sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Onde comprar fava tonka ou cumaru e outros temperos afros

"Os africanos ainda condimentavam as suas refeições com o ataré (pimenta–da-costa) em quantidade muito reduzida; com o iru, fava de um centímetro de diâmetro usada em quantidade diminuta; com o pejerecum ou bejerecum, outra fava de quatro centímetros de comprimento por dez milímetros de espessura, empregada no tempero do caruru; com o ierê, semelhante à do coentro e usada como tempero do caruru, do peixe e da galinha."

Manuel Querino. A arte culinária na Bahia. In: Edison Carneiro. Antologia do negro brasileiro.


Se você frequenta estas casas de produtos religiosos para rituais afros, já deve saber. Mas quem se assusta com o preto véio e sua baciinha de moedas ou fica cismado com a exuberância despudorada da pomba gira, esqueça a cisma, que é bobagem, e entre.
Peça licença pra Exu e vá entrando devagar por entre guias, buzios e incensos. Se você é mulher, vai ficar encantada com os colares nigerianos, de bronze ou de resinas desenhadas. E vá fuçando aqui e ali.
Num canto, certamente encontrará farinha pronta de feijão fradinho para o abará, amendoim, farinha, milho branco para o acaçá, melado e azeite de dendê. Para servir a comida do santo, lindas cerâmicas da Najé, onde gostam de comer os orixás e na sua casa serão perfeitas para farofas, paçocas e qualquer outra comida (veja aqui minha farinha de musseque sobre uma destas cerâmicas que trouxe de Salvador).
Vá xeretando mais e certamente vai encontrar estes pacotinhos com sementes desconhecidas para rituais. Mas algumas são usadas na culinária africana e são deliciosas, picantes, aromáticas. É o caso da pimenta-da-costa (Aframomum melegueta) ou ataré, grãos-do-paraíso ou cardamomo negro. Tem ainda o ierê ou lelecum (Uapaca heudelotti?? não descobri), bem picante; o bejerecum (Xylopia aethiopica) ou pimenta de macaco, pimenta da Guiné, pimenta de negro - que é do mesmo gênero da embiriba, da qual já falei aqui (
o sabor e as sementes são iguais). E, além de outros temperos a descobrir, a fava tonka ou cumaru, difícil de achar, caso não tenha uma loja como a Bombay perto de você. Agora já sabe, é só ir a um destes comércios - pelo menos aqui em São Paulo, estão espalhados por quase todos os bairros mais populares.
Veja também
Sobre a planta cumaru ou fava tonka

Sorvete de amburana ou cumaru
Eu quero falar com calma disto tudo depois. Agora era só pra informar que tem fava tonka nas casas de umbanda. O bejerecum e ierê, ganhei da amiga Maria Conceição de Oliveira, do Slow Food, que está fazendo um trabalho sobre Gastronomia Negra e a Diáspora. Só comprei mesmo o cumaru e a pimenta-da-costa aqui na Lapa, mas todos estes itens podem ser encontrados nestas lojas.


Alguém sabe o nome científico do lelecum ou ierê?


Parente do cardamomo, ardida como malagueta, gengibre, galanga...


Bejerecum - parente da embiriba ou pimenta-de-macaco

Cerâmicas de Najé

13 comentários:

clau disse...

Ciao Neide.
O Gianluca é que ia ter gostado deste seu post, que fala tb de pimentas.
Pq ele esta na busca da pimenta mais picante que existe, e quase que ja comprou e provou todas.
Só ainda nao defini se por gosto, vero e proprio, ou simples falta de sensibilidade à elas. rss
Bjs!

Claudia disse...

Neide,

amei a postagem e, claro, a dica maravilhosa. Eu sempre comprei coisas ótimas numa loja de macumba no largo de Pinheiros, não sei se ainda há, mas tem tantas lojas boas espalhadas.

Beijos e bom ano novo!

C.

Anônimo disse...

AMORE AMEI O BLOG DEU ENTUSIASMO E ATE FOME E ALEM DE TEMPEROS GOSTARIA DE SABER SE VOCE SABE ONDE COMPRO OS NAJES,MIL BEIJOS! JOAOEDSONFILHO@HOTMAIL.COM.

Neide Rigo disse...

João,
a cerâmica de Najé costuma ser encontrada no mesmo tipo de loja. Ou nos mercados populares da Bahia. Um abraço, N

Monaliza disse...

Amei a forma despojada e livre de preconceitos com a qual você falou do candomblé e da umbanda. É desse jeito mesmo!! Gostaria de saber se nessas feiras de umbanda se encontra a fava tonka. Obrigada. Ah, o livro Manoel Querino é mesmo uma preciosidade!
meu e-mail: monalisoares@gmail.com

Neide Rigo disse...

Oi, Monalisa. Não sei se leu no texto, mas falei que o cumaru ou fava tonka também pode ser encontrado nestas lojas: "E, além de outros temperos a descobrir, a fava tonka ou cumaru, difícil de achar, caso não tenha uma loja como a Bombay perto de você. Agora já sabe, é só ir a um destes comércios - pelo menos aqui em São Paulo, estão espalhados por quase todos os bairros mais populares."
Um abraço, n

Unknown disse...

Oi Neide, li sim!

Sou baiana e aqui tem muitas dessas casas. Fique na dúvida, porque no texto tinha informações sobre outras especiarias também, daí me confundi. Só não sei se aqui eles conhecem a fava com este nome. Mas dei uma pesquisada no google e encontrei uma lista de nomes que dão à Fava Tonka/Cumaru tanto aqui quanto na África. Daí fica mais fácil. E quem procura, acha. Desculpe e obrigada!!

Emerson disse...

No Rio não se encontra nada disso, infelizmente. Acho que em SP é mais fácil.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Moro no Pará e quem tiver interesse em adquirir o Fava tonka, podes entrar em contato (93)991239244

Unknown disse...

Olá Tiago, tenho interesse em conhecer o cumaru. Pode me enviar alguns de amostra ? Moro na capital de São Paulo.

Anônimo disse...

Olá Neide, a fava de Lelecum ou iyere tem o nome científico de ​Piper guineense​ e o nome mais popular fora da religião é Pimenta-de-São-Tomé.

Atenciosamente, Felipe Sinoble