Diferente de muita gente, não sou do tipo que se derrete por um queijo. Como e gosto se ele está na minha frente, mas não o desejo. O mesmo se dá com doces, chocolates. Em compensação, não resisto à raspinha ainda quente de arroz grudado do fundo da panela, a um bom prato de sopa gorda, um quadrado de torresmo crocante e pão salgado quando sai do forno. Sorte que também gosto de muitos legumes, verduras e frutas. Então, fica tudo certo. Por isto, no café da manhã na pousada em Pirinópolis já ia deixando passar este e tantos outros tipos de queijo. Mas resolvi experimentar porque era novidade pra mim e por causa da cor que dá o nome: requeijão moreno. Provei e repeti. Era uma massa cremosa, cozida, com gosto forte de manteiga dourada, aquele gosto amendoado combinado com um certo doce de leite. Achei que pedia mais um acompanhamento doce que salgado. Ficou bom, por exemplo, recheando uma broinha de fubá. Dizem que derrete bem, mas não sobrou dele pra comprovar. Encontrei pra comprar na feira que acontecia na cidade, no domingo e a vendedora me explicou como se faz - tempera com a manteiga dourada (receita no link lá embaixo). Não podia deixar de trazer na bagagem - por ser bem gorduroso é também bastante resistente a viagens e chegou fresquinho. Aqui, pesquisei um pouco sobre ele e descobri que é um produto típico de Goiás, mas não só. Em Minas Gerais, mais para o Norte, parece que também é bem popular, e é vendido no Mercado Municipal de Belo Horizonte. Ananda não ligou muito, mas Marcos gostou bastante e quase que não sobra o queijo para experiências – usei um pedaço para rechear o ravióli de baru (porque achei que iria bem com o adocicado da fruta – e combinou) e outro para acompanhar o cajuzinho do cerrado, que eu estava louca pra provar. Pena que este não chegou bem por aqui ou já passava mal quando o comprei também na feira.
Requeijão moreno com cajuzinho do cerrado Não consegui confirmar o nome científico do exato cajuzinho que comprei, já que duas espécies do gênero Anacardium são chamadas popularmente de cajuzinho-do-cerrado, caju-do-cerrado ou cajuí: o Anacardium othonianum e Anacardium humile. De qualquer forma, era um mini caju muito perfumado, mas no retrogosto senti um azedo não de ácido mas de estragado mesmo. A espuminha na calda confirmava a contaminação. Na dúvida, foi tudo pro lixo. Mas a foto fica como dica de combinação, pois acho que se merecem. Só vou ficar sabendo mesmo quando tiver de novo a oportunidade de provar uma amostra sã. Se você já provou, me conte.
Recheio para ravioli com polpa de baru - a receita publiquei antes de ontem.
Recheio para massa com abóbora e castanha de baru
Para saber mais sobre os cajus do cerrado, acesse
Espécies potenciais do gênero Anacardium no Cerrado Goiano, de Sílvia Correa Santos Fruteiras do Cerrado, de Silva, A.P.P., Melo, B. e Fernandes, N.
Sobre o requeijão
Uma receita de requeijão moreno
Um vídeo sobre requeijão mineiro, de Pedra de Indaía, com raspa do fundo da panela
6 comentários:
Neide! eu faço parte da turma que enlouquece por um queijo... um não, vários! e lá na pousada em Pirenópolis, meu café da manhã era só queijos! Realmente esse "moreno" me surpreendeu e fico feliz em vc ter nos presenteado com a receita.
bjs
Adriana!
E eu não sei da sua paixão? (riso)
Agora quero conhecer os de Caicó, que você vai me mostrar.
Beijos, N
Neide,a última foto das massinhas sendo recheadas está tão bonita,quanto capricho! Eu trago do ES o requeijão de corte,que adoro,ele derrete muito bem e fica ótimo para rechear tapioca.Beijo!
Neide: Eu sou da turma do queijo mas não do chocolate e também de muitas frutas e legumes.
Esse cajuzinho foi muito comum na minha infância pois a região do interior de São Paulo de onde sou, tem muito cerrado e me lembro bem de irmos colhê-lo no mato. Na verdade eram pezinhos meio rasteiros e enchíamos muitas latas, assim como de gabirobas.
Já o requeijão moreno eu não conhecia.
Um beijo.
Neide,
Eu amo esse requeijão! Ele é tipíco da minha cidade ( Capelinha MG), gosto dele derretido para comer com pão, maravilha! Devo demorar para ir lá, mas fica aqui a promessa, quando for te trago um. Beijos, Silvia Vieira- Campinas
Mariângela,
capricho nada, veja a massa toda manchada de recheio... Bem, este do Espírito Santo não conheço. Se está dizendo que é bom, acredito.
Ana, este cajuzinho do cerrado paulista é aquele cujo caule está por baixo da terra, né? Só aponta pra fora as folhas. Já vi a planta, mas quando não tinha frutos.
Silvia, bom saber!
beijos, N
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