Há encomendas que a gente não pede a qualquer um. Só aos muito amigos, daqueles que têm a liberdade para te dar como resposta, sem ofender, algo como "se toca, Neidoca!" ou "tá louca?". Do contrário, se a negativa não puder ser expressa sem constrangimento, é porque o pedido nunca poderá ser feito. Por isto, quando Mônica e Carlos cairam na besteira de me perguntar se queria encomendar alguma coisa dos Estados Unidos, me lembrei imediatamente de uma coisinha que eles pudessem trazer até no bolso, quem sabe.
Lembra que falei da minha batedeira e a vontade de ter uma batedeira kitchen Aid/ kitcheneide? Pois é, já que perguntaram e eu sei que podem dizer não, fiz a encomenda. Se encontrem um exemplar entre 300 e 400 dólares (ante os quase 3 mil reais por aqui), podem trazer. E logo depois, quando não disseram mais nada e falamos por email de outras coisas, achei que a resposta do Carlos ao chegar aqui seria: pô, neidoca, você queria que eu trouxesse aquele trambolho pesado? Mas, na semana passada Mônica passou aqui e... surpresa! mal conseguia enxergá-la atrás da grande caixa de 300 dólares. Não que fosse um objeto de desejo (posso viver sem ela, é lógico), mas fiquei feliz. E muito mais feliz fiquei com o gesto, afinal só mesmo amigos como irmãos para encarar este encargo. Sorte que a Júlia, filha do Carlos, que está fazendo faculdade lá, tinha uma mala sobrando e que serviu para acomodar a batedeira praticamente sozinha. O único problema é que a rodinha estava quebrada, razão pela qual o Carlos se lembrou das conterrâneas lavadeiras e carregadeiras de água que apoiam todo peso na cabeça, para olhares estupefados dos gringos. Quando a Mônica chegou, estava fazendo coxinhas, mas parei tudo e inventei de fazer um bolo na frente dela para estrear o brinquedo. Fiz a primeira receita que me veio à mente. Para entrar no clima, aproveitei para usar dois ingredientes americanos trazidos de NY pelo amigo Pedro Henrique, dried cherries and cranberries, e fiz estes bolos que ficaram com textura de bolo pullman. Ah, a batedeira é poderosa. Aos poucos vou encomendando para outros amigos irmãos os acessórios que se encaixam na máquina.
Bolo com frutas secas
180 g de manteiga sem sal gelada e ralada
2 xícaras de açúcar
4 ovos
3 xícaras de farinha de trigo peneirada com 1 colher (sopa) de fermento químico
1 xícara de leite
Raspinhas de um limão
1 e meia xícara de frutas secas misturadas (usei cranberries, cerejas e passas brancas), passas em farinha de trigo e peneiradas Na batedeira, bata a manteiga até ficar cremosa. Acrescente o açúcar aos poucos até formar um creme esbranquiçado e aerado. Com a batedeira ligada, junte os ovos, um de cada vez, para formar uma emulsão bem leve e volumosa (se, neste processo, a mistura talhar, adiante um pouco da farinha). Ainda com a batedeira ligada, vá colocando alternadamente a farinha e o leite. Por fim, com a batedeira desligada, acrescente a raspa de limão e as frutas. Misture com uma espátula com delicadeza. Coloque em forma untada e polvilhada (usei duas de pão de forma) e leve para assar no forno pré-aquecido a 200 °C, por cerca de 1 hora ou até ficar dourado e, ao se introduzir um palito no centro do bolo, ele saia limpo.
Deu batedeira na cabeça. Mônica e Carlos, congelando na neve, em lanche merecido depois da comprinha, em Newark. Quem tem amigos assim pode se considerar muito feliz.
Pra rir um pouco: fotos com 20 anos de diferença
O Carlos, de quem Marcos e eu somos amigos desde o cursinho, viu a Ananda crescer. Era louro, sempre meio louco, pé-de-boi e alegre; hoje é conceituado pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas e ainda meio louco, animadão, pé-de-boi, embora nunca mais louro. É casado agora, e já não é de hoje, com minha super amiga Mônica Manir, jornalista do Aliás/ Estadão, que eu conheço há anos, desde que fazia trabalhos para a revista Claudia Cozinha. Convidei os dois separadamente pra irmos a Gonçalves-MG sob a promessa de que iria junto uma pessoa interessante - quem sabe, os dois recém-separados... E não é que deu certo? Os dois se conheceram no nosso carro, gostam de dançar, ler, andar de bike, tirar fotos e tomar sorvete de menta (que eu odeio). Ambos se chamam de dear e o Carlos sempre me chamou de Neidoca.
"Olá, Neidoca, fico feliz por você ter gostado. A gente ficou em dúvida em relação aos modelos e voltagem. Mas como essa era 110 e era mais em conta (além de ser um pouco menor que as demais!!!), foi a escolhida. E não deu trabalho nenhum. Afinal, pé-de-boi não liga para essas coisas, não é mesmo? Além do que, a batedeira vai ter uma história do seu nascimento para contar para as gerações seguintes, pois eu espero que a sua querida filha nos dê mais essa alegria...Quanto às fotos, te mando apenas algumas para não dar pau na rede. beijão, Carlos"
O outro da foto é o super amigo Claudio Luiz dos Santos, que também fez agronomia na Esalq-USP (na foto, estamos em frente à república onde ele morava) e hoje é advogado em João Pessoa. De vez em quando nos encontramos, como desta vez, na foto (há uns cinco anos) em que tentamos reproduzir a cena. Acho que todos mudamos para melhor, principalmente a Ananda (e repare na barba do dr. Marcos). Nota: o texto sobre amizade, do Antônio Prata, hoje, vem muito a calhar. Veja o excelente e divertido, embora um pouco triste e trágico, post "Déficit Público".
18 comentários:
Também sou doida por uma batedeira dessas mas nunca tive coragem de carregá-la! Parabéns por ter amigos incríveis!
Neide, com certeza não é imprescindível, mas se uma Kitchen Aid der pinta na minha cozinha ficarei muito feliz!!! Há tempos também venho pensando em fazer esse pedido a algum amigo muito chegado...estou esperando algum ir para fora...pena que na Europa também é caro!
São os amigos que deixam nossa caminhada mais leve!
Beijos e fiquei aqui babando no bolo!
Poxa vida, "andando" por aí pela internet e topando com tanta besteira, eis o que encontro. Adorei o seu blog, vou virar habituê.
abraço.
Neide to ficando doida, hoje vi uma balanca sua na foto da banha e anotei marca tudo, para comprarfazendo umas economias, pois minha balança e antiguissima,aquelas de ponteiro para pesar, é mais difícilaindarsrsr, aora esta batedeira, tenho minha afilhada lá e não havia pensado nisto,e vc mereçe ter amigos assim, é o efeito ação e reação. beijos.
Que bolo lindo! Parabéns pela batedeira, iêê!
estou em crise, quero um amigo assim...
divirta-se com meu sonho de consumo - sem desejo de cor rsrsrs
Neide, de fato estes seus amigos são muito amigos mesmo!
Sabe que tive a cara de pau de pedir esse favorzinho para o meu marido, com muito peso na consciência. Ele se compadeceu e resolveu atender o meu clamor.
E o coitado voltou não só com a batedeira, no auge de seus 13 kilos, mas também com duas marcas roxas, uma em cada perna, conquistadas com batidas da caixa na perna no percurso entre a loja e o hotel...
Que ele não me escute, mas até que os roxos valeram a pena. Essa maquineta é uma maravilha!
Beijo
Ainda vou trazer uma dessas.
E com um up-grade: vermelhona!!!
Legal mesmo e os acessórios são um espetáculo também.
Abs.
Neide do céu, essa batedeira é a ferrari das batedeiras. Mas no seu post a coisa mais deliciosa são as fotos. Também tenho amigos queridos de looonga data... Época maravilhosa da faculdade, lá em Campinas!
Deu saudade deles ao ver as suas fotos.
bjs
Neide querida, que batedeira linda de morrer!!! é um dos meus sonhos de consumo. Só teve inveja de duas coisas na minha vida: o marido da minha irmã (meu cunhado Tino que é um doce) e o fogão de vitrocerãmica dela... e agora vou ter que incluir a sua batedeira nessa listinha. Aproveite muito!! Um beijão. Chus.
A batedeira é ótima, mas perde para a amizade e a foto...rs! Adorei tudo isso.
Bjs.
Andrea, eu também acho que não teria.
Verena, desejo boa sorte!
Maria Gabriela, obrigada!
Anônimo (quem é você mesmo?), esta é uma balancinha bem simples e barata, mas dá bem pro gasto. Já tive várias. Não vivo sem. Esta comprei pela Submarino, mas lá mesmo há vários modelos lindos. Esta é meio feinha.
Nana, obrigada!
Márcia, as coloridas, verdes, azuis, vermelhas, são lindas. Mas, segundo Mônica e Carlos, eram mais pesadas e mais caras. Como me conhecem, fizeram a escolha exatamente como eu mesma faria. Adorei a branquinha.
Janaína, eu não acreditei no tamanho da caixa quando a Mônica chegou aqui. Ela mal conseguia andar. Posso imaginar seu marido caminhando com ela... O bom é que ele também se beneficia, né não?
Edu, você que vive pra lá e pra cá mundo afora não tem desculpa, hem? E já sei que não só vai trazer a mais linda e colorida, como também todos os acessórios. Acertei?
Juliana, época boa esta de faculdade, não?
Chus, também estou morrendo de inveja do fogão de vitrocerâmica da sua irmã rss.
Gina, também gosto muito.
Um abraço,
N
Neide, se eu soubesse que voce estava planejando comprar uma, teria te dado a dica das refurbished, que custam metade desse preço e são tao boas quanto. Mas realmente, precisa ser MUITO amigo pra trazer uma encomenda desse calibre. o treco pesa! Da proxima viagem deles, pede umas Le Creusets. :-) um beijo,
Fer, agora já foi. Mas também acho que teria muito mais trabalho para escolher por mim uma refurbished. Mas, tudo bem, da próxima vez peço a eles um conjunto de Le creusets... Beijo, n
Neide, acabei de voltar de viagem e pra minha sorte encontrei esta mesma batedeira por $199,00. Comprei na hora! Pra ajudar uma das meninas voltou de executiva e despachou a batedeira pra mim... é um trambolhão pra carregar! Ainda não coloquei a minha pra funcionar! Não vejo a hora!
Delícia de compra!
bjo, Glaucia
Feliz dos que entram para a Confraria K&A!
Tenho a minha desde 2005... Comprada aqui, diretamente do site da Brastemp quando começaram a importar.
Parabéns! Bons trabalhos.
Lembrei que minha batedeira também tem história.
Foi comprada em Lethen na Guiana Inglesa em 1994, e a marca é PANATRONIC (imagine se não é pra lembrar da outra famosa?).
À época morava em Roraima e fomos apenas com roupas e documentos, sem lenços.
Ela não tem qualquer recurso, mas pra mim ainda basta e significa tanto que acho que nunca vou conseguir aposentá-la. Bem, a menos que apareça algum amigo como o de vocês. Belo texto Neide, ah..mizades !!
Oi, Neide. Estou super afim de encomendar uma kitchen aid para uma amiga que mora nos EUA, mas tenho 2 dúvidas: uma, aqui na minha cidade é 220 volts e não 110, será que existe 220 volts lá nos states? Outra, e a assistência técnica no Brasil, como é? Enfim, gostaria de saber se vale a pena mesmo o sacrifício, porque esta batedeira é um sonho...Ah, já tenho uma planetária arno e uso muito, mas tá na hora de ousar nos meus bolinhos...
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