O meu maior algoz sou eu mesma. Sempre. Prometo coisas e me torturo quando não consigo cumprir. Era para postar a maria-mole da Mari Hirata na sexta, mas o dia foi corrido e depois as coisas vão acontecendo meio atabalhoadamente. Atendi no consultório de manhã e à tarde, tinha um almoço de inauguração do restaurante Ladrillo, em Moema. Cheguei a ir para a rua, mas tinha muito trânsito, não deu tempo e voltei. Quase 10 horas da noite e eu ainda estava no consultório, vários quilômetros de trânsito me separando de casa, preparando uma apresentação sobre Slow Food para o curso de pós graduação que faço todos os sábados, dia todo. No sábado, o tal curso. À noite, o filme Santiago, que ninguém é de ferro. E valeu a pena, a fila e o Suplicy comendo pipoca. O filme é lindo, vale mais, pensei, que a trufa negra de 800 reais que a Mariana levou para mostrar aos colegas na aula de ontem - trufa fresca que atravessou o oceano para ser esquecida na bolsa da moça por uma semana e ser coberta por mofo branco que a fez cheirar àqueles Reblochons que precisam dormir fora de casa (para não dizer coisa pior). Melhor seria tê-la deixado merecidamente, a pérola ou a trufa, aos porcos que fuçaram a terra para descobri-la. Depois deste filme, qualquer comidinha servia, pois uma alma saciada alimenta o corpo todo. Simples esfihas e quibes delivery com cerveja Norteña uruguaia e fizemos a festa na casa em reforma de nossa amiga psicanalista Carmem Silvia Ávila que viu o filme sob o olhar lacaniano. E hoje finalmente aqui para falar da Maria-mole. Isto, depois de lido o jornal menos do que gostaria, mas pelo menos a entrevista do Adib Jatene feito pela minha amiga Mônica Manir, que está ótima; depois ter feito bater duas maquinas de roupa para aproveitar o sol, que o dia está lindo. E de ter amassado o pão de nozes que já está no forno e que se ficar bom vou levar daqui a pouco para minha amiga Cris Cruz que faz aniversário hoje e para quem também fiz rapidinho uma sacola de lonita, para evitar as de plásticos e bla bla bla. Ainda vim aqui no Google pesquisar mais sobre a princesa Francesca Polenta, cuja história Santiago conta no filme (o melhor filme brasileiro dos últimos tempos). É aquela que, no final do século 13, se casa com o príncipe de Rimini, mas se apaixona pelo cunhado Paolo. Na vida real, o casal é assassinado pelo marido traído e, na literatura, é mandado para o Inferno de Dante Alighieri, na Divina Comédia. O romance proibido ainda virou ópera do compositor russo Sergei Rachmaninov. É claro que, de todas as anotações do Santiago batidas a máquina e mostradas rapidamente na tela, me chamou muito a atenção especialmente o sobrenome da moça (eu sempre descubro nome de comida num palheiro), que me faz lembrar a Sophia Loren despejando uma panelada de polenta sobre o tampo de uma mesa de madeira e todos comendo ao redor. Ainda vou fazer isto. Quem sabe no meu aniversário. Mas alguém sabe o nome deste filme? Só vi um pedaço na televisão, assim, de passagem, justo na hora da polenta. Já vi todos os filmes dela que há na locadora e nada. Mas vamos lá, finalmente, à receita da Maria-Mole da Maria Hirata que, a esta altura (quem viu os posts anteriores sabe o quanto a chef trabalhou), já estava cansada, pronta para o relaxamento do fim de noite.
Maria-Mole da Mari Hirata
200 g de claras
40 g de açúcar branco refinado
160 g de trealose (acúcar invertido em pó)
18 g de gelatina em folha, sem cor (8 folhas)
12 ml de licor de coco (Malibu)
1 pitada de acido cítrico ou vinagre
Coco ralado seco fino (para polvilhar)
Bata em banho-maria as claras e os acúcares até que formem picos. Deixe hidratar as folhas de gelatina em água gelada. Quando estiverem moles, esprema bem e derreta em banho-maria junto com o licor de coco. Despeje devagar sobre as claras e continue batendo. Coloque em saco de confeitar e faça bolinhas sobre papel manteiga. Deixe esfriar um pouco na geladeira e grude duas unidades para formar uma esfera. Passe no coco ralado ou faça risquinhos com chocolate derretido temperado (derreta em banho-maria com fogo desligado 2 partes de chocolate meio-amargo picado e misture a 1 parte picada, fria – misture devagar até derreter tudo).
Obs: diferente das que conhecemos, mesmo aquelas caseiras feitas com gelatina e leite de coco, esta da Mari fica levíssima, suave no doce e macia como uma musse.
O açúcar invertido evita cristalização da sacarose e ainda ajuda a manter a umidade dos docinhos, fazendo-os durar mais tempo na geladeira. Pode ser encontrado em lojas de produtos para confeitaria.
11 comentários:
Menina que maravilha essa maria-mole eu faço a minha em casa mas é bem simples. :)
Já postei sobre o nhoque da minha mãe lá no meu blog, mas estava faltando da polenta! Vamos ter que fazer uma análise sensorial cega c a sua polenta, a da minha mãe e tb a da Sofia (Loren!)...pq a q comemos aqui na 5aF passada é de fchar o quarterão!!! ...pôxa, fiquei com vontade de maria-mole...bj
Linda foto da Mari! Neide, acho que este filme se chama Mortadella, a Sophiona tentando entrar nos Estados Unidos com uma mortadella enorme e etc e tal. Vi 100 anos atrás.
Prazer, Neide. Meu nome é Kelsen Sato, sou repórter do jornal International Press no Japão.
Gostaria muito de entrar em contato com a Mari Hirata. Então, procurando informações na internet encontrei o seu blog.
Por favor, se voce tiver o contato dela em Tóquio poderia me passar? O meu email é kelsen@ipcjapan.com
Obrigada pela atenção,
Kelsen
Luiz,
acho que não é o Martadela, não. É mais velho, tipo anos 60. Ainda não descobri. bj, n
Adorei o blog... e a Mari... humm... sou fã!
Neide
Assim, décadas depois cheguei neste teu post em umas das minhas pesquisas loucas que chegam em ti :)
E aí vi a tal pergunta sobre o filme. Sei de um que não é com a Sofia Loren, mas que tem uma cena assim.
Tem sim a Ornella Mutti. É "As viagens do capitão Tornado".
Se não for o que tu busca, vale a pena ver. Um dos meus filmes preferidos...
Laura!! Que luz me deu agora. Será que é este? Pode ser, pode ser. Vou procurar e depois te conto. De qualquer forma, se tem a cena, serve também.
Beijos,
Oi Neide,
tudo bom? Escuta, tô com uma dúvida no quesito maria-mole da Mari Hirata que é a seguinte: Não achei o tal do açúcar invertido em pó, só líquido. Dá na mesma? Você tem idéia?
um beijo,
Clarice
Vou tentar fazer essa receita, e se não me sai bem, vou pedir um delivery em moema com isso, se conseguir...
Parece muito gostoso!
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