As abobrinhas dentro do balde, depois na panela e no prato. Sem igual |
Acompanhei o preparo da Waldete no fogão de lenha desde o momento em que a abobrinha e o jiló chegaram da horta dentro de um balde com outras verduras, mas ficamos divididas entre a cozinha e toda a vastidão de coisas da fazenda que queria nos mostrar Zé Mário. Peguei a receita, mas depois liguei também para Romilda, que me falou do seu jeito de fazer, que é bem parecido com o da Dete. Segundo ela, há quem junte de tudo no lobozó, até carne moída refogada à parte. Valem outros legumes. Waldete diz que o ponto é quando se pode moldar com as mãos bolinhos como capitão para comer com cerveja - e é assim que os homens gostam. Mas, além de petisco, é uma boa mistura para comer com arroz, feijão, frango, couve refogada, quiabo. E descobri também, aqui, pela experiência, que é um ótimo prato para ser único especialmente quando se está só. Já fiz algumas vezes neste mês. Era meu almoço quando a Eliane estava de férias. E agora a nutricionista falando: é um prato completo porque tem carboidratos da farinha, proteínas dos ovos e do queijo, além de fibras, vitaminas e minerais dos legumes. E, quase como um miojo, é rápido de preparar com a vantagem que pode ser guardado na geladeira e comido frio mais tarde. Pode ainda ser enformado como um cuscuz paulista, seu parente muito próximo, digamos.
Como o prato permite variações, acrescentei no meu tomate e cebolinha e a aborinha, usei de outro tipo. O alho que escolhi foi aquele meio defumado que ganhei da Romilda. O queijo, que não aparece na tábua de ingredientes por esquecimento, usei um pouco de cada fazenda - da Waldete e Zé Mário e do Zé Pão e Romilda. Os ovos caipiras, comprei na Cachaçaria Portal, em Piracaia. De Piracaia também, só que de produção própria, veio a abobrinha. Já a cebolinha e as pimentas de dois tipos são daqui do meu quintal, enquanto o tomate e a cebola vieram da feira de orgânicos do Parque da Água Branca. A banha foi feita por mim, a farinha artesanal foi comprada na feira de Uberlândia e o jiló veio do sacolão do Seu Emílio mesmo. Não escapo de comprar algumas coisas em supermercados, mas me dá uma alegria danada quando consigo me ver livre deles. Sinto um gosto de liberdade e a comida ganha um novo sabor, ainda que conceitual.
Aqui minha versão do lobozó baseada na receita de Waldete Aparecida Alves da Silva, de São Roque de Minas - MG. A dela era muito melhor, mas adorei a minha também.
Lobozó
1 colher (sopa) de banha de porco
Alho picado a gosto (usei uns 6 dentes pequenos)
1 cebola pequena picada
1 tomate picado
Pimentas ardidas picadas, sem sementes, a gosto, se quiser
2 abobrinhas brasileiras pequenas picadas (o um pedaço de abóbora verde ou verdolenga como a que mostro na foto lá em cima)
4 jilós cortados em rodelas e depois ao meio (em meia lua)
1 colher (chá) de sal ou a gosto
2 ovos
1 xícara de farinha de milho
4 colheres (sopa) de queijo da Canastra (meia cura) picado em cubinhos
5 unidades de cebolinha verde picada
Aqueça a banha e doure nela o alho e a cebola. Junte o tomate, as pimentas, a abobrinha, o jiló e o sal e vá refogando, mexendo de vez em quando, juntando um pouco de água quente sempre que necessário, até os legumes ficarem bem molinhos, sem líquido. Prove o sal e corrija, se necessário, lembrando que ainda vão entrar os ovos e a farinha. Coloque os ovos inteiros e mexa devagar para que cozinhem. Acrescente a farinha aos poucos, mexendo com delicadeza. Quando a mistura estiver homogênea, tire do fogo e acrescente o queijo e a cebolinha. Misture com cuidado e sirva. Deve ficar como um virado bem úmido. Se quiser, faça capitão, moldando as bolinhas com as mãos - para servir com cerveja.
Rende: 4 a 6 porções
Como capitão: para comer com a cerveja e para criança comer com as mãos |