

Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003 20:18. Email de Neide para Luiz Horta ... Fui à palestra do Arnaldo na quarta com minha amiga Geni (aquela japonesa que estava aqui no dia do acarajé). Obviamente saímos de lá com muita fome e decidimos comer na Liberdade. Diferente de todos aqueles chiquérrimos sobre os quais o Arnaldo tinha acabado de falar, procurávamos os mais simplezinhos e a Geni conhecia alguns. Quando estávamos procurando lugar para estacionar o carro, avistamos uma porta angulada que se abria para uma esquina pouco movimentada, meio escura. Era um predinho de dois andares, sem cor, acinzentado, sombrio. Mas a porta balcão com as duas folhas abertas mostrava um ambiente amareladamente iluminado, que de fora se mostrava aconchegante, contrastando com a aspereza do imóvel, e além disso saía de lá um vapores bastante aromáticos. Não precisamos nem confabular muito. Olhamos uma pra outra e dissemos em uníssono: Vamos! Só lá dentro trocamos impressões. Foi entrar e achar que estávamos mesmo no Japão. Ela, por já ter estado lá. Eu, por ter visto em filmes. Era uma casa japonesa fantasiada de restaurante. Logo na entrada, uma mesa com o jantar das crianças da casa, com canequinhas coloridas, pequenas porções, pão francês. Sentado à mesa, um garoto de uns 12 anos com roupa branca de cozinheiro e chapeuzinho. A televisão junto à mesa estava ligada e, ao lado, uma estante com coisas da casa - mochilas de criança, livros, cadernos, caixas entulhadas, uma verdadeira casa japonesa. As crianças menores já estavam correndo pela casa-restaurante. O som era um zunzunzum de risada e conversa em japonês. Muitos japoneses homens acompanhados do colega do escritório, todos de terno. Um casal de japoneses jovens, a menina tinha cabelo pintado e pierce no nariz. De ocidentais, só um casal de mulheres moderninhas e nós. Os japoneses enchiam a cara e depois saíram bêbados de tropeçar. Bem, logo descobrimos que era um restaurante de comida japonesa caseira. Não vendia sushis. Por todo o pequeno restaurante algumas plaquetas de cartolina e palavras em japonês. O cardápio, bem encadernado, trazia nomes esquisitos de pratos desconhecidos e preços módicos. Acabamos pedindo algo mais familiar como um teshoko com anchova grelhada, mas junto veio uma porção de pudim de ovo com algas frescas, muito bom também e algo muito esquisito, mas que a Geni adorou - uma gosma com ovo cru e cará ralado com wasabi. O sabor é intrigante, mas a consistência meio liguenta demais para o meu gosto. De qualquer forma, adorei conhecer. Veio ainda missoshiro com bastante alga fresca e um goham delicioso. Mas não deixamos de sentir inveja dos pratos das mesas ao lado: berinjela com molho de shimeji; não-sei-o-quê com natô; macarrão gelado. Quero voltar. Logo as crianças apareceram correndo, de banho tomado sem dizer uma palavra em português. Uma das atendentes nos contou que o restaurante foi fundado há 14 anos (pensei que era mais recente, tal a precariedade) pela sogra dela e quem cozinha hoje é o marido que nasceu em Hokaido. Toda a família trabalha lá. O ambiente é bem cafona, com fórmicas imitando granito nas paredes, mas adorei tudo. Gastamos R$ 11 cada uma. Bem, voltei lá algumas vezes, inclusive para o prêmio Paladar e continuam me agradando o ambiente peculiar, o atendimento cordial e a comida impecável. É o equivalente japonês do Mocotó. Restaurante familiar, comida regional bem feita com preço excelente. Desta vez, gastamos 25,00 por pessoa, com refrigerantes e todas nós (incluindo Ananda que torce o nariz para sushis) muito satisfeitas. E deixamos comida na mesa. O endereço: Esquina da Galvão Bueno com São Joaquim (está na foto). Veja mais sobre o almoço do Kidoairaku no blog da Marisa.