos indianos. E muitos azeites, ora pois.
Pronto, falei. Já cheguei há dois dias, mas tendo que enfrentar uma lida dobrada como penitência pela folga forçada e irrecusável no meio de um período corrido de trabalhos de fim de ano. Por isto, agora, só um panoraminha. Mas já vou voltando pra falar post a post de cada uma destas experiências de um ano ou mais concentradas todas em apenas 5 dias. Tem até filminho com receita de açorda de coentro e alhos. Tudo regado com muito azeite fresquinho.