Voltei cheia de coisas pra ler. Milagrosamente, não trouxe um só alimento na mala.
Em Brasília, fiz uma apresentação no V Congresso de incentivo ao consumo de frutas e hortaliças para promoção da saúde. Nada demais, apenas falei timidamente um pouco sobre as iniciativas discretas e não-explícitas do blog nesta direção. O Convite veio do Dejoel Lima, da Embrapa, por recomendação da Maria Imaculada, mulher dele e leitora do Come-se. Tive o prazer de conhecer os dois, que conseguiram me deixar mais à vontade, embora falar em público ainda seja um trauma. E, por isto, decidi que neste ano não falo mais. Preciso ficar um pouco em casa, reestabelecer as rotinas. Espero conseguir.
Em compensação, pude participar de todo o congresso, desde segunda-feira - em alguns momentos tive que optar entre a sala principal e as mesas paralelas, que às vezes eram mais interessantes e propiciaram debates mais acalorados. Saí do congresso muito bem impressionada com as experiências apresentadas por colegas nutricionistas e profissionais de várias áreas. E também com as iniciativas públicas, que sem dúvida representam um avanço na questão do incentivo do consumo de frutas e hortaliças, além de promover um modelo mais sustentável para a produção destes alimentos, para que sejam bons, limpos e justos. Estavam lá, uma hora reunidos na mesma mesa, vários representantes do Governo Federal brasileiro, como o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Crispim Moreira, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Sávio Mendonça, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Patrícia Chaves Gentil, do Ministério da Saúde; Luiz Carlos Balcewicz, do Ministério do Meio Ambiente; Arnoldo Anacleto de Campos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Eliene Ferreira de Sousa do Ministério da Educação. Sobre o que cada um falou, melhor ver aqui. Para mim foi um alento conhecer melhor alguns projetos ministeriais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa de Orgânicos ou o Selo de Identificação da participação da agricultura familiar e ainda saber que agora crianças de escolas da rede pública poderão de fato se alimentar melhor, pelo menos enquanto estiverem na escola, com uma parte da alimentação composta por produtos da agricultura familiar (fato já amplamente notificado na imprensa e sobre o qual falo mais logo adiante). Além dos representantes do governo, Embrapa, Anvisa e outras organizações, estavam lá instituições privadas com suas experiências e sugestões de como fazer para aumentar o consumo de frutas e hortaliças que, no Brasil, todo mundo sabe, está muito abaixo do que seria o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (400 g por dia). É claro que se acaba discordando aqui e ali, ouvindo relatos que assombram, vendo pessoas que decepcionam, mas foi importante ver diferentes posições, como por exemplo sobre marketing de alimentos; saber que por trás da campanha milionária para se comer maçãs, alegando saudabilidade (estas produzidas extensivamente pelo agronegócio, que são colhidas em maio e abril e mantidas refrigeradas durante o ano todo), está a intenção de desovar o excesso de frutas; que quase metade do que é comercializado no Brasil é comandada por apenas três redes de supermercados; que ainda há algumas pessoas que condenam os alimentos orgânicos; lembrar que muita gente morre contaminada por agrotóxicos; que no Brasil ainda há muita fome e desnutrição; que tem gente que não tá nem aí, mas que também há muita gente que está - atuante, participativa, bem intencionada, competente. Ufa.
Esta é uma batata-doce de cor laranja resgatada pela Emprapa (na feira orgânica de Porto Alegre, havia umas assim, assadas), cheia de betacaroteno e que faz uma farinha gostosa, boa para fazer docinhos, bolos, mingaus, enriquecer pães etc. Como faz parte do hábito alimentar brasileiro, pode ser útil na merenda escolar, para combater a hipovitaminose A. E ainda pode substituir parte do trigo em várias preparações, diminuindo a dependência de importância do cereal. A agricultores que quiserem plantar, basta entrar em contato com a Embrapa-Hortaliças.
13 comentários:
Neide
Foi ótimo te encontrar por aqui (BSB) e sua palestra foi excelente. Estando na platéia pude perceber melhor os "ohs" e "humms" do povo, e algumas nutricionistas espantadas por não conhecerem a metade dos alimentos que vc mostrou. Um pessoal atras de mim até comentou "Hum...tá dando fome!"
Vi (e comi) umas batatas-doce dessas, bem laranjas - principalmente depois de cozidas - num assentamento rural no oeste do Estado de São Paulo, no município de Castilho. Lembro que tinha uma outra que era branca mesmo só que com pintinhas laranjas, não sei se por causa de um cruzamento natural. Delícias!
Olá Neide! Foi ótimo me "esbarrar" em você no Congresso! Apesar da rápida conversa...
Abraços,
Maíra Dias Bittencourt
(sou aquela que se apresentou durante o coquetel! Trabalhei no Cozinha Brasil de MG e hoje estou no MDS!)
Roberta! Como é bom ter amigas como você rss. Foi bom ter te encontrado, conhecido o Guilherme, a Ilka. Não fosse aquele café com vocês, não teria saído do Hotel. Obrigada!
Fernando, pois é, temos tantas variedades de batata-doce. Esta com pintinhas deve ser bonita, não?
Maíra, agora não precisa mais se apresentar. Depois me lembrei melhor de você, de ter me perguntado se dava palestras (eu disse que não rss), visitei de novo seu blog e, enfim, gostei muito de te encontrar.
Um abraço,
N
Neide,
Nós é que temos que te agradecer,pois vc não conhecia o Dejoel e resolveu deixar o seu "trauma" e contribui de forma brilhante com a mesa.
A sua palestra foi ótima, todos que estavam na platéia ficaram admirados com a sua fala.
E eu fiquei orgulhosa de poder te conhecer pessoalmente.
Queríamos muito te convidar para vir a nossa casa, mas não deu. Mas já fica o convite, quando vier aqui novamente, te esperamos para um café, chá, ou qualquer outra coisa.
Um abraço e mais uma vez muito obrigada.
Imaculada,
obrigada pelo carinho. O prazer foi meu em poder participar. Desta vez não foi o momento de passear. E eu estava mesmo precisando descansar um pouco, então foi providencial poder ficar no hotel. Estava com preguiça até de sair para o café. Em outra oportunidade, com mais tempo, aceito sim seu convite. Depois continuamos a conversa sobre a oficina de especiarias.
Um beijo, N
Neide, querida!
Estou de "molho" estes dias porque rompi o menisco e fico aqui na net "pastorando" a hora de vc postar! hahahaha
Desde de agosto estou ministrando um curso sobre Agroecologia num assentamento em Ceará-mirim (Município bem próximo a Natal)e a nossa produção será de BATATA DOCE! Qual não foi minha surpresa em encontrar essa batata alaranjada por lá (e agora aqui) e mais 6 variedades. Estou empolgadíssima com o nosso "BANCO DE BATATAS" e logo que puder retornar as atividades, enviarei fotos pra você.
P.S.: fiquei roendo porque não estava nesse cafezinho com a Roberta e o Guilherme...
bjs
Nao sou nem um pouco dada a batata doce, qq que seja.
Entao, nao por mim, fiquei entusiasmada pela possibilidade desta aqui enriquecer o cardapio das familias e escolas.
Nem comento as coisas negativas que envolvem os alimentos e, pior ainda, a propria agua que se consome por este mundo afora.
Pq tudo isto desilude até o maior do bem intencionado...
Bjs!
Neide, seu blog é o melhor que vejo na internet todos os dias, seus comentários, suas fotos e as tentações que voce prepara com cada ingrediente inusitado, sempre com um resultado belíssimo!! todo dia me deparo com uma surpresa e um aprendizado! Meus parabéns!! Você é nota 1000000!!!!!!
Ei Neide,
Tudo bem? Aquela cartilha do Ziraldo sobre orgânicos existem em versão eletrônica para download, se quiser divulgá-la para alguém, o link é:
http://organicos-e-sustentaveis.blogspot.com/2009/08/cartilha-sobre-produtos-organicos.html
Abraços,
Marcelo
Oi, Marcelo,
A cartilha já está linkada aqui no come-se num dos itens aí na lateral: Livros, cartilhas e revistas on line. De qualquer forma, obrigada pelo reforço.
Um abraço,
N
Olha gente...essa farinha é sensacional mesmo!Durante o Terra Madre Brasil em 2007 ganhei 2 pacotinhos e fui testar.O pão de batata doce foi o campeão...nossa que saudade dele.é que a farinha era pouca e só 6 pãezinhos foram criados.Comi todos sozinha apenas com manteiga salgada.Eu sei dividir mas fiz a noite e a gula me atacou..
Olá, Neide. Não conhecia o seu blog. Estava fazendo uma pesquisa sobre alimentação com frutas e fui apresentada a este conteúdo incrível. Obrigada. No seu texto fala que conheceu esforços ministeriais sobre orgânicos, distribuição de alimentos, etc. A maioria de nós nunca ouviu sobre nada disso. Infelizmente, só a banda podre parece estar trabalhando há muito tempo. Mas gostei do teu blog e vou ver mais coisas por aqui. Quero te convidar pra ver nosso site onde falamos sobre frutas diversas e seu papel na alimentação das pessoas. Até mais.
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