segunda-feira, 18 de março de 2013

Pepininho silvestre

Na cerca de uma casa perto daqui


Resposta à última charada: pepininho silvestre.  Obrigada a quem participou e parabéns aos vários o leitores que acertaram. Aos que erraram, ao menos passaram perto, não se distanciando da família botânica. 

Minha fonte de abastecimento destes pepininhos continua sendo a cerca de uma casa abandonada perto daqui. Foram encontrados pelo leitor/ amigo Guilherme Ranieri durante aquela expedição pelo bairro no Terra Madre Day.  Sempre que passo por lá, trago uma mãozada para colocar na salada. 

Na tese do pesquisador Valdely Ferreira Kinupp (Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre, RS), o pepininho aparece classificado como Melothria fluminensis. O M. cucumis é um pouco maior. Já o M.fluminensis tem entre 1 centímetro e 2 de cumprimento. Os frutos são fusiformes, mas podem ser mais ovoides, com coloração verde escuro e pontuações disformes mais claras. Quando amadurecem, ficam escuros, quase pretos, e se desmancham facilmente (fácil para tirar sementes). Está espalhado por todo o país e prefere bordas de matas, barrancos, beira de rios (flumem, em latim, significar rio ou fluvial). 

Quando verde é comestível - crocante, lembra pepino caipira
Quando maduro não é comestível e  fica assim, quase negro e mole
 A espécie recebe vários nomes populares como pepino-de-purga (dizem que quando muito maduro pode ser laxante), pepininho-da-mata, pepino-de-rato, e embora tenha o formato de um mini-pepino, pertence a gênero diferente do pepino comum (Cucumis), todos da mesma família das Cucurbitáceas, como o melão, melancia, abóbora etc. Mas o nome popular se justifica quando se espatifa um deles entre os dentes - é como um pepino caipira encapsulado. Há quem reclame da proporção pequena de polpa em relação à de pele, mas o sabor de pepino é tão forte que compensa. Aliás, é praticamente uma cápsula de sementes de pepino, aquelas pepitas com uma mucilagem em volta. É bem intrigante. 

Na feira de produtores de orgânicos de Porto Alegre eventualmente aparece nas bancas. E por lá também são feitos picles. Por aqui, nunca vi. Fique de olho nas cercas. 

Para saber mais sobre este pepino, consulte as páginas da tese do Knnupp (na p. 508 tem fotos) ou procure na literatura internacional com outras sinonimias botânicas, como M. pendula. Ou Melothria guadalupensis (Spreng.) Cogn.; Melothria scabra Naudin; Bryonia guadalupensis Spreng.; Melothria quadalupensis (Spreng.) Cogn.; Bryonia convolvulifolia Schltdl.; Melothria fluminensis Gardner; Melothria donnell-smithii Cogn.; Melothria donnell-smithii var. hirtella Cogn.; Melothria donnell-smithii var. rotundifolia Cogn.; Melothria fluminensis var. microphylla Cogn.

Com manteiga, 'papoula' de beldroega, flor de manjericão anis e mini blini



Não, não dá prazer comer mini blini deste tamanho. Foi só uma brincadeira

Bom mesmo é comer na salada 

Ou purinho como petisco. Nhac! 




    17 comentários:

    Rose disse...

    Não acertei por completo...mais bem pensei que eram pepinos.
    Estou impressionada como são minúsculos!
    Uma ótima semana pra você!
    Abraços

    Unknown disse...

    Neide.

    A natureza é um verdadeiro espetáculo mesmo.

    um abraço, Fábio.

    Unknown disse...

    Acertei!! :D rs
    Essa tese que você citou é interessantíssima, estou lendo e tem informações valiosas.
    Gostei bastante.
    Abraços

    João Inácio disse...

    Bah, nunca vi em lugar nenhum. Nem na feirinha do Bom Fim!

    Anônimo disse...

    Navegando pela internet, encontrei um site falando sobre o Cucamelon, que é bem parecido e da mesma família, com algumas sugestões de aproveitamento, vale a pena dar uma olhadinha!

    (http://homegrown-revolution.co.uk/savoury-fruit/growing-cucamelons/)

    Abraços
    Vah

    claudiney disse...

    por acaso comi um hoje.estava fazendo oroçado de meu terreno e achei uma rama dele.para meu azar, passei a roçadeira nele sem perceber.agora é torcer para que existam mais sementes dele no quintal e que venham a produzir.

    Anônimo disse...

    Desde que conheci o site fiquei fan. Gosto de tudo relacionado a comida.
    Conheci o caroço de jaca quando ainda era criança e sempre gostei de aproveitá-lo mas sempre com dúvidas (ouvi gente dizer que faz mal). Hoje enquanto apreciava minha sopinha feita com o tal caroço me lembrei de verificar se mais alguém teria tido a mesma ideia de aproveitar essa saborosa semente. Que surpresa encontrar uma deliciosa receita neste site que eu já conheço e admiro.

    Nikolas disse...

    Ninguém aí tem umas sementes desse pepino para doar?! :D

    Anônimo disse...

    Ola.

    Gostaria de saber se tem sementes do pepino melothria cucumis ou o fluminensis?? Gostaria de adquirir, em especial o primeiro, que sempre comia quando era criança e morava na colonia.

    att.

    Sandro Giordani

    Anônimo disse...

    Gostaria de receber uma receita de conserva do pepininho silvestre.

    Suzana disse...

    Esta semana encontrei pepininho duas vezes, em dois lugares diferentes. Um deles eu já observava faz tempo (meses, até), porque as folhas eram iguais às das fotos que tinha visto, mas só tive certeza na terça. E hoje, encontrei uma outra muda em um parque de Curitiba. Tinha lido em outro lugar que alguém tinha visto pepininhos em parques da cidade e fiquei doida de nunca ter visto nenhuma muda, mas hoje, finalmente, encontrei! Já fiz muda por estaca de galhos e comi meu primeiro pepininho ontem. Estou bem feliz!!!

    Anônimo disse...

    Aqui na minha região, eu encontrei em um terreno próximo a um dos meus locais de trabalho,algumas ramagens,que cresciam apoiadas aos muros ou agarradas às cercas e arbustos. Pela floração, deduzi que fosse familiar aos pepinos, buchas e outras espécies como melão-de-são caetano.Posteriormente, vi os pequenos frutos se desenvolvendo a partir das bases florais e percebi que se pareciam com pepinos, porém muito pequenos e diferentes dos mini-pepinos usados em conservas, procurei pois, informações na internet e tomei conhecimento de que são comestíveis. O sabor é mesmo de pepinos e são crocantes.Ainda, encontrei no mesmo terreno, maxixe, também se desenvolve por ramagem. Tirei as sementes dos maxixes e já até cultivei com êxito algumas delas. Agora, estou com os pepininhos em processo de amadurecimento e vou tentar extrair as sementinhas e cultivá-las. Obtendo êxito, tentarei produzi-los em casa, com tratamento semelhante ao que se dá aos vegetais da família/espécie. Fica externado meu agradecimento pelas informações e esclarecimentos acerca deste assunto. Obrigado, Rawlins Martins. Timóteo.MG. Brasil.

    Anônimo disse...

    Comer esses pepinos quando já estão no processo de amadurecimento é passível de distúrbios intestinais. Rawlins Martins. Complementando informação prestada anteriormente.

    Unknown disse...

    Hoje sai para fazer uma caminhada aqui na minha cidade, e vi uma planta com folhagem e fruto muito semelhante ao pepino do mato, ao ler seu artigo comprovei que é mesmo, vou voltar lá e tentar pegar sementes.Estou encantada pelas plantas comestíveis não convencionais.

    Unknown disse...

    Eu acho que nao estou dando conta de entrar em contato com voces. E porque eu tem um pe de picles quando fica maduro e lindo.eu varia emcomeda de mudas.

    Unknown disse...

    Neide, estou felicíssimo. Esta planta apareceu aqui em casa rasteijando e a deixei ali. Algum momento quando limpava o quintal atingia ela, sem querer, mas não ao ponto de prejudicá-la. Ela insistiu em sua teimosia e ali se estabeleceu, subiu nas outras plantas e, recentemente, floriu e produziu. Somente hoje com a ajuda da família em Belém me orientaram a pesquisar por pepino do mato. Foi na lata! É o pepininho do mato! E o que é melhor: se come! Um delícia, delícia!! Vou colocar na salada. Valeu!!!

    Anônimo disse...

    Acabei de comer um pepino ,ele estava verde no pé e acabou ficando vermelho,.resolvi experimentar, o sabor é melhor do que ele verde , fica bem docinho.