Com Tradescantia zebrina e limão |
Epa, você deve estar pensando, eu já vi este post.
Sim, publiquei dias atrás. Uma pessoa publicou no seu facebook a bebida feita com a outra tradescantia, a coração roxo e teve muitos comentários dizendo que era venenosa. Embora, eu tenha visto que no México é usada especialmente a Tradescantia zebrina para o refresco e para o remédio - como quebra-pedras -, a coração-roxo (T. pallida purpurea) também apareceu como medicamentosa e como erva substituta para a água de matalí. Como esta planta absorve metais pesados e é usado como biomarcador e como não temos estudos por aqui, talvez seja melhor mesmo ficarmos só com a Tradescantia zebrina que parece ser mais segura. Bem, apesar de dizer no post que a erva usada no México era especialmente a zebrina e de dar uma referência onde a coração-roxo aparecia, reeditei para ficar bem claro. E achei melhor republicá-lo aqui também para não saiam por aí comendo coração-roxo, até que tenhamos mais estudos sobre sua toxicidade em chás (para comer não é bom mesmo). Se já comeu, se já bebeu, não vai morrer por isto, mas precaução nunca é demais.
Aqui o post editado:
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Sim, publiquei dias atrás. Uma pessoa publicou no seu facebook a bebida feita com a outra tradescantia, a coração roxo e teve muitos comentários dizendo que era venenosa. Embora, eu tenha visto que no México é usada especialmente a Tradescantia zebrina para o refresco e para o remédio - como quebra-pedras -, a coração-roxo (T. pallida purpurea) também apareceu como medicamentosa e como erva substituta para a água de matalí. Como esta planta absorve metais pesados e é usado como biomarcador e como não temos estudos por aqui, talvez seja melhor mesmo ficarmos só com a Tradescantia zebrina que parece ser mais segura. Bem, apesar de dizer no post que a erva usada no México era especialmente a zebrina e de dar uma referência onde a coração-roxo aparecia, reeditei para ficar bem claro. E achei melhor republicá-lo aqui também para não saiam por aí comendo coração-roxo, até que tenhamos mais estudos sobre sua toxicidade em chás (para comer não é bom mesmo). Se já comeu, se já bebeu, não vai morrer por isto, mas precaução nunca é demais.
Aqui o post editado:
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Estas tradescantias são vistas aos montes por aí, principalmente em praças e jardins com os quais não se quer ter muito trabalho. Para falar a verdade, nunca dei muita importância a elas - a não ser para a traboeraba.
Débora não foi a primeira a me perguntar se a Tradescantia pallida purpurea (conhecida como coração-roxo) era comestível. No livro Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC) no Brasil, os autores dizem que “outras trapoerabas também são comestíveis” sem especificar quais. Débora me disse que a mãe tomou uma bebida fermentada feita com a erva no México. Fui atrás e descobri que nos estados de Tabasco, Yucatán e Chiapas pode ser encontrada uma bebida fresca feita em casa a partir da infusão, não da coração-roxo, mas da planta Tradescantia zebrina (T.pallida purpurea parece ser usada para o mesmo fim e ambas recebem o nome de “matali”). A bebida fermentada, ainda não encontrei. Como refrigerante, tem esta aqui.
Pelo que vi, a planta ornamental (T. zebrina) de origem tropical e hábito rasteiro são bastante usadas como fitoterápicas - para eliminar pedras renais, curar hemorragias, dores de estômago e diarreias. E também como repelente de insetos e larvicida – combinadas com outras ervas. Um uso importante para a T.pallida purpurea é como planta para biomonitoramento de poluição do ar, já que absorve metais pesado com facilidade.
A bebida refrescante chamada de “agua de matali” tem uma cor roxa tentadora. Com adição de rodelas e gotas de limão torna-se vermelha – é o que acontece com o pigmento antocianina que é sensível à variação de pH. Como a bebida leva açúcar ou mel e suco de limão, tem sabor de limonada e cor de groselha. A erva em si não tem muito sabor. Já comi da trapoeraba de flor azul e folhas verdes, Commelina erecta, da mesma família Commelinacea, e esta sim tem ao menos textura macia, mucilaginosa e sabor agradável. Já a zebrina, trapoeraba-zebra ou judeu-errante, esta que usei para fazer o refresco, é insípida e a textura é firme – provei o que sobrou da cocção para o refresco. Imagino que as folhas possam ser aproveitadas em pratos se picadas ou bem cozidas. Na salada não achei agradável e referência não encontrei nenhuma. Então, por enquanto, fico só com a infusão.
A T.pallida purpurea também fez uma bebida de cor linda e parece ter os mesmos usos medicinais da T.zebrina. Não encontrei nenhuma referência de pratos feitos com elas - provei as folhas cozidas e não gostei - tem textura muito firme e sabor algo adstringente. Aqui vemos as duas sendo citadas como ingredientes para o refresco. Mas lembrando que esta espécie é usada como um biomarcador de metais pesados e que é rica em oxalatos de cálcio, talvez não seja uma boa ideia consumi-la especialmente se está em áreas poluídas. Melhor ficar só mesmo com a T. zebrina.
A coloração do matali é um ótimo incentivo e tem o doce do açúcar ou do mel e o ácido do limão... Ou seja, é uma limonada colorida e apetitosa. Podemos adicionar suco de laranja e folhas de hortelã e ficará ainda melhor.
No México, recebe outros nomes como hojas de cucaracha (difícil de acabar com a planta que se espalha como baratas) ou moradilla – por causa da cor.
Então, para variar os corantes vermelhos e dar um descanso para o hibisco, que tal usar zebrina? Para evitar confusão e ao mesmo tempo homenagear o México que tanto tem a nos ensinar (e aos norte-americanos, mais ainda), vou usar para o refresco o mesmo nome que a bebida recebe por lá: “água de matali”.
Água de Matali
Ferva 1 litro de água com 1 xícara ou mais de folhas de matali (zebrina, trapoeraba-zebra) e espere esfriar ainda com as folhas. Coe, adoce a gosto e junte suco de um limão. Sirva com rodelas de limão e bastante gelo. Com folhas de hortelã ou menta, se quiser.