quarta-feira, 24 de março de 2010

O lixo do Terra Madre ou a Revolução dos Baldinhos


Instalação de autor desconhecido fotografada em Pirenópolis
O Terra Madre Brasil deste ano teve muitas ações inovadoras, como a de dar canequinhas de ágata no começo do evento (simples, sem logo - pra quê mais tinta?) para reduzir o consumo de copinhos-lixo. As pessoas que usaram copinhos o fizeram por ter esquecido a caneca e, talvez, um ou outro, por achar mais higiênico e elegante o contato do plástico ao perfume de dioxina com a boca. Mas o importante é que a grande maioria aderiu e apoiou a ideia de gerar menos lixo descartável.
Já em relação ao lixo orgânico, o Marquito (Marcos José de Abreu), do Convivium do Slow Food Engenho da Farinha e da Cepagro, sugeriu ao grupo de intelectuais da terra, durante a elaboração do programa, que todo os resíduos, como cascas, sementes de frutas, talos de verduras, restos de comida, além papeis sujos, gerados especialmente na cozinha, virasse composto.
Para concretizar a ideia, pediu apenas garfos de três ou quatro pontas, serragem e palha de grama, de trigo, ou de arroz. Fora isso, umas 20 bombonas de de 30 ou 50 litros. No final de cada dia, haveria uma oficina de compostagem e quem quisesse poderia botar a mão na massa. Levaria ainda três ou quatro pessoas que já fazem isto em suas comunidades.
Assim foi feito e tudo deu certo. Foram toneladas de lixo que viraram adubo graças à ajuda da Rose Helena Oliveira Rodrigues, Ana Carolina da Conceição e do Maicon Willian de Jesus, representantes da
Revolução dos Baldinhos, em Florianópolis. Lá no bairro Monte Cristo, dezenas de famílias participam do projeto, guardando seus resíduos em baldinhos, que são recolhidos em baldes maiores e tampados nos vários pontos fixos de coleta. Depois são todos somados para a transformação em compostos que alimentam a horta de uma escola e hortas domésticas na própria comunidade. E chega de ratos, rará!
Por causa de outras atividades em que eu estava envolvida, só consegui participar de uma parte da oficina, mas gravei um pouco a fala do Marquito e da performática e carismática Rose. Como tive que sair, não ouvi o restante da palestra nem o rap do Mc Maicon, mas encontrei os três dando sopa sob o sol e pedi uma canja do Bonde do Baldinho. Este é um exemplo a ser seguido. Aí vai o vídeo, com a canja no final.

2 comentários:

Ana Canuto disse...

Queria uma revolução dessas por aqui.
Já mandei o link para os colegas de trabalho que moram em Floripa.

Beijo.

Maria Rê disse...

Lindo!
Que estimulante ver iniciativas desse tipo. Fico muito feliz.