segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Grolado, engrolado..

Na última charada proposta estava morrendo de vontade que me dissessem que o que eu fiz se parecia com um engrolado ou grolado. Se ninguém acertou, foi porque eu errei.
É que procurei por tudo e não encontrei uma foto que fosse do tal grolado citado num comentário sobre o
cuscuz de mandioca: "mon cahier disse...
Neide querida esse beiju me lembrou minha infância no interior do Maranhão...saudades.Essa massa me lembrou um "grolado" bem gostoso que minha mãe fazia quando moravámos no interior; é o seguinte você aquece uma panela ai acrescenta a massa fresca, uma pitada de sal,um pouco de manteiga ou de azeite de coco e mexe até que a massa se transforme em pequenas bolas macias, a cor vai variar entre um roxo leve ou verde, mas é normal. O ponto é quando você provar e sentir que a massa não tá mais com gosto de mandioca crua, você vai preceber qual é o ponto... fica uma delicia com um café bem fresco".
Fiquei curiosa e fui procurar saber o que era um grolado. Achei umas descrições meio vagas, como esta: Mas os dois irmãos preferiam engrolado. Os craôs chamam de “engrolado” ou “grolado” a um alimento preparado em panelas de ferro com massa de mandioca. É como que uma farinha retirada do forno no meio do processo de torragem, ainda úmida e encaroçada. (Conto Craô de Guerra - neste site).
Ou esta: Vivia-se da pesca artesanal e da agricultura de subsistência. Faziam farinha ou utilizavam a mandioca brava que era cavada no chão e servia para fazer o “grolado” e o “beiju” para comer com peixe. Na falta da mandioca eles utilizavam a manipeba que era ralada e também servia para o grolado (Memória Viva dos povos do Mar do Icapui).
Foto que era bom, nada. Fiquei só na imaginação. Por isto, tive vontade de que alguém me dissesse que aquilo que fiz se parecia com um grolado. Mas, pelo jeito, não. E se não, pelo menos virou uma coisa muito boa, que logo associei com um cuscuz de mandioca - como respondeu a leitora Turmalina. Ana disse que parecia um torresminho - pois fui lá, fritei e virou uma coisa crocante gostosa pra salpicar sobre uma salada, com gosto de crostinha dourada de mandioca frita. A Rhayssa acertou na mosca: massa de mandioca na manteiga. Já a Marília lançou mais um desafio com seu chute: o que será frique-frique?
Como fiz: derreti um pouco de manteiga numa frigideira antiaderente, espalhei por cima, usando uma peneira de fritura, a massa de mandioca - aquela que tirei da prensa. E fui mexendo com um garfo largo de madeira e cozinhando até que ficasse com cheiro de mandioca cozida, até que os roladinhos ficassem translúcidos. Como não havia uniformidade nos tamanhos, passei por peneira para dar tratamentos diferenciados.
A esperança é que começasse a ficar esverdeado como citou o leitor/leitora que não assinou o comentário - de modo que eu nem pude tirar dúvidas. Olhei praquilo, provei e imaginei já um refogado de cabrito por cima ou qualquer outra carne, peixe, servido como cuscuz marroquino. Eles ficam macios, só um pouco elásticos, mas agradáveis na mordida. Com os grãos miúdos ainda fiz sopa rápida com um caldo de frango que tinha acabado de fazer e ainda uma farofinha crocante com bacon.
Como não sei se posso chamá-lo de grolado ou engrolado, vou enrolando chamando-o de roladinhos de mandioca na manteiga. Ou qualquer outro que alguém me sugira.

As bolinhas pequenas viraram sopa instantânea, com cenoura e folhinhas de alfavaca e coentro-chicória
Grãos graúdos servidos com guisado de cabrito, como o cuscuz marroquino
Os grãos pequenos também viraram farofa com bacon, alho, cebola, cheiro-verde
Como torresminho: os grãos grandes podem ser fritos e jogados sobre salada para dar crocância
Hoje tem de novo mesa redonda na Cultura
e estou saindo correndo - começa às 7. Amanhã dou as receitas da sopinha e do cabrito.

14 comentários:

Anônimo disse...

Neide, adorei seu grolado, engrolado, deu uma vontade de fazer e comer com um pouco de manteiga e café agora cedo... Em tempo, não vou pegar limões do pé de limão cravo só vou cheirar... O meu pé de jabuticaba está dando flor, um cheiro bom... Mais um tempinho vamos ter jabuticaba pra tirar de balde... Eu te aviso, promessa é dívida (Rua Dom Leopoldo I, 274). Beijo. Chus Carbajal

Carlota e a Turmalina disse...

Hummm...adoro mandioca em suas variadas formas e essa farofinha ficou prá lá de apetitosa!!!
Experimentarei num final de semana(que eu tiver tempo para realizar todo o processo)
Bjo

Marilia Castello Branco disse...

Ha ha... friquefrique é só um nome que inventei... achei que tinha cara de frique-frique, sei lá, uma coisa que você vai ralando, ou esfregando, vai fazendo um barulhinho. Mas parece que o nome é bom, soa como coisa de comer. Quem sabe agora você inventa uma coisa boa que case com o nome!

Neide Rigo disse...

Marilia,
sem dúvida este nome é bom. Estou aqui caraminholando um friquefrique.
Obrigada, beijos, N

Anônimo disse...

Olá Neide meu nome é Hildeny, moro em Teresina, e fui eu quem falou sobre o grolado de massa fresca da mandioca. Bom a cor do que você preparou é bem diferente da cor do que eu conheço, o que comemos por aqui a cor oscila entre verde e cinza e ele não é feito de macaxeira,e sim de mandioca. Não sei como o seu ficou tão claro, tão amarelinho.Que pena que não deu certo pois tenho certeza de que você adoraria provar um bom grolado como eu comia na minha infância. Se quiser saber mais me manda um email. Bjos

Neide Rigo disse...

Olá, Hildeny! Bom saber seu nome.
Bem, pelo menos você me deu uma boa idéia para inventar uma coisa que pode ser diferente da sua, mas garanto que ficou muito boa também. Agora, fiquei muito curiosa pra comer um grolado verdadeiro. Por aqui só temos macaxeira, a que chamamos de mandioca mesmo já que não temos da brava. Um dia, quem sabe, acabo me engrolando. Qual é o seu email?
Um abraço e, mais uma vez, obrigadíssima pela contribuição.
N

lidiana disse...

queridas também sou do interior do maranhão e comia mto esse grolado quando era criança...semana passada coloquei mandioca de remolho e fiz massa puba, sei lá de repente me bateu uma saudade da minha terra e de quando era crinça;e fiz o tal grolado;uma delícia.Háaa,o nome e grolado mesmo pelo menos é assim que chama-se no maranhão.bjos

Neide Rigo disse...

Lidiana, obrigada pelo comentário. Mas como é a receita do seu grolado? Poderia me contar. Um abraço, N

patricia disse...

To comendo neste exato grolado com cafe e leite pensa numa coisa gostosa...

Anônimo disse...

Olá pessoal. O grolado é feito de carimã ou puba e não de mandioca fresca. Procure puba ou carimã na feira. beijos.

tathielle disse...

Eu tbm sou maranhense, mas estou morando nos EUA há 7anos, essa semana minha mãe me mandou uma caixa do Brasil com farinha de puba, eu fiz um grolado pra tomar café da manhã com café preto! Nossa q deliciaaaa!!!

Neide Rigo disse...

Tathielle,
e qual é a sua receita de grolado? Um abraço, N

Unknown disse...

Olá Neide!
Aqui no Pará também comemos grolado. Ele pode ser feito com a puba fresca ou com a seca; a diferença é que no caso da seca você precisa hidratá-la com água; a cor varia de acordo com a qualidade da puba, mas, na maioria dos casos fica meio amarelado mesmo, por causa da manteiga. A puba é fácil de ser encontrada em feiras e você pode preparar a massa como se fosse um cuzcuz, use uma panela grossa, acrescente a manteiga, adicione a massa e vá mexendo até que cozinhe totalmente. Ao servir você pode acrescentar mais manteiga, ou azeite de coco, ou margarina.

Ana disse...

Neide comi grolado em Itarema-Ce, acompanhado de peixe frito ou assado. Uma delícia!