sexta-feira, 22 de março de 2013

Água para beber, lavar, banhar, cultivar

Em Siena, Itália
Uma vez nosso cachorro Bob teve uma doença dita incurável e quase morreu.  Minha mãe estava com ele em Fartura e disse que ia tentar salvá-lo dando-lhe água de colherinha o dia todo, sempre repetindo o mantra "água é vida, água é vida, água é vida". Não acreditei muito que conseguiria, mas o cachorro sarou e morreu só depois de muitos anos, de velho. 

Eu quase não tenho sede, esqueço de beber água, mas se como fora de casa, geralmente uma comida um pouco mais salgada que a minha, ou mesmo quando erro a mão, tenho sede e gosto de beber água bem fresca, do filtro, em caneca de alumínio bem areada. Aí bebo com tanto gosto que quase cedo à tentação de salgar sempre mais a comida, só pra voltar a ter este prazer. Mas, sei, quando a gente tem sede, é porque já passou da hora de beber água. O ideal é ir bebendo ao longo do dia e admiro quem tem esta disciplina e vontade. Agora, a sensação de saciar a sede não tem equivalente, porque se somos 3/4 de líquido, claro, água é vida, água é vida. 

Só não entendo porque água de beber tem cedido lugar a bebidas açucaradas, Ades de soja cáustica, sucos de pozinho, imitações de suco natural etc. Tem gente que compra suco de caixinha porque acha realmente que o filho e a família precisam daquilo, que é um jeito de comer frutas, ingerir nutrientes. Não é. Coma fruta, beba água. E um suco natural de vez em quando, por prazer. Assim como cerveja, vinho. Pra hidratar, matar a sede, água. 

E nós,  que temos água limpa na torneira, não esqueçamos de reverenciar o líquido tão precioso e tão escasso para muita gente no mundo, seja em Uauá ou no Senegal. 

Bem, aqui vai minha singela homenagem ao dia da água com fotos que tirei por aí, onde a água é a vida. 

Poço coletivo no Senegal

Três mulheres se revesam para puxar a corda do poço de 60 metros

No Senegal, menino me mostra com orgulho o pote de água
No Senegal, cavalo prefere a água limpa
Encontro das águas em Manaus

Búfalos nadam em lago na Ilha do Marajó 
Poço coletivo: na Ilha do Marajó nem sempre há água farta para beber 

E crianças andam longas distâncias com água puxada do poço na cabeça
Joaninha, de Uauá, adora beber água
Esta, sim, reverencia cada gota de água do caldeirão

Orvalho em folha de almeirão roxo, em Fartura - SP

Louça lavada na casa dos amigos ceramistas 

Trepadeiras se aproveitaram da água do verão 

Água da represa em Piracaia, que abastece nossas torneiras em Sâo Paulo


7 comentários:

somanu disse...

Amei.....como amo tudo o que vc escreve.Uma das mais bonitas , se não for a mais bonita, homenagem à água.Obrigado....

Dricka disse...

Linda homenagem! Todos deviamos dar o devido valor tanto a agua quanto a comida que são combustiveis para o corpo.
Eu particularmente amo agua, desde criança tomo agua por prazer, por brincadeira, mas não gosto daquela sede que dá por comida salgada ou pelos famosos cubinhos de tempero, acho uma sede desesperada, rsrsrs.
Bjs

João Inácio disse...

Linda homenagem e fotos incríveis, Neide!

Tb admiro quem fica bebendo água o tempo todo, eu quase nunca sinto sede. Nem sei o que é este negócio de levantar à noite para beber água. Ao contrário, levanto para "esvaziar" meu reservatório.

Estamos no outono (aqui em Porto Alegre o outono já começou, segundo os meteorologistas, em fins de fevereiro, bem adiantado neste ano) e acho que esta é a época mais seca aqui para os gaúchos (nosso horrível inverno é úmido). Tudo fica mais bonito, ainda mais em abril e maio, com os plátanos, amoreiras, ameixeiras, um que outro carvalho e, principalmente, as extremosas (chamadas no resto do Brasil de resedás) com suas folhas douradas (as extremosas, com folhas vermelhas). Efeito das noites e manhãs geladas, tardes amenas (às vezes abafadas) e clima seco. É apenas nesta época do ano que sinto necessidade de comprar garrafas de água mineral para andar na rua.

A gente tb lembra da água quando assiste aos noticiários.... Claro que eu quero que chova no Nordeste! Mas a "seca" lá é um "lembrete" de como ocupamos errado o solo da nossa mãe terra. O interior do Nordeste brasileiro (e o Norte de MG) SEMPRE foram áridos, não é área para ocupação humana. O resultado de séculos e mais séculos de erro estamos todos vendo: pessoas sofrendo e milhões (!!!) de animais (gado), que nunca deveriam ter sido levados para a caatiga, tendo uma morte indigna e sofrida. Será que vamos aprender um dia?

Gilda disse...

Linda homenagem e fotos maravilhosas. Nunca é demais reverenciar a água. E fiquei emocionada com a história do cachorro. Sua mãe é uma pessoa abençoada.

Valentina disse...

Como nos realmente acabamos por 'take it for granted'. Gostei desta cutucada com classe tua. Lindas fotos

Fernanda Ferreira disse...

Gostei dos copos de cerâmicas. Onde encontro?

Neide Rigo disse...

Fernanda, a cerâmica é do Rui Gassen, que hoje mora em Barcelona.
Um abraço,n