terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Alho Negro. Ganhei!


Na quinta-feira passada marquei de me encontrar com um leitor do blog, o biólogo Luiz Paulo Stockler Portugal, no Mercado da Lapa, onde também é freguês. Ele é daqueles a quem se pergunta a todo momento porque ainda não tem um blog, de tanto que sabe e tão bem que escreve.

A descrição breve para o encontro ao desconhecido era de que ele estaria portando uma mochila vermelha e eu, uma sacola da mesma cor. Então, não foi difícil nos descobrirmos na multidão.

Logo nos primeiros minutos, ele abriu a mochila e de lá sairam as muambas como fermento do Japão, chilli indiano, tandoori masala, garam masala, malte em pó e a surpresa maior: duas cabeças de alho negro preparadas pela Marisa Ono, do blog Delícia.

Depois de tomarmos água de coco, comprarmos joelhos de porco e falarmos de tudo e dos peixes, ainda fomos comer no Caipira da Lapa, com fogão a lenha aquecido a ripas, assumindo juntos os riscos; depois passamos numa casa de Umbanda onde comprei cumaru e pimenta-da-costa (assunto para outro post). E também no Seu Emílio do sacolão, para tomar sorvete. Andamos a pé reconhecendo ervas e árvores; mostrei a ele a árvore de moringa (drumstick) e quando cheguei em casa para um café, o pão de licuri que levei à noite no encontro do Slow Food já ia pelas alturas.

Só dei a ele conserva de pimenta e umeboshi além da mudinha de galanga -quase nada diante de tantos presentes que ganhei, especialmente o alho e, logo depois, a apresentação da própria Marisa - quer presente maior? No sábado a turma que fez compras e almoçou no bairro da Liberdade era maior. Incluia Marisa (apareço linda lá no blog dela) e sua mãe, Dona Margareth, além dos amigos Michael e César

Marisa e eu quase não pudemos conversar, já que o bairro fervilhava com as compras natalinas. Mas trocamos emails e pelo menos já posso passar o contato para quem quiser comprar dela os famosos alhos.

Confesso que não me animei muito quando vi a o tal alho no Paladar. Inclusive a Marisa era citada, pois parece ser a única a fazer este alho por aqui (veja mais sobre isto no blog Delícia).

Quem já provou desta iguaria, duvido que discorde de mim. É uma coisa deliciosa, impossível de comer um só e, depois, lendo melhor o Paladar, confirmei aquilo que achei assim que mordi - além de delicioso, o alho preto é versátil.

Fui logo imaginando no macarrão, com azeite, num pesto suave, numa pastinha para colocar sobre a sopa quente, espalhado sobre uma fatia de pão, numa terrine e infinidade de pratos. Tudo o que com alho fica bom com alho negro fica muito melhor. Ele é preto como carvão, cremoso como um queijo fundido e gostoso como cogumelos concentrados e caramelados. É tão suave, que até receitas doces são feitas com ele. Segundo Marisa, "a cor surge da combinação de açúcares e aminoácidos, produzindo melanoidina". Na Coreia e no Japão é comido puro, como quem come 3 castanhas do Pará por dia - por causa dos poderosos antioxidantes. Aliás, eta remedinho bom de engolir!

É daqueles produtos versáteis para se ter na geladeira, pronto para servir em qualquer ocasião especial ou não. Se o alho in natura frito, triturado ou assado, briga um pouco com o hálito e com os vinhos, este não. Parece pedir um beijo e um tinto jovem ou espumante (Luiz Horta poderá dizer).

E o bom é que não leva no preparo nenhum outro ingrediente além do próprio alho e muita técnica. Marisa Ono diz que começou a fazer a experiência depois de uma provocação no Orkut: "Um membro de uma comunidade tinha feito um estágio no El Buli e voltou encantado com o alho. Como sabia que eu tinha morado no Japão, perguntou sobre o alho negro que eles importavam de Aomori. Lembro até que, na época, diante da falta de informação, achei que o alho fosse uma espécie diferente. Mas continuei pesquisando e acabei chegando a isso que você conhece." Antes disso, Marisa consumiu tempo com a construção de estufas (três, de tamanhos variados) e meses de testes para se chegar à umidade e à temperatura limite.
Marisa conseguiu 17 quilos no seu primeiro lote de acerto (claro, antes disso, até chegar no ponto certo, perdem-se algumas cabeças) e já vendeu para alguns chefes, mas disse que ainda tem alguma coisa para os leitores de Come-se, nos preços abaixo.
Serviço, nas palavras da Marisa: "Sim, eu posso enviar via Sedex. Acho melhor ter como encomenda mínima de 100 gramas, são só 3 cabeças de alho. O Sedex até São Paulo, para encomendas até 300 gramas é de R$ 11,90. Para até 1 kg, R$ 12,80. Acho melhor o contato via e-mail, porque eu passo parte do dia no sítio, mas fora de casa.". Contato da Marisa: marisaono@gmail.com. O quilo sai a R$ 100,00.



Assim, no azeite, com flor de sal e folhinhas de orégano e/ou manjericão, fica divino como tira-gosto.

Isto é bom! as berinjelinhas japonesas também vieram da horta da família Ono, em Ibiúna
Espaguete com alho negro e berinjelas: coloquei numa frigideira umas 2 colheres (sopa) de azeite e aqueci nele 50 g de alho negro picado (duas cabeças menos uns três dentes que devorei por gula antes de picar). Juntei umas 2 colheres (sopa) de manjericão e orégano frescos picados e joguei aí 140 g de espaguete cozido al dente. Servi com berinjelinhas japonesas douradas no azeite: piquei de comprido - da casca para o centro - 2 berinjelas japonesas, polvilhei meia colher (sopa) de sal e deixei sobre um pano por 15 minutos. Torci o pano com as fatias para que ficassem bem sequinhas e dourei-as numa frigideira antiaderente com um pouco de azeite. Rende: 2 porções

17 comentários:

Anônimo disse...

A Marisa fez um trabalho excepcional para desenvolver essa versão nacional do alho negro e fico feliz em ver um blog sério e reconhecido com o seu divulgando e dismistificando seu uso. Parabéns.

Carlos Bertolazzi

Marisa Tiemi Ono disse...

Puxa, Neide, fico até encabulada...
E tudo começou com o Carlos Bertolazzi, do Zena Caffè.
Venha quando puder aqui em Ibiuna. Dona Margareth está separando umas sementes...
Beijos!

Aqui na Cozinha disse...

Menina, que diferente este alho negro, fiquei curiosíssima.
Beijos
Patty Martins

João Mario disse...

Não conhecia, me parece algo espetacular, realmente uma especiaria. Gostaria, sem dúvida de adquirir. Vou fazer o possível.

Um abraço

João Mario
http://picadinhodebacana.blogspot.com

Passa lá!

Tamy disse...

nossa, q fantástico... adorei esse encontro e os presentinhos!!!

Queria que Brasília tivesse mais opções de compras assim...

beijos

Anônimo disse...

Boa tarde Neide,achei seu blog uns dias procurando um panetone , e por sinal adorei o comentario, faça seu panetone, e pelos outros blog de slow food,comprei o Alho Negro da Marisa, e estou indo para BH vou fazer uma experiência com linguiça e no capelete, depois digo se ficou bom, queria te perguntar uma coisa sabe onde posso encontrar o fuba, caipira aqui em São Paulo, pois nem na feira da agua branca eu encotrei, at'a proxima bjs. Diulza(diulza2008@hotmail.com)

Eduardo Luz disse...

Neide, já pedi informações pois ou estou enganado, ou no post só tem o preço do Sedex!
De qualquer maneira, muito curioso e informativo como sempre!
Abs

Unknown disse...

Olá

Eu já estou para encomendar uns alhos da Marisa... Mas, menina, me conta, você tem muda de galangal? Nossa, estou doido atrás disso e de muda de folha de curry (adoro comida indiana e tailandesa de verdade)... O problema é que moro em Brasília... Será que rola um sedex por aí? Meu email é augusto PONTO ornellas ARROBA gmail PONTO com

Laura Backes disse...

Já fiz uma declaração de amor pro blog? Ao longo desse ano, em que de vez em quando pinto por aqui, me reconheço e me surpreendo. Como compro muito na feirinha ecológica, regida pelas estações, muitas vezes me sintonizo e leio aqui sobre o que acabei de comprar ou ver. E aí me reconheço.
Ou então me surpreendo com coisas desconhecidas com as quais viajo, como esse alho!
gracias por nos fazer viajar nos sabores!
(e desculpa pela eterna prolixidade...)

Anônimo disse...

Oi, Neide se você quiser uma muda de da planta não sei se é carril ou Curry, tenho uma arvora dela plantada na minha tia que é casada com um Indiano,por sinal pega muito facil não requer muito cuidado,fica uma árvore bem grande, mais sem uma raiz muito robusta. (Diulza)diulza2008@hotmail.com)bjs.até

Neide Rigo disse...

Carlos, parabéns por incentivar esta arte!

Marisa, obrigadíssima pelo carinho e pelos alhos deliciosos. Vou, sim, qualquer dia a Ibiúna. Estou ansiosa por isto.

Patty, não vai se arrepender quando tiver oportunidade de prová-los.

João Mário, tomara que a Marisa ainda tenha.

Tamy, console-se por ter por perto alimentos do cerrado que não temos cá.

Diulza, depois me conte. Quanto ao fubá, eu sempre compro em Minas. Por aqui também não sei o que é e o que não é capira, mas no mercado da Lapa encontro também uns bons fubás ou canjiquinha bem fininha que uso como tal.

Edu, realmente tinha esquecido de dizer. Já arrumei lá. São R$ 100,00o quilo.

Oi, Augusto! Tem uma empresa em Limeira que pode lhe mandar por Sedex e tem as plantas que quer (pra mim, é difícil ir ao correio). É a Ciprest - tem nos links aí do lado. Espero que consiga!

Laura! Estou sempre à espera de sua presença por aqui! E seus comentários me envaidecem. Obrigada!

Diulza! obrigadíssima, mas felizmente eu também tenho uma linda árvore de folhas de curry no sítio. E tenho também num vaso aqui em casa. Plantei ainda numa árvore aqui perto e, quando estiver maiorzinha, divulgo a localidade. Mas, obrigadíssima pela disposição.

Um abraço,
n

LUIZ PAULO AMORIM disse...

Sim alho negro é maravilhoso e combina com pratos salgados e doces, sem contar dos beneficios a saúde ,por seu poder 10 vezes mais ant- oxidante.
tenho a técnica de produzir e posso enviar amostras gratis para experiencias culinarias.
meu fone 11 9796-6603 ou e-mail,
amorimmm@estadao.com.br
Luiz Paulo Amorim

Carloz disse...

parabéns, seu blog é uma descoberta maravilhosa. seu encontro, o mercado da lapa me devolveu a memória um passeio maravilhoso pelo borough market, onde entre tantas outras coisas, vi pela primeira vez uma romanesca.

Fernando disse...

Jaja o Alho Negro vira tomate seco e fica mais acessivel, já tem até apostila de como produzir:
http://campinas.olx.com.br/como-fazer-alho-negro-apostila-iid-232732108

Vamos torcer

moderno disse...

Olá, comprei o alho negro aqui em Curitiba. Como faço para deixá-lo macio? Ele tá meio durinho... Ele deve ser conservado na geladeira?

Marcelo disse...

Com relação ao alto custo do produto, no ano passado patenteamos um processo para fermentação do alho através do reaproveitamento da energia do frio alimentar de um supermercado ou quitanda. Com isto esperamos diminuir os custos de produção também eliminando o atravessador uma vez que o alho negro podera ser fabricado no proprio supermercado. Acredito que logo que este produto deslanche no mercado teremos a solução para baratear o custo de produção e consequentemente o custo do produto final.

Quem estiver interessado em licenciar a patente, entrar em contato no e-mail marceloweidner@globo.com

Obrigado

eliminar cupins na zona norte disse...

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