terça-feira, 1 de setembro de 2009

Feijão-da-colônia

Deixei de molho por umas 4 horas, para abreviar o tempo de cocção
Revendo minhas últimas fotos vi que já ia me esquecendo de falar do feijão vermelho-da-colônia que o Dória me trouxe do Norte. Não encontrei nenhuma referência a ele, mas achei o termo "feijão-da-colônia", que deve ser o mesmo. É um feijão de corda parecido com os que encontramos por aqui, porém, mais avermelhado. Bem, sabemos que há inúmeras variedades destes feijões em todo o Norte e Nordeste. São conhecidos também como caupi ou feijão-vigna. A espécie é Vigna unguiculata que agrupa tipos como o fradinho, sopinha e manteiguinha. O termo feijão-de-corda tem a ver com o tipo de planta, que cresce como trepadeira, diferente dos outros (roxinho, rosinha, carioquinha etc), que se desenvolvem em moitas. Por isso também os maranhenses o chamam de trepa-pau. Já o nome caupi deriva do termo inglês cowpea, por ser usado também como forragem.

Uma das características deste feijão é a rusticidade - é tolerante a seca e solos pobres e suporta bem estresses térmicos de regiões onde a temperatura na superfície do solo pode atingir mais de 40 ºC. Por isso, é uma cultura bem adaptada na região semi-árida do nordeste brasileiro, onde representa a principal cultura de subsistência de pequenos e médios agricultores. E também em lugares onde há curto espaço de tempo apropriado para plantar e colher. Algumas variedades são extremamente precoces, como o manteiguinha-de-Santarém, por exemplo. Na região Norte, eles são plantados nas praias dos rios durante a vazante e colhidos antes das cheias. Por isto também o nome feijão-de-praia.

Provavelmente seja originário da África, onde já era cultivado há cerca de 5 mil anos, associado à cultura de sorgo e painço. Mas hoje os maiores produtores mundiais estão na África, embora Brasil, Haiti, Índia, Sri Lanka, Austrália e Estados Unidos também tenham produção significante. Parece ter entrado no Brasil pela Bahia, através dos colonizadores portugueses e espanhóis, disseminando-se por todas as regiões do país (no Sul, o sopinha é uma variante do manteiguinha - fenotipicamente é idêntico, mas tem ciclo mais longo).
A vantagem em relação aos outros feijões, além da rusticidade da cultura, é que ele pode ser usado em todos seus estágios. As folhas mais verdes e tenras são importante fonte alimentar na África e podem ser preparadas do mesmo jeito que qualquer outra verdura como o espinafre. E as vagens imaturas podem ser usadas como as vagens verdes comuns, freqüentemente misturadas a outros vegetais. As sementes verdes são cozidas como grãos frescos de ervilhas.
Por não soltar tanto amido durante o cozimento, não engrossa o caldo, sendo por isso mais apreciado em saladas e em pratos que levam também arroz ou farinha. Porém, se tirar um pouco do grão cozido, bater e voltar pra panela peneirado, pode fazer um caldinho grosso. De resto, pode entrar em sopas, bolinhos e até no macarrão, como fiz outro dia. Gosto de cozinhar estes feijões de uma só vez e manter pequenas porções congeladas. Quebram um galho danado. E, de qualquer jeito, ficam uma delícia.
Temperado para comer com arroz: cozinhei os grãos já hidratados, cobertos com água e uma pitada de sal, por cerca de 40 minutos em fogo baixo. Deixei secar a água. Depois de frio, congelei o excedente. Um pouco usei assim: numa frigideira aqueci 2 colheres (sopa) de manteiga de garrafa, dourei aí 2 dentes de alho e juntei uma cebola picada, um pouquinho de pimentão de duas cores e pimenta dedo-de-moça sem sementes picada. Refoguei até amolecer. Juntei 2 xícaras de feijão e um pouquinho de água quente, temperei com sal e deixei ferver até secar a água. Juntei cheiro-verde, polvilhei pimenta ardida em flocos e nhac. Guardei o que sobrou....
Com gravatinha: no outro dia, na onda do prato único, aproveitei o feijão sobrante (cerca de 1 xícara) e juntei a um refogado de cebola com tirinhas de copa. Cozinhei macarrão gravata, misturei tudo e agora não sobrou nada!

4 comentários:

Ana Canuto disse...

Macarrão com feijão é tudo de bão, mesmo !

Odete disse...

Eu adoro todos os feijoes. Pelo menos os que ja encontrei ate agora. Com macarrao eh bom tambem.

Baker disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

Oi. Me chamo Clarisse. Feijão- da- colônia é como nós conhecemos aqui no Norte. Realmente ele é uma delícia. Gostei muito das suas informações sobre esta espécie de feijão. Obrigada!
Só uma dica: deixe hidratando cerca de 8h e o cozimento fica mais rápido, em torno de 25 minutos.