sexta-feira, 5 de março de 2010

Pimenta cambuci


Como disse, sobrou um pouco de recheio daqueles pimentõezinhos orgânicos e então, no mesmo domingo, aproveitei para rechear dois outros legumes que tinha na geladeira, algumas pimentas cambuci e maxixe-do-reino. É claro, o recheio era pouco e precisei fazer alguma mágica de multiplicação para torná-lo mais farto sem perder a gostosura. Veja lá embaixo.
As pimentas maduras, vermelhas, ficam muito melhor, mais adocicadas, mas estas da foto só foram compradas no Mercado da Lapa ontem e talvez sejam recheadas com carne de porco hoje no almoço. É a intenção. As que tinha aqui no domingo, porém, eram das miudinhas.
Do maxixe-do-reino, falo depois. E espero poder falar ainda hoje para não acumular, antes de viajar pro Rio, onde certamente arranjarei outros assuntos.


Aqui, foram apenas cozidas lentamente no azeite temperado com alho e especiarias. Para botar no meio do pão e nhac!
Sobre a pimenta cambuci
Como é de se supor, a pimenta cambuci (Capsicum baccatum Var. pendulum) é membro da família das Solanáceas, do gênero Capsicum, tal qual todas as outras pimentas (menos as especiarias como pimenta-do-reino, de macaco, da jamaica e similares). Da mesma família, embora gêneros diferentes, pertencem ainda o tomate, a berinjela e até a batata.
Ela tem o formato gracioso de uma cabacinha e o sabor agradável que combina o aroma das pimentas ardidas com a doçura de um pimentão. Também pode ser conhecida como "chapeu de bispo", mas parece que o nome cambuci é mais popular. É que, quando verde, a pimenta lembra o formato da fruta cambuci. Em tupi guarani, a palavra cambuci ou cambuhi significa jarro. O nome é então uma alusão a esse formato globular e cônico, tanto da fruta como da pimenta, similar a uma miniatura das talhas usadas pelos índios como recipiente para água ou como urna funerária.

Assim como os pimentões, ela é do tipo doce, não causando ardência (às vezes pode acontecer) e pode ser encontrada facilmente nos meses de calor, já que costuma ser plantada entre primavera e verão e colhida depois de 110 dias em média. A planta é um pequeno arbusto vigoroso e produtivo que pode chegar a até 1 metro, com frutos de coloração verde quando imaturos e vermelhos quando amadurecem. Quase sempre são colhidos verdes, pois assim têm uma vida útil maior no comércio. Mas às vezes podemos encontrar vermelhos, como estes da foto, que já estavam assim meio murchinhos quando comprei, mas, desde que estejam íntegros, o murchamento não é ruim, especialmente para fazê-las recheadas, pois a desidratação faz concentrar o sabor e ficam ainda mais adocicadas.

Desde quando eu era pequena, minha mãe gostava de fazê-la frita só com sal e pimenta e este era o jeito que mais gostava, perfumada e se desmanchando, para comer com arroz ainda molinho recém-cozido. Ela também colocava grandes pedaços no arroz durante o cozimento. Agora inventou de fazer bolinhos salgados com as poucas pimentas que dão no sítio - algumas até meio ardidas. De resto, elas podem ser usadas no lugar pimentão. Pode ser frita no azeite e servida como antepasto ou como acompanhamento de peixes. Verdes e vermelhas, cortadas em tirinhas, assadas e depois temperadas com azeite, pitada de sal e de açúcar, salsinha, vinagre e pimenta-do-reino, fazem deliciosa salada.
E, lógico, sem as sementes a pimenta transforma-se em excelente recipiente para os mais diversos recheios como de carnes suína ou bovina, bacalhau desfiado, linguiças esmigalhadas, ricota, tomate com queijo etc., podendo assim ser cozida no vapor ou assada no forno. Com ela também se pode fazer, combinando-a com outras pimentas ardidas, uma geleia de pimenta para servir com torradas, queijos ou carnes assadas.
Abaixo, as que assei com recheio improvisado:


Pimenta cambuci recheada
Nem precisa de receita. Basta usar o mesmo recheio dos pimentões, podendo variar a carne - use de porco ou linguiça esmigalhada, por exemplo. Mas, como eu tinha um pouco do recheio deles, para aumentar, coloquei-o na panela, levei ao fogo, juntei ali um tomate ralado - sem pele. Deixei cozinhar um pouco e acrescentei umas duas colheres de pão integral esmigalhado. Mexi, provei, temperei com mais tomilho fresco, sal, pimenta dedo-de-moça, cebolinha e azeite. Deste modo, o recheio ficou com apenas uma pitada de carne, mas ficou cremoso, com sabor forte de tomate bem temperado, muito bom. Quando achei que estava tudo bem temperado e cremoso, aí sim recheei as pimentas que haviam sido abertas pelo lado do pedúnculo e livres das sementes que foram desprezadas. Decorei com rodelas de pimenta e galhos de tomilho limão. Uma gota de azeite na superfície e forno médio. Uns trinta minutos e nhac!

13 comentários:

Juliana disse...

Oi Neide

Adoro pimenta cambuci. Aqui onde moro (noroeste do PR) tem muito, daquelas grandonas e de sabor maravilhoso. Encontro quase o ano todo no mercado e faço com muita frequência.
Adoro fazer refogadas em óleo de girassol. Não uso qualquer tempero, nem sal e deixo "pegar" um pouco na panela pra obter um sabor meio caramelado.
A sua idéia de rechear e os bolinhos da sua mãe já estão na minha "to do list".

beijos

Mariângela disse...

eu sou louca por esta pimenta e coincidentemente hoje vai ter no almoço. O gosto dela é bom demais.Beijo!

veronika paulics disse...

nao importa a hora, se antes ou depois do almoço: chego aqui e fico com vontade de comer.
nunca pensei em rechear com carne de porco, muito menos crua. experimentarei.
bj. v.

Patricia disse...

Olá Neide,
em casa sempre preferimos as pimentas cambuci do tipo ardidas, muito embora ñ termos conseguido produzi-las assim.
De qq modo, qdo estao picantes e ainda verdes, cozinhamos com shoyu. Apenas refogamos a cebola em óleo, acrescentamos a pimenta cambuci, fritamos ligeiramente e acrescentamos shoyu e um pouco de água para terminar o cozimento. É um modo oriental de se fazer.

Sds,
Lieko

Anônimo disse...

Oi, Neide.
Adoro pimenta cambuci tbém. Uma vez preparei recheadas com pasta de feijão (tipo os frijoles refritos mexicanos, só que + molinha) e queijo ementhal. Outro dia com aqueles choclos bolivianos, cubinhos de tomate e queijo meia-cura ralado.

Mas fiquei curiosíssima com o "cozidas lentamente no azeite". COmo faz isso?

bjs, Leticia

Neide Rigo disse...

Juliana, elas são boas mesmo de qualquer jeito.

Mari, temos gostos parecidos. Deve ter ficado boa, hem?

Zel, fica muito boa, sim. Se a linguiça estiver muito pedaçuda, convém triturar um pouco porque a pimenta é pequena.

Verônica, entra crua e sai cozida do forno!

Lieko, que boa dica! Obrigada!

Letícia, é só colocar um pouco de azeite numa frigideira, adicionatr as pimentas e, no fogo baixo, vai mexendo até que fiquem macias.Depois basta temperar com sal e especiarias do gosto.

Um abraço, N

Suzete Retti disse...

Oi, te descobri pesquisando sobre pimenta cambuci, e descobri que o meu prato já é feito também por vc, mais e na mesma situção de qdo fiz a 1ª vez, qdo meu marido ainda era vivo. Já estou te seguindo. aguardo tua visita.bjos.

Anônimo disse...

Ahhh eu amooo essa pimenta!!! Adoro fritas com batatinhas, frito as batatas e depois frito as pimentas, então jogo-as por cima. Com um arroz fresquinho... huummm...
Hoje mesmo fiz refogada com cebola e salsichas, para um hot dog diferente, ficou ótima.
Ótimo blog!
bjs

Juliana Kraus

Anônimo disse...

Tem q esperar ficar vermelha p colhê- la?

Natália disse...

Olá Neide! Amei essa pimenta, principalmente meu esposo que é fã de pimenta. Minha sogra tem no quintal dela e como aqui temos mania de usar pimenta de cheiro, colhi, pois minha sogra disse que era tal pimenta, mas quando coloquei em minhas carnes estranhei pois a pimenta de cheiro tem um gosto forte e passa por cima de qualquer tempero. Mas essa tinha um cheirinho de pimentão e um leve ardor, foi quando descobri essa página com seu nome e outras diversas formas de fazer.

Unknown disse...

Essa é a pimenta de cheiro que se come no Nordeste?

RADIO MOXUARA WB disse...

Bom dia! Publiquei um vídeo no meu canal do YouTube, gostaria que me ajudasse a conhecer melhor o nome, e origem da pimenta vilã do vídeo!

Unknown disse...

E uma delícia cozida no arroz ontem eu fiz