Como no ano passado, durante o festival do umbu fomos duas vezes à roça da dona Joana. É lá que ela e a filha Nenê fazem para vender o manuê - bolo de milho assado no forno de lenha que não leva outro ingrediente que não milho, açúcar e água - e bolo de leite, que tem textura daquele pudim de padaria ou caçarola italiana e leva os mesmos ingredientes - leite, farinha, açúcar e ovos. Ambos, simples, deliciosos para comer com café.
Dona Joana, viúva, criou os filhos e botou todo mundo na faculdade graças à lida com o umbu (depois da criação da cooperativa Coopercuc) e à venda dos bolos na feira e numa esquina do povoado de Caratacá. Amigos do Slow Food que estavam em Uauá para o festival também foram à casa de dona Joana acompanhar o feitio dos bolos, agora com ajuda pela filha mais velha, Nenê (mãe de Joaninha), que trabalha e faz faculdade em outra cidade só voltando para casa e para os filhos nos finais de semana. E enquanto descansa carrega pedras, claro.
Sábado à noite o milho é posto de molho e no outro dia bem cedinho as dezenas de formas já estão a assar no forno de lenha, cheias de manuê. No outro dia andamos pelo leito seco do rio que corta a propriedade, tiramos muitas fotos, suamos até murchar, almoçamos comida deliciosa e desmaiamos no chão de cimento frio com as cabeças apoiadas num colchão com lençol limpinho trazido por dona Joana.
A cozinha é a sala de estar, o ponto de cultura e diversão. Passamos o dia rodeando o espaço aberto onde as coisas iam acontecendo, íamos vamos aprendendo, trocando experiências, dando risada. Foi ali que inventei de fazer o chá de pau-de-rato ou catingueira, que antes tomavam como café da manhã e é bem gostoso para se beber durante o dia mesmo, dizem que abre o apetite e depois é bom para digestão, mas parece que está em desuso como tantas preciosidades locais, caso do broto de macambira.
Das brasas do fogão de lenha sairam também milhos assados antes do almoço, depois mocotó, feijão com legumes etc. Fiz ainda um refogado de folhas de batata-doce e bredo com ovos, para os vegetarianos. E até o sabão para lavar a louça fizemos. Depois a cozinha descansa limpa, com canecas areadas sobre o jarro de água e as gentes esparramadas no chão. Isto sim pode ser melhor que as cozinhas gourmets, seja lá o que isto queira dizer nos folhetos de empreendimentos imobiliários. E ainda dona Joana se desculpou por não ter cadeiras. Quem liga? Nenê passou a receita do bolo.
Leito seco do Rio Zefona - meninos |
Leito seco do Rio Zefona - meninas |
Dona Joana com as visitas |
As visitas Slow Food totalmente à vontade se refrescando |
Misture tudo muito bem: 1 litro de leite, 3 ovos, 2 colheres (sopa) de manteiga, 1 copo de açúcar, 2 copos de farinha de trigo, 1 pitada de sal. Coloque em forma de buraco no meio grande, untada, e deixe assar em forno bem quente (de preferência em forno de lenha) até dourar e a massa ficar firme - teste com uma faca. Rende para um batalhão.
17 comentários:
Neide, adoro esse bolo, vou fazer aqui em casa, não é necessário bater no liquidificador?
Obdulia,
não precisa bater no liquidificador, não. Mas pode. É só bater até a massa ficar lisa. Um abraço, n
Estava combinado que eu faria bolo de mel e chocolate hoje à tarde, mas depois de ler essa receita foi impossível! Fiz na mão mesmo - só precisa um pouco de paciência para incorporar a manteiga, mas é bem fácil... Rendeu duas formas e ficou di-vi-no; o marido-louco-por-pudim-de-leite e o filhote aprovaram. Obrigada por trazer esses pedacinhos de outros lugares com você e compartilhar com a gente. Beijos.
Awesome recipe.. and pics are lovely.. for indian recipes check Recipes
Neide,qual a medida deste copo?
Beijo!!!
Fiz ontem a noite, ficou delicioso! Adoro essas comidinhas simples e gostosas.
Obrigada por compartilhar a receita.
Abraços
Neide eu sempre viajo com vc, é uma maravilha e este bolo é fora do comum coisa de doido, tenho umas coisas para te enviar, so tó esperando umas mudas chegar, para te mandar beijos.(Diulza)
batalhão...sei... :-)
Fabiana e Obdulia, na verdade eu não vi fazendo, mas como lá não tem energia elétrica, sei que a massa foi misturada no braço. Agora, um liquidificador pode ser útil. Ou, para incorporar bem a manteiga, é bom
adicionar o leite aos poucos para, antes, formar um creme com os ingredientes.
Mariângela, com cerca de 250 ml.
Vah, que bom saber.
Diulza, você é tão gentil. Obrigada.
Ângela, então faça dois...
Um abraço, N
Eu fiz e esqueci dos ovos!! hahahaha Ficou meio solado, meio duro quando esfriou... risos. Vou tentar novamente no próx. fim de semana :) Gabi
Receita dívina, de outros cantos desse imenso país. Parabéns neide por seus textos são muito bons.
As fotos ficaram bem legais.
Abraços.
Que receita boa! Fiz e ficou delicioso!!! Além de ser fácil fácil! Obrigada por compartilhar
oi Neide,
fiz ontem a noite e deixei esfriando para hoje de manhã... ficou uma delícia. Bati no braço com um fouet para não embolotar, e foi facinho, facinho - juntando leite e farinha por último alternadamente. Da próxima vez só ficarei com menos medo de tirar ele cedo do forno, pq a casca ficou meio dura demais. Acho que uns minutinhos a menos de forno teria feito bem.
Adorei! Receita simples, fácil e gostosa, do jeito que eu gosto!
Bolo perfeito com um cafezinho fresco, mas este chão de cimento geladinho é uma delícia de deitar e conversar até não poder mais com os amigos.
Riqueza do meu sertão amado.
Neide, fiz metade da receita, porém usando 2 ovos extras ( que tinha em casa) e usei uma xícara de 250ml como medida. Meu bolo saiu macio, porém borrachudo! Será que seria a farinha?
Inessa, sinceramente não sei porque ficou borrachudo. Talvez o forno não estivesse quente o suficiente? Ou a quantidade (a altura do bolo)? Os ovos a mais? Sinceramente não sei. A xícara a ser usada pode ser deste volume mesmo. Desculpe. Um abraço, n
Adorei!
assei no forno à lenha e ficou ótimo!
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