Aqui também, a versão completa do texto:
Toda minha colheita de guandu fresco deste ano congelada (graças à ajuda do Carlos e da Silvana, os caseiros do sítio) |
FEIJÃO GUANDU
Feijão de comer nem sempre é a semente daquela planta anual, frágil,
quase rasteira, às vezes trepadeira, como nos parece o feijoeiro comum. A
planta do guandu ou andu (Cajan cajan)
é rústica, arbustiva e perene. De origem
indiana, chegou ao Brasil com os mercadores de escravos e hoje é considerado um
verdadeiro aliado na agricultura, pois além
de fixar nitrogênio na terra como qualquer outra leguminosa, funciona também como um arado vegetal, pois
suas raízes conseguem penetrar a terra dura em busca de água, tornando o solo
mais permeável. Sem falar que é rústico,
permanece verde mesmo na seca, suas folhas servem de adubo para solos pobres e
as flores são lindas, perfumadas e melíferas.
Na
panela, no entanto, a semente ainda é pouco utilizada. Ele não é como estes
feijões de gosto suave. Quando seco, tem um sabor herbáceo pronunciado que
combina com temperos fortes como bacon, cominhos, pimentas e ervas. Fica mais
gostoso quando a primeira água de fervura é desprezada, atenuando um leve amargor.
Enquanto no Brasil
este feijão ainda é visto com certo preconceito como alimento – não sei porque
já que é gostoso e nutritivo, na Índia são feitos deliciosos dalhs e outros
pratos vegetarianos com os grãos pelados conhecidos como split pigeon pea. Em Porto Rico temos o popular Arroz con Gandules,
em que o feijão se junta ao arroz cozido com cebolas, alhos, louro, tomates e
carne de porco – minha inspiração para o arroz com lingüiça. E aqui no estado
de São Paulo, na cidade de Piedade, onde o guandu preparado com carne de porco
já foi mais comum, há hoje um movimento de saudosos para trazê-lo à tona.
O
feijão seco, mais comum nos estados do Nordeste, a gente até que encontra por
aí, em mercados municipais ou casas do norte. Porém, o fresco é mais difícil, embora já
tenha visto à venda em feira livre da periferia. Agora,
bom mesmo é plantar seu próprio guandu. Se conseguir ter uma pequena árvore na
calçada, no quintal de sua casa ou mesmo num vaso, poderá ir colhendo as vagens
frescas ou secas, conforme o uso, durante anos. Para plantar é só enfiar o grão na terra e
regar. E não importa se o grão é marrom uniforme ou creme rajado e a vagem, lisa ou camuflada – são muitas variedades, já
que o sabor não muda muito no feijão seco e o imaturo será sempre verde e
delicado como ervilha fresca.
Uma dica que vale
para todos os feijões, especialmente quando não sabemos há quanto tempo foram
colhidos, é sempre deixar os grãos secos
de molho em água por umas 8 horas para hidratar. E, no caso do guandu, é bom aferventar
em água limpa, escorrer e cozinhar em outra água com temperos como um feijão
comum. O fresco pode ser pré-cozido em água salgada por 5 minutos antes de
qualquer uso.
ARROZ COM GUANDU E LINGUIÇA
300 g de linguiça de porco fresca, aberta e esmigalhada
2 colheres (sopa) de óleo
1 cebola pequena picada
1 tomate picado
1 xícara de feijão andu verde pré-cozido
1 1/2 xícara de arroz (300 g)
1 colher (chá) de páprica defumada (se não tiver, use ao menos colorau
para dar cor)
1 colher (chá) de sal
1 colher (sopa) de folhas de orégano fresco
2 colheres (sopa) de salsinha picada
3 xícaras de água fervente
Coloque a linguiça numa panela junto com o azeite. Deixe
dourar. Acrescente a cebola, o tomate, o feijão andu e
misture. Junte o arroz, a páprica, o sal, o orégano e metade
da salsinha. Refogue, mexendo, por 1 minuto. Acrescente a água, tampe a panela
e deixe cozinhar em fogo bem baixo por cerca de 20 minutos. Espalhe por cima a
salsinha restante e sirva como prato único
Rende: 4 porções
4 comentários:
Oi Neide, adorei saber mais sobre este feijão! Este ano comprei vários pacotinhos deles frescos na feira orgânica que frequento, aqui no Rio, e gostei muito do sabor. Nunca tinha ouvido falar antes. Tenho usado no lugar das ervilhas nas mais diversas preparações!
Bjs e obrigada,
Roberta (a do leite em pó, lembra? Rss)
Fiz este ano pela 1ª vez feijão guandu verde e adorei. Cozinhei-o rapidamente e temperei-o com um refogado de cebolas, alho, tomates, cheiro verde, louro,etc. Na hora de servir manjericão e um fio de azeite.
Vejo sempre na feira guandu cujo o grão (redondo e meio achatado) é diferente do feijão guandu (ovalado). São dois produtos diferentes?
Neide, eu tenho um guandu anão da embrapa as sementes são escuras e rochas ele também e comestivel? aguardo
Olá Neide, meu nome é Jorge ,tenho em casa o amarelo é uma pequena árvore com mais de 2 metros, de galhos frágeis e recentemente plantei o rajado o branco e outra espécie quase marrom , são lindos!
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