quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ano de novo

Kátia e eu tomando coragem para passear no igarapé.

Demorei, mas voltei. Daqui pra frente, segue como dantes. Mas as viagens de fim de ano renderam. Primeiro porque fui ao Rio de Janeiro, treinei a cozinheira do meu cliente Filipe Miguez; comi no restaurante O Navegador, da minha amiga Teresa Corção - que, por sinal, recebe hoje Carlo Petrini do Slow Food; cozinhei camarões no apartamento da Nina Horta, onde fiquei hospedada; e joguei muita conversa fora tomando chope geladinho no bar da Adega do Cesare, com minha amiga carioca Kátia Brito. Depois fui à Ilha do Marajó, onde moram meus amigos Jerônima e Seu Brito, que têm lá uma pousada (Fazenda São Jerônimo). A Kátia é filha deles e também foi para o aniversário de 70 anos do pai. A festa teve direito a muito pato no tucupi e maniçoba, embalados por carimbó. Celso Fioravante, do Mapa das artes, é nosso amigo da PUC-SP e parece mais marajoara que qualquer nativo (basta dizer que vai pra lá 5 vezes por ano). Estar com ele, é diversão na certa. Bem, comi turu, mangaba, bacuri, frito do vaqueiro e despesquei curral para comer o peixe fresco. Depois, as delícias rurais em Fartura com a família. E, para terminar o ano, Gonçalves-MG, onde passei a virada com os amigos baianos Silvia Lopes, Claudia e Oswaldo Magalhães, além de Carmen Ávila, Mônica Manir e Carlos Colombo, amigos de sempre. Pelo jeito vou ter assunto para o próximo semestre inteiro (mas, perdoem-me se no trajeto tiver preguiça - e acontece).
E por falar em Natal e Ano Novo, estou quase assumindo que não gosto muito destas datas (olhe a dificuldade de sair de cima do muro e dizer de uma vez por todas: “eu odeio natal e ano novo”!). Talvez as próximas passe-as num retiro -não precisa ser espiritual, basta que um dia passe atrás do outro, sem horários para se abraçar. Como estas aranhas de Fartura que dia após dia armam suas teias ao por do sol e as recolhem ao amanhecer depois de cumprida a jornada (são nossos bichinhos de estimação que nos protegem de pernilongos e bichinhos irritantes, cujo excesso faz de qualquer paisagem bucólica um lugar inviável).

De tudo o que li nestes últimos dias, entre retrospectivas, previsões e desejos, o que mais me pareceu sensato foi o texto de ontem do Roberto DaMatta, no Estadão. Quem quiser ler o texto todo - eu recomendo, está aqui . Por ora, apenas dois trechos. E faço as dele minhas palavras. Se é que ele não se ofende.
“...Do mesmo modo que os tempos nos obrigam não somente a comprar, mas sobretudo a comer, e comer pantagruelicamente, o bacalhau e a rabanada, é difícil trocar a exagero da demagogia autocongratulatória, pela sobriedade do ceticismo que fala das ausências”.
E mais:
“...desejo do fundo do meu coração, caro leitor, que 2008 seja um ano em que você não deixe ninguém cuidar de você. Que seja um ano no qual você seja cada vez mais responsável por sua vida e que, para tanto, tenha uma robusta e indestrutível saúde física e mental. Que você seja também desconfiado e, para tanto, leia mais livros, revistas e jornais, desligando a televisão de quando em vez. E que você possa introduzir na sua existência pessoal um lema básico da vida democrática: seja reivindicativo, denuncie mais, reclame e clame por seus direitos...”
Roberto DaMatta

9 comentários:

Flor de Sal disse...

Ai que inveja dessas suas viagens!
E que o novo ano seja cheio de alegrias e boas surpresas!

Fer Guimaraes Rosa disse...

êba, ela voltou! e lá vem historias boas. :-)

beijo, Neide!

Fernanda Francoh disse...

Olá, Neide. Adorei teu blog, que descobri através do site da doidivana.

Quanto ao Natal, Ano Novo, e tudo que o pensamento de massa faz a gente achar que é necessário e importante, espero sinceramente que estejamos mesmo num caminho de maior autonomia de pensamento: ninguém pensando pela gente. Chega de comer comida mastigada sem se dar conta.

Gde abraço e um feliz 2008!

Anônimo disse...

Que linda essa imagem, me senti nela e tentei captar a energia e o perfume do ambiente........ ;-))
Adorei seu testo, e estou com vc nessa
beijos e abraços
Rosi
frorol@tele2.it

Anônimo disse...

Neide, feliz 2008 e vamos as perguntas.
1 - Você sabe o que fazer com as lagartas que estão infestando as minhas capuchinhas ?
2 - Porque é tão difícil plantar e manter os coentros ? Já plantei umas quatro vezes e eles semnpre morrem !
E só pra informar, o manjericão thai já está de um tamanho bem razoável. Me manda por email pra onde eu mando a muda pois de vez em quando o boy daqui vai pra São Paulo.
E como já escrevi num post anterior, vou te mandar também uma muda de um mini manjericão que eu trouxe da Espanha que está muito bonito.

Marizé disse...

Neide, que viagens fantásticas, deu-me vontade de conhecer todos esses lugares.
Adorei as fotos e o texto.

Beijo grande e bom fim de semana

Elvira disse...

Obrigada, querida Neide.

Desejo-lhe um ano novo cheio de felicidades, alegria e tudo o que mais desejar.

Beijão.

Neide Rigo disse...

Oi, Eduardo!
Seguinte: a comilança das lagartas é autolimitada. E há um certo tipo que adora capuchinha. Basta olhar atrás das folhas de vez em quando. Lá estão os ovinhos amarelinhos, todos juntinhos, translúcidos, lindos. Então, se não lhe forem fazer falta as folhas, deixe que comam até dizer chega. De barriga cheia e grandes, elas constroem o casulo e se escondem ali até virarem lindas borboletas. Mas, se elas forem indesáveis, veja se o jardim do seu visinho é mais robusto e transfira-as para lá com uma varinha (brincadeira...)

Quanto ao coentro, é uma planta sazonal. Cresce, floresce, frutifica e morre. Aproveite as sementes para torrar e usar como especiaria. E outro tanto, use para replantar. Se quiser coentro o ano todo, vá plantando todo mês. Ou então, plante coentro-do-pasto (chicória do pará), que tem o mesmo sabor, porém é mais resistente e dura uma eternidade na horta.
Meu endereço te mando por email. Um abraço,
N

Lili disse...

Neide,
O turu me animou!
Agora vai!
bjs
Lili