quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O miojo da dona Vera, que planta flores, feijões e melancia

Já conhecia dona Vera de vista, mas sempre passei por sua calçada apressada pra tomar o trem e também nunca quis atrapalhar a conversa dela com ela mesma, já que fala o tempo todo, atormentada. O único contato que tinha tido foi quando um dia ela me mostrou um vaso de plantas que havia ganhado. Mas há três semanas a amiga Nana veio aqui e, assim que desceu do trem, percebeu que tinha tempo antes de nossa reunião. Como é de seu caráter olhar com carinho e atenção a todo cenário dos lugares por onde anda, parou para conversar longamente com dona Vera. E fotografou. O relato lindo está no blog da Nana, Calunga Cor de Rosa.  

Nana pediu para eu levar uma panela caso tivesse, que ela estava precisando, e fiquei de passar lá. Na correria, acabei esquecendo. Só me lembrei há poucos dias quando passei pela sua calçada para ir ao supermercado. Nem estava com tempo, mas acabei me demorando. Uma  moça que conversava com ela antes de mim disse que traria a panela, já que cheguei com a desculpa de que não tenho mais panelas sobressalentes que foram todas para o sítio e que poderia comprar no supermercado caso ainda precisasse. 

Mas primeiro quis saber o porque de ela estar morando na rua. E aí a história é confusa, longa, recheada de fatos como expulsões, carro da prefeitura que roubou suas coisas, ida para um abrigo com muito "maconheiro, macumbeiro e muambeiro", que ali não era lugar pra ela, que nunca mais quer ir para um abrigo, que prefere a rua, que está bem ali, que costura pra fora, que o sobrinho é maconheiro e o expulsou da casa da irmã, que um taxista quis namorar com ela, mas deusmelivre, que o Kassab e o Haddad (e soletra direitinho h a dois ds, a, d) tem nomes feios do diabo, que são ladrões, tomaram tudo dela, que onde já se viu que eles nem precisam de dinheiro e pagam uma perua pra sair pela cidade roubando tudo das pessoas, que levaram embora suas plantas nos vasos, que quebraram o abacateiro que ela plantou na praça, que pode até ser que ela não aproveite o abacateiro que plantou, mas que outras pessoas podem comer as frutas, que plantou um abacateiro no corpo de bombeiros na Lapa (e tem mesmo), que os guardas aproveitam, que costura jaquetas, que ganha um dinheirinho, que gosta de plantar, gosta muito de plantas, que são a alegria dela, e que o bom deus ainda lhe reserva um pedaço de terra pra plantar lá no seu Pìauí, que um dia volta pra lá. E fala, fala sem parar.  Aí aprendi que precisa interromper para  interagir. E comecei a perguntar um pouco. E porque então a senhora não volta pra sua terra se tem lá seus parentes? Não é só pegar um ônibus? Dinheiro a gente arruma. Mas não, ela está "esperando o irmão, que tem carro, e vão todos num carro, com todas as coisas, porque o ônibus não leva as coisas, mas precisa esperar o outro, um carro maior, que eu dirijo,  mas não tenho carta, então vou tirar carta antes para revesar a direção com meu  irmão e por enquanto quero ficar aqui mesmo, que eu gosto daqui, já tem 2 meses e 28 dias que cheguei". Quando fiz cara de espanto com a precisão, ela respondeu "ué, se eu cheguei no 2 de novembro...".  E quando lhe perguntei da Nana ela se lembrou na hora "ah, a moça bonita que me deu um espelhinho, né? tão bonita". 


Mostrando as sementes de melancia

Mostrando o pezinho de feijão 
Quis aprofundar um pouco o assunto plantas e seus olhos brilharam. Ela me mostrou as sementes de melancia secando para plantar, me mostrou os pezinhos da fruta que havia plantado junto ao poste, os de tomate, junto ao muro e um de feijão numa falha da grama, ao alcance de suas mãos.  Mostrou ainda vasinhos improvisados com caixa de leite, galhos de quaresmeira enraizando em água dentro de garrafa pet, potinhos com sementes. Não liga de comer o que planta, só quer mesmo plantar, comida ou flores. Quando perguntei se queria alguma coisa do supermercado, pediu para eu comprar uma pinha para ela tirar sementes. Podia ser até podre, pois só queria as sementes para plantar. Cismou que quer plantar pinhas. 

E do que mais a senhora precisa? "Ah, traz também uns miojos, mas só pode ser da turma da mônica porque os outros viram mingau, são ruins, o da mônica é o único que não se desmancha todo, o macarrão fica durinho, gostoso de mastigar, e tem tempero bom. E também, se puder, traz umas cenouras e umas batatas. Ah, e também uns pedaços de frango ou ovo, você escolhe. E se não for pesar a mão, traz também uma dúzia de banana, mas tem que ser da maçã, pois as outras não me caem bem. E é só, vou te dar o dinheiro". Ela enfiou a mão no bolso do avental para tirar uns trocados e eu rejeitei, claro. Fui saindo e ela reforçando: "não esquece da pinha pra plantar". 


Pés de melancia junto ao poste

Pés de tomate junto ao muro

Sementes e mudas
Logo a pinha, não tinha, mas comprei os miojos turma da mônica sabor galinha. Foi estranho empurrar um carrinho com miojos, mas coloquei tudo numa caixa e passei lá com o taxi antes de voltar pra casa. O taxista estranhou o destino, mas quando parou o carro reconheceu Dona Vera, que por um tempo ficou morando no quintal do supermercado que funciona 24 horas. Disse que a irmã já tinha ido buscá-la várias vezes mas ela não quis ir. Ele desceu, cumprimentou, ah, a senhora por aqui, dona Vera?,  ela ofereceu bananas maçãs e ele aceitou. Deu logo duas e o repreendeu quando quis pegar as frutas com a mão esquerda. "Não, não, com a direita, pra não faltar banana nem pra mim nem pra você".


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Convite: O que não mata engorda. Expedição gastronômica na cidade

Cafezal na Paulista

Como parte das comemorações pelo aniversário de São Paulo, a quarta edição da Mostra SP Samsung de Fotografia traz para a cidade uma série de atrações. Uma delas será uma conversa hoje, no Espaço Cult, na Vila Madalena, com o sociólogo Carlos Alberto Dória e Neide Rigo, eu mesma, com mediação da jornalista Janaína Fidalga. 

A entrada é gratuita, é só se inscrever já pelo email atendimento@espacorevistacult.com.br. Ou pelo telefone 11 3032-2800. Ou chegar meia horinha antes. 

Espero você lá. Pra variar, estarei um pouco nervosa, mas a presença de leitores do Come-se e seus amigos sempre me acalma. Então, divulgue aí no seu facebook, no seu twitter, que eu não tenho nada disso. E visite o site da Mostra: http://mostrasaopaulodefotografia.com.br, que as atrações não terminaram. 
Obrigada! 

O que não mata engorda. Expedição gastronômica na cidade.
Quando:  30 de janeiro (quarta-feira) às 19hs 
Onde: Espaço Cult -  Rua Inácio Pereira da Rocha, 400 - Vila Madalena
Inscrições: atendimento@espacorevistacult.com.br 


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Caxi com taioba e manga verde

Parece maluquice, mas veio a calhar. Shakuntala, minha vizinha indiana, de vez em quando passa aqui e a gente conversa e conversa sobre comida. E sempre acaba saindo uma receitinha que eu corro para anotar antes que ela se vá. Ela fala no geral e eu vou tentando esmiuçar até conseguir entender a receita no seu particular.  Ela viu que eu tinha taioba na calçada  e disse que tem uma receita indiana de taioba com caxi. Eu disse que tinha caxi e ela se espantou. Por acaso, eu tinha acabado de comprar o legume na feira, mas isto não é mesmo comum. O resto dos ingredientes, tinha também. As folhas de curry,  fui buscar na calçada de uma casa do meu bairro, onde havia uma árvore grande. Cortaram a planta, mas as mudas continuaram brotando. Fui lá, arranquei todas as mudas que cresciam junto ao mato, e replantei em vasos que já seguiram para o sítio. Guardei algumas folhas secas. Para quem não conhece, estas folhas de curry tem perfume que parece uma mistura de folhas de pitanga e as de tangerina. O resultado é uma coisa inigualável.  Mangas verdes, para acidificar no final,  tem ainda na praça, mas ela disse que pode ser tamarindo ou limão. Gengibre tem no quintal, mas o que usei era de mercado, um mês na cesta de legumes. As pimentas, super ardidas, trouxe de Piracaia. Algumas especiarias,  da lata. Ela saiu daqui com duas taiobas nas mãos para também fazer sua receita em casa. A minha saiu assim. Muito gostosa, caso queiram provar. 


Caxi com taioba e manga verde 

Coloque numa frigideira 2 colheres (sopa) de óleo e junte 2 colheres (chá) de especiarias misturadas: mostarda marrom, grãos de coentro e de cominho. E também um galho de folhas de curry.  Quando a mostarda começar a pipocar, coloque 1 cebola picada e duas pimentas dedo-de-moça picadas (pode ser uma verde e uma vermelha). Deixe dourar e junte 1 colher (chá) de cúrcuma em pó, 1 rodela de gengibre finamente picada e/ou 1 dente de alho finamente picado. Misture bem e deixe refogar um pouco. Acrescente 1 caxi médio sem sementes e sem casca picado, 2 tomates picados e sal a gosto. Misture e deixe cozinhar em fogo baixo. Se precisar, junte um pouco de água quente. Quando o caxi estiver macio, prove o sal e corrija, se necessário. Junte duas folhas de taioba rasgadas, sem as nervuras e uma manga pequena ralada (ou 1 colher de suco de limão, ou um pouco de suco de tamarindo). Misture e deixe cozinhar até a folha amolecer, coisa de dois minutos.  Sirva com arroz para 6. 


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Risoto de momento

Em sã consciência jamais pensaria numa receita assim:  arroz com fiapos de frango assado de padaria,  dois quiabos, dois jilós e duas cenouras com ramos, um rabanete, três tomatinhos, uma pimenta verde e outra vermelha, três inhames bem pequenos e folhas de rúcula. Mas diante da minguada colheita, após trabalho duro na horta insipiente, e  sob efeito da fome que não espera frufrus, nada mais natural que isto, aproveitar tudo o que se tem pra fazer um prato único e saudável, sem desperdícios e sem abrir mão da qualidade (parece marketing de indústria de alimentos, né não?).  Tudo bem que teve um frango de granja que, por sinal, estava bem bom - afinal também tenho meus pecados e são muitos, diga-se.  Um dia antes, quando passamos pela cidade, deu vontade de comer aquele frango de televisão de cachorro cujo perfume chamava vira-lata do outro lado das barrancas do rio. Não resistimos e levamos um pro sítio, todo cheiroso e dourado. Claro que depois de comer as duas grandes coxas, não há mais espaço para nada.  Por isto, tivemos frango em todas as refeições seguintes. E na última, os nacos de frango se juntaram aos vegetais recém-colhidos que, isolados, não dariam uma salada ou um refogado. Então, foram todos para a mesma panela, incluindo os tomatinhos, o inhame, as ramas de cenoura, as folhas de rúcula, o jiló e o quiabo. Apenas refoguei tudo cortado grosseiramente - só as pimentas inteiras - junto com um pouco de cebola bem picada. Juntei os pedaços desossados de frango, ralei um pouco de cúrcuma fresca por cima, um pouco de sal a mais e a mesma quantidade de água de sempre: 2 xícaras para uma de arroz. A panela de barro em fogo baixo cozinhou a mistura lentamente até o arroz ficar macio e ainda úmido.  E depois, nhac com vinho e bye bye nunca mais, pois dificilmente esta receita de momento será repetida, dificilmente outro frango assado será comprado e dificilmente terei daqui pra frente uma colheita tão pobre. Agora, que este resumo da horta cheio de aromas frescos faz um arroz divino de bom, ah isto faz e eu recomendo o modelo, ainda que o agrupamento não pareça muito harmônico, ainda que não tenha naco nenhum de frango ou qualquer outra carne. 


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Kefir. Coluna do Paladar. Edição de 24/01/2013

Esta foto: Neide Rigo

Já falei muito de kefir aqui no Come-se. É só digitar a palavra no campo de busca aí do lado. Mas este foi o texto da coluna Nhac de hoje, no caderno Paladar, do jornal O Estado de São Paulo, com fotos de Felipe Rau, que copiei do  blog . Aliás, não deixe de acessá-lo para saber como fomos representados no Madrid Fusión. 

É kefir. Pode conferir

  • 23 de janeiro de 2013|
  •  
  • 22h50|
    Por Neide Rigo
Kefir é um tipo de coalhada feita a partir do encontro do leite com um conglomerado de micro-organismos que lembra um pedaço de couve-flor.
Evito citar a palavra kefir porque em seguida chovem pedidos, com variados graus de gentileza, que não dou conta de atender. É que, antes de ser alimento gostoso, kefir é quase religião. Dizem que a solução para curar de unha encravada a câncer foi presente de Alá e não pode ser vendida.
Não acredito nisso e o trato como um alimento gostoso com funções probióticas. Acho que todo mundo pode comprar de quem produz um pedacinho da colônia. E não digo isso porque quero vender kefir. Longe de mim. Já pertenci a comunidade de doadores e ainda presenteio amigos, vizinhos, parentes, e assim deve ser com quem tem.
Comprei minha primeira colônia de kefir no Mercado Livre e ela chegou pelo correio, do tamanho de uma bola de gude, com instruções de uso.
Quem não tem um doador por perto, pode comprar kefir sem pedir perdão. É algo que se compra uma vez na vida, dado que ele se multiplicará logo em quantidade suficiente para presentear os seus amigos.
Em vários países europeus, o kefir é vendido com iogurtes e coalhadas. Na aparência, eles são quase iguais, mas os micro-organismos envolvidos na produção são diferentes. Já tinha ouvido falar dele na faculdade de nutrição, mas acredito que lá também ninguém soubesse o que era, pois os professores diziam só “é um leite fermentado do Cáucaso” e nunca aprofundavam. Só depois de pesquisar e conseguir a colônia é que descobri que lá pelo final da década de 1970 esse mesmo grupo de micro-organismos chegou a colonizar o leite de casa. Não fez muito sucesso, minha mãe achou o resultado gosmento. E sumiu.
Já tem quase dez anos, tomo kefir batido com frutas todos os dias no café da manhã. Quando sobra, faço queijo tipo chancliche, lassi ou coalhada seca.
Para quem não sabe nada sobre kefir, trata-se de uma colônia de leveduras a bactérias que pode chegar a 70 espécies e que se alimenta de lactose e fermenta o leite. Esse leite fermentado é um alimento probiótico por conter lactobacilos e outras bactérias vivas. Há muitos estudos in vitro e in vivo que mostram os préstimos do kefir à saúde – da absorção de nutrientes à inibição, em ratos, de alguns tipos de metástase. É excelente para quem tem leve intolerância à lactose, pois no leite fermentado parte dela está pré-digerida. Se tomado todos os dias, regula o intestino e dá resistência a doenças, além de ser delicioso quando bem feito. Só não espere dele a cura para todos os males.
Não se sabe exatamente como e onde o kefir surgiu e até hoje ninguém conseguiu produzi-lo senão a partir de um pedaço da colônia já existente. Sabe-se, no entanto, que a palavra kefir vem do turco keif, que significa bem-estar ou bem-viver e que surgiu na região montanhosa do Cáucaso, onde dizem ter sido presente de Alá ao profeta Maomé. Por muito tempo os locais guardaram segredo sobre ele.
Diz a história, talvez com um pouco de floreio, que em 1900 os irmãos Blandovs, que faziam queijos no noroeste do Cáucaso, foram contratados pela Sociedade Médica Russa para conseguir o segredo do kefir. Eles usaram a artimanha de expor a jovem e linda funcionária Irina Sakharova como isca para conquistar o príncipe do Cáucaso, que lhe daria a colônia em forma de grãos de presente. Mas nem todo o amor do mundo fez que o príncipe caísse em tentação. A moça voltou de mãos abanando, mas em seguida foi sequestrada e levada de volta ao príncipe, que lhe ofereceu presentes e joias. Irina bateu o pé até conseguir o que lhe havia sido encomendado. E foi por esse caminho que o kefir chegou a Moscou e de lá, se espalhou pelo mundo, sempre se reproduzindo a partir daquelas colônias, até chegar a minha casa e à sua.

Refresco, sobremesa… Mas primeiro faça o kefir

  • 23 de janeiro de 2013|
  •  
  • 22h45|
    Por Neide Rigo
Quando não for fazer kefir, guarde-o, com um pouco de leite, na geladeira. FOTOS: Felipe Rau/Estadão
Proporção. Para um litro de leite, use 1 colher (sopa) de grãos de kefir. Se a colônia for crescendo, tudo bem, desde que o resultado não fique muito ácido.
Fermentação. Coloque os grãos e o leite em um vidro coberto com um pano ou tampa mal rosqueada. Deixe à temperatura ambiente por 24 horas. A coalhada que for tirada é o que você vai tomar ou usar como ingrediente. Se não for consumir, guarde na geladeira por até 2 dias.
Temperatura. No frio, ele pode coagular de maneira uniforme. No calor, os coágulos se separam do soro. É só bater para uniformizar.
Viscoso. Os grãos devem ser enxaguados em água filtrada de vez em quando, especialmente se estiverem viscosos. A formação dos fios liguentos é normal – são mais de 70 micro-organismos vivendo juntos e, às vezes, um ou outro tenta predominar. O importante é que a colônia siga crescendo e continue branquinha.
Colônia. Para içar a colônia, use utensílio de plástico, porcelana ou madeira. Evite o metal, que pode causar alterações enzimáticas.
Quando os grãos se multiplicarem muito, o leite pode ficar fermentado demais e até um pouco alcoólico. Nesse caso, doe, congele em sacos plásticos (vale também como reserva) ou bata com frutas e gelo. Os micro-organismos não têm olhinhos nem alma.
Lassi. Para fazer lassi (refresco), junte ao kefir igual quantidade de água, gelo e açúcar a gosto e algum aroma como cardamomo. Bata no liquidificador até triturar bem o gelo. Se quiser misturar frutas,prefira as frutas menos ácidas e mais cremosas como banana, manga e abacate.
Coalhada seca. É só separar a coalhada da colônia e colocá-la para drenar em saco de pano ou coador de náilon sobre uma jarra – para que escorra o soro. Depois de 24 horas, já está numa consistência boa para servir pura com pão. Misture bem com uma colher ou bata para ficar lisa. Se quiser, tempere com sal. A coalhada seca também pode ser adoçada com açúcar ou mel e servida com compota de frutas.

Bolinhas no azeite de ervas

  • 23 de janeiro de 2013|
  •  
  • 22h35|
    Receita de: Neide Rigo
FOTO: Felipe Rau/Estadão

1. Tempere 1 litro de kefir com 1 colher (sopa) de sal e deixe drenando, do mesmo jeito que se faz a coalhada seca, só que por mais tempo – cerca de 40 horas.
2. Faça bolinhas com a massa e vá colocando com cuidado dentro de um recipiente onde já tenha um tanto de azeite, sal grosso, grãos de pimenta-do-reino e ramos de ervas frescas como orégano, tomilho e alecrim.
3. Sirva depois de 1 dia, no máximo, pois o kefir continua a fermentar.

Queijo fresco tipo chancliche

  • 23 de janeiro de 2013|
  •  
  • 22h40|
  • Por Redação Paladar
Receita de: Neide Rigo
FOTO: Felipe Rau/Estadão

1. Prepare o kefir como indicado aqui.
2. Tempere e drene o kefir ao longo de 40 horas, como na receita de bolinhas no azeite, porém, para fazer o queijo fresco, mantenha a bola inteira.
3. Sirva o queijo puro ou empanado com zaatar (misture orégano, sumagre e gergelim) ou com uma mistura de ervas secas (pode orégano ou hortelã), pimenta-do-reino triturada grosso e gergelim.





quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Rabanetes assados

Daqueles rabanetes colhidos além da hora, consegui salvar alguns que se juntaram à couve cortada fininha para salada ou foram cortados em nacos e cozidos com o arroz e ainda assim precisei jogar fora muitos que já começavam a apodrecer quando os recebi. E todo mundo deve conhecer o cheiro enxofrento destes alimentos da família das couves quando começam a se decompor. 



Precisei, portanto, pensar rápido. Como ia à noite da segunda feira na casa de minha irmã, para aniversário do cunhado comemorado entre família, pensei num jeito de acabar logo com aquilo, buscando cumplicidades contra o desperdício. Pensei que talvez uma conserva picante poderia combinar com a cerveja. Mas aos poucos, conforme ia experimentando os rabanetes que ia lavando, a intenção ia se transformando para um agridoce, com a cerveja ainda na mira para harmonizar.  Até que cortei tudo em quatro, mantendo a película quando estava íntegra e descartando no caso de estarem meio baleadas. Espalhei numa assadeira e fui temperando com o que achava que combinava: um pouco de sal, vinagre e açúcar para serem percebidos, galhinhos de tomilho, uma pitada de cominho tostado, cravo triturado e azeite para ser discreto. Misturei bem, levei ao forno e deixei assar por cerca de uma hora, mexendo de vez em quando. Quando saiu do forno, mais macio mas ainda com resquício de crocância e a picância mantida, provei e juntei mais açúcar e mais vinagre e aí sim ficou uma delícia. Levei num pote tampado e ao ser aberto o cheiro de nabo cozido se dissipou. Houve quem amasse e quem odiasse. A sobrinha do meu cunhado queria levar embora de tanto que gostou.  Mas não sobrou, afinal os mais velhos acharam uma boa ideia para acompanhar a cerveja. Acertei, combinou.  Já os mais jovens, incluindo a filha Ananda e as sobrinhas Flora e Tarsila não gostaram, preferiram acompanhamentos clássicos. A conclusão pontual é que para gostar de nabos cozidos ou rabanetes assados é necessário um paladar mais amadurecido, vivido. Será?

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Garimpando banana-da-terra e da praça

Marcos com enxadão e  Angelita segurando a muda 
Na semana passada veio aqui a Angelita, do Garimpos do Interior e, entre uma conversa e outra, surgiu o tema banana-da-terra docinha que ela colheu no próprio quintal do restaurante. Fiquei fascinada e ela me contou que aliás estava querendo se desfazer de umas mudas que brotaram depois de o cacho ser colhido. Claro que abri o olhão de vontade, para plantar em Piracaia. Já trouxe muda de banana-da-terra da Ilha do Marajó e de Acrelândia, ocupando mala quase inteira (sem falar nas de banana-nanica que trouxe de Minas, Paraná etc).  Lá na chácara, as da terra não crescem muito animadas, afinal estavam acostumadas à floresta quente e úmida. Já com as do Garimpo do Interior,  fiquei mais animada, pois parecem mais aclimatadas por aqui. E resilientes, pois estavam aglomeradas num pedaço mínimo de terra. Chegamos da chácara, Marcos pegou o enxadão e fomos para o restaurante, conforme o combinado. O salão ainda estava animado de conversas e cheiro bom de pastel de angu, frango caipira com ora-pro-nobis, café passado no coador sobre a mesa e sobremesas gostosas. Pena que o restaurante  já estava fechando e havíamos acabado de almoçar. 

Marcos é forte, decidido e talentoso com instrumentos cirúrgicos, não importa o tamanho da encrenca ou da ferramenta.  Deve ter achado mais fácil extrair bananeiras que amígdalas. Cavou e cavou com paciência toda a volta da muda maior, mais alta que eu,  e a extraiu da terra sem danos. A menor foi mais fácil. Saímos de lá carregando num ombro a ferramenta e no outro as bananeiras com suas folhas gigantes balançando ao vento, torcendo para logo logo ter frutas e fazer aqueles pasteizinhos com recheio de farinha de arroz. 

E já que estávamos engajados em garimpar as musas,  aproveitamos o momento para ganhar mais uma muda de nanica da praça perto de casa. Decidimos pegar um broto pequeno, pois o bom, mais tronchudo, estava entrincheirado junto aos outros troncos grossos. Nisso,  passou um bom moço e já foi aconselhando, que se quiséssemos ter uma boa muda teria que ser aquela grande mesmo, que a pequena daria um cachinho minguado de bananinhas aguadas. Foi pegando o enxadão e cavoucou com jeito, sem descansar, até que conseguiu soltar a planta da terra e tirá-la com uma forte puxada. Vi que tinha em tesourão na bolsa e perguntei se era jardineiro. Sim, estava voltando do trabalho em pleno anoitecer de domingo, todo de banho tomado, roupa limpa,  e perfumado,  pronto para o merecido repouso. Só pude agradecer muito oferecendo metade das bananas que tinha em mente colher, mas recusou, chega de peso por hoje, dizendo que o cacho estava mesmo no ponto de cortar para amadurecer em casa,  e seguiu seu caminho. 

Pois é, a ocasião faz o ladrão. Já estávamos ali na praça mesmo, com a faca e o enxadão na mão, por que não levar também aquele cacho de banana já no estágio de colher?  Uma semana atrás havia três cachos e agora só restava um. E eu sempre estou de olho nesta bananeira. Faz três anos, manifestei aqui minha cobiça, mas até hoje não tinha dado sorte. Sempre um gaiato chega antes. Esta foi a nossa vez. Voltamos para casa com um enxadão num ombro, cacho de banana no outro e, nas mãos, as mudas. 

A banana da praça agora amadurece aqui. Só cuido para afastar sanhaços

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Minha massa de panqueca

De vez em quando elas aparecem no café da manhã, com rodelas de banana cozidas com mel, canela e limão. Minha receita é simples. Bato no liquidificador 2 ovos, 1 xícara de leite, 1 xícara de farinha de trigo branca, 1 colher (chá) de sal, 1 colher (chá) de açúcar, 1 colher (chá) de fermento químico em pó (opcional) e 1 colher (sopa) de azeite ou óleo ou manteiga ou qualquer outra gordura. Colheres sempre rasas, claro. Sal e açúcar nesta quantidade faz da massa elemento versátil para recheios doces e salgados. O açúcar ajuda a dourar. E você ainda pode perguntar: mas pra que gordura na massa? Simples, pra não grudar. Foi um jeito que encontrei de não precisar ficar untando a frigideira mesmo que ela não seja de teflon. Se a superfície for bem limpa, limpa mesmo, sem partículas aderidas, tanto faz alumínio ou ferro, esfregadas com palha de aço para que fique bem lisinha, não precisa untar. A única coisa que faço é aquecer bem a frigideira e quando está bem quente como ferro de passar esfrego um guardanapo de papel com óleo, só para formar uma camada fina. E cuidado para não queimar a mão. Tem que fazer isto rapidamente. Não é pra usar pincel, que deixa uma camada mais grossa e pode queimar as cerdas, queimar o óleo. É vap vupt, segurando a parte de cima e esfregando a parte de baixo de uma amontoadinho de papel com óleo. Não deve restar óleo livre pipocando e queimando na superfície, deve funcionar com um verniz.  O fermento faz estes furinhos da foto. Mas não precisa.  Ah, não precisa também de liquidificador, se não quiser sujar mais tralhas. É só misturar bem na própria caneca que vai servir para despejar a massa na frigideira. Pode usar um batedor de arame para a massa ficar mais lisa. Se bater bem e deixar a massa descansando, o glúten ficará mais forte e a massa ficará menos frágil, fácil de virar. Isto será mais útil ainda se estiver complementando a massa com outros amidos mais fracos em glúten como as farinhas integrais, ou com aqueles sem glúten, como os amidos puros de raízes e outros cereais.  Para virar, primeiro, solte as bordas com uma espátula. E depois, dá aquela viradinha no ar, especialmente se tiver plateia e estiver carente de Ós! É tudo isto que tenho a dizer sobre massa de panqueca com trigo.  Se quiser panquecas coloridas sem glúten, tenho esta receita aqui

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Colheita de verão


Neste último final de semana,  em Piracaia,  saí com Marcos pela estrada afora na esperança de coletar alguns cogumelos, já que o solo ainda estava úmido da chuva forte do dia anterior e o céu nublado poderia ajudar a mantê-los frescos durante a caminhada. Não, não comeria nenhum. Era só uma brincadeira para explorar as formas, o desenho, fazer fotos, tentar agrupá-los, mapear os lugares. Levamos até cestinha que pretendia encher, como aquelas que passeiam pelas florestas da Catalunha. Mas no caminho começamos a nos deparar com itens menos nobres,  mais desprezíveis e destituídos de estética. Primeiro uma latinha de cerveja enfiada no galho de uma goiabeira na beira da estrada, depois uma garrafa pet atropelada, sacos de salgadinho virados do avesso parcialmente submersos de lama, sacola de supermercado, papel de bala lambuzado e outros vestígios de nosso estágio de civilização -  pós-era em que nosso lixo eram embalagens como cascas de banana biodegradáveis.  De modo que sobrou pouco espaço para as peças decorativas coletadas: um enorme cogumelo branco e um fruto de lobeira para perfumar nossa sala.  Mas não desisti de encher a cesta de espécies vivas. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Comida de mãe e de pai




Só mais uma coisa a respeito de minha ida a Curitiba. Não é exatamente em Curitiba onde meus pais moram hoje, mas é como se fosse, pois São José dos Pinhais é do lado, como São Paulo e Osasco. E é onde fica o aeroporto da capital. Embora tenham saído do sítio em Fartura e se mudado para uma casa na cidade, a roça nunca saiu deles. 

Mesmo durante os cerca de 30 anos em que viveram aqui em São Paulo, onde os filhos nasceram e se criaram, os dois conservaram costumes caipiras. E agora, no Paraná, não é diferente. Está certo que eu tinha muito mais histórias pra contar sobre Fartura, mas eles se adaptam bem a qualquer lugar desde que lhes sobre um pedaço de terra para plantar, ainda que seja uma faixa estreita da calçada. No jardim não há só cosmos, begônias, adálias, rosas e aleluias, mas também pés de almeirão roxo, tomate, limão, jabuticaba, pimenta, jiló, quiabo, orelha de padre, chuchu, tudo junto e misturado. Meu pai Toninho cultivava café em Fartura e agora não desperdiça os poucos grãos que amadurecem no quintal da casa de minha irmã Fátima, de muro colado. Já dá pra matar a saudade do café torrado por ele e moído na hora. Por outro lado, Dona Olga adora galinhas e ovos recém-postos de gemas quase vermelhas e,  enquanto vizinhos não reclamam, uma meia dúzia delas cacareja num canto do quintal, se alimentando com sobras do hortifruti do bairro. Na calçada, cúrcuma, rosas, taioba, almeirão, jasmim, espinafre. Sentem-se em casa. E a comida de Dona Olga continua gostosa como seu Toninho sempre diz, seja no sitio ou na cidade. "Não sei que tanto você fica querendo pegar receita dos outros, os outros é que tem que aprender com você", diz ele quase que ranzinzamente querendo elogiar. 

Calçada com flores e espinafre

Calçada com cúrcuma e flores

Calçada com taioba 


Jardim com tomate, couve, pimenta, galinheiro



Dona Olga com ovo quentinho

Seu Toninho colhendo café 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Chácara de Valdite e José Kriwouruska


Mari colhendo framboesas
Assim que cheguei em São José dos Pinhais, no Paraná, onde meus pais moram, minha mãe já ligou para a amiga Valdite se convidando para ir visitá-la na chácara quase dentro da cidade,  "para levar minha filha que gosta destas coisas". E tem como não gostar?  

Valdite e Olga, minha mãe, sob a parreira de uva Terci
Minha mãe tem uma capacidade incrível de se adaptar a lugares novos e fazer amizades. Valdite, conheceu numa loja de departamentos e tão pouco tempo depois já parece que são amigas de anos. Por isto, fui recebida com carinho de afilhada pelo casal e sua filha, Mari.  

Valdite é baiana e seu Zé Kriwouruska, polaco. Aliás, no sul do Paraná, polaco ou polaca é qualquer ser branquelo,  seja polonês  ucraniano, húngaro, alemão ou italiano. Mas seu Zé é descendente de polonês mesmo e muito do que se vê ali é resultado da miscelânea das duas culturas, tanto nas soluções engenhosas na propriedade, quanto na mesa. Num espaço pouco maior que um hectare, cultivam de tudo. E, o melhor, aproveitam tudo o que sai daquelas terras e águas - um laguinho com peixes. O mel produzido em cem caixas de Apis espalhadas perto dali é consumido pela família e o excedente é envasado e disposto para venda numa estante improvisada na varanda, "mel do Seu Zé". Há também algumas caixas da meliponínea Mirin, abelha sem ferrão que produz mel ralo e ácido de excelente sabor. Nem a água doce, resultado do enxague das colmeias durante a extração do mel, é desperdiçada. Vira melado de mel, que também é vendido. Muito bom, doce com um quê de amargor.  Trouxe para mim um vidro de cada e ainda de geleia de framboesa, feita pela Valdite. Muitas frutinhas são necessárias para se fazer um vidro de doce denso de vermelho forte, por isto tenho economizado como ouro a que trouxe. E a cerveja de mel? Sorte que sobraram duas garrafas das festas de fim de ano e pude degustar. Deliciosa. É clara,  mas lembra cerveja escura, um pouco adocicada, alcóolica, superborbulhante. Mari, a filha, disse que muito descendente de polonês por ali ainda faz esta bebida e prometeu que vai me ensinar a fazer. Só precisava de comprar mais lúpulo para o próximo lote e aí me mandaria fotos e receita. Aguardemos! O maracujá do mato vira polpa conservada para a entressafra, a nata vira biscoito, o torresmo triturado com alho transforma-se em "manteiga" para o pão, a uva é cozida para fazer suco engarrafado. E tudo feito com tanto capricho, que recomendo muito a quem estiver entre Curitiba e São José dos Pinhais que compre o mel, a geleia e os produtos de momento, sempre únicos, exclusivos, já que a atividade principal dos dois não é a de venda mas a de produzir por prazer para consumo próprio. 

Cerveja de mel 

"Manteiga" de torresmo. Como é mesmo o nome?

Mel de mirin

Maracujá do mato 




Para quem quiser comprar o raro mel de mirim, mel de Apis, melado de mel ou geleia de framboesa: Mel do Seu Zé, telefone: 41 3282-3408 ou 41 9906-8092

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Feira de Curitiba



Encontrei em Curitiba uma amiga que não via havia quase trinta anos. Nos conhecemos prestando vestibular para agronomia. Nem ela nem eu tivemos sucesso nas provas, continuamos nutrindo paixão pelas plantas e fomos fazer outras coisas. Ela veio pra São Paulo me visitar, eu fui a Curitiba encontrá-la. Depois nunca mais nos vimos mas nunca nos esquecemos. Agora a internet nos reaproximou e já não me lembrava mais como tinha sido minha visita a Curitiba naquele tempo de dureza - certamente andando, andando, vendo casas de madeira com alçapão, piás chupando picolés,  plaquinhas no portão vende-se cuques, muitas plantas nas calçadas,  flores nas casas dos polacos e promessas de amizade adolescente. Desta vez, depois de nos encontrarmos na igreja de Nossa Sra. do Guadalupe, andamos até uma padaria pra tomarmos café com pão e broa e fomos caminhando até a feira do alto da Glória (acho que é este o nome), que queria conhecer. No caminho, cogumelos, caquis, bertalhas, dente-de-leão, ervas rasteiras e uma infinidade de lembranças desenterradas. Quando já estava em São Paulo, Magna me escreve pedindo mil desculpas por me ter feito andar muito. Logo pra mim que não sou ninguém se não andar a pé por uma cidade nova e mesmo nas velhas conhecidas onde, parafraseando Luiz Gonzaga,  sempre descobrimos um orvalho novo beijando uma nova flor (a propósito, a leitora Amara me lembrou o restante da música Estrada de Canindé: ".. vai oiando coisa a grané/ coisas qui, pra mode vê/ o cristão tem que andá a pé").  

A feira é quase igual à que temos aqui, a não ser por alguns itens, como beldroegas e carurus, as gilas, as uvas terci (bordô), o feijão cavalo fresco usado para fazer as saladas sempre presentes nas churrascarias, o saquinho de torresmo, o artesanato Guarani, as bancas de embutidos e, para casa, escovão e até washboard para uso original - esfregar roupas nos tanques e bacias. Outra diferença é que usam a palavra "caseira" para alertar que o item foi produzido ou cultivado pelo próprio vendedor.   Gostei de ver este orgulho estampado nas plaquetas, como acontece na Europa que se vangloria com razão dos produtos locais e quando muitos ainda acham mais importante dizer que o produto é importado, seja da Finlândia ou da China.  

Bem, adorei reencontrar minha amiga, conhecer uma feira de Curitiba e chegar à casa de meus pais e usar a uva terci para fazer cuca ou cuque, como também a chamam por lá. Só não fiquei feliz de esquecer o feijão cavalo na geladeira da minha mãe - que fez a salada com muito alho, me contou. Aqui algumas fotos: 


Vassouras de palha


Tábuas de lavar roupa e escovão

Artesanato guarani


Feijão cavalo, vendido fresco, para salada 

Beldroega
Bredo ou caruru
Torresmo
Tomates caseiros
Tábuas de lavar roupa, escovão, vassoura de palha
Pimentas, alhos e temperos

Uva terci caseira, boa pra cuca

Cuca curitibana
Esta uva é inesquecível
 Comprei um quilo de uva bordô, fiz duas cucas na cozinha de minha mãe e dei de presente para os mais próximos. As cucas ficam ainda mais gostosas que aquelas feitas com uva niágara, pois são mais tintas, mais ácidas e igualmente doces.  A receita da cuca está aqui.

Curitiba de outrora. Eu e Magna, também!