quarta-feira, 2 de março de 2011

Comeu-se mais ou menos assim em Dakar


Indianos têm mais habilidade para comer com as mãos que os franceses. Em cima, Subramanian Siva Ramalingam usa apenas três dedos com uma agilidade incrível. Abaixo, o padeiro francês Michel Cirès suja a mão toda (e eu, as duas!)
À mesa, à luz de velas (quase todos os dia tem apagão!), num prato só, com as mãos
À mesa, num prato só, com talheres

Com talheres, pratos separados, no chão
Maëlle, da Solidarité (de amarelo), nos levou a este restaurante popular pertinho da universidade onde acontecia o Forum Social Mundial. Na foto, além de Maëlle, Maria Candelaria com bebê na barriga, eu e Madelen Baez. No chão, em pratinhos lascados de ágata, comemos delicioso thieboudien, um refogado de legumes e peixe com arroz quebradinho bem temperado. Se não me engano pagamos o equivalente a 4 ou 5 reais.

Às vezes, junto com os peixes de carne firme usados neste prato, vinham também as ovas!
Arroz quebradinho e legumes
Usam muitos legumes como quiabos, abóboras, djakatou (um tipo de berinjela redonda e um pouco amarga), berinjela comum, pimentão, tomate, cebolas, repolhos. E o arroz pode ser assim, quebradinho como nossa quirera de arroz que não encontramos no mercado (veja aqui no Come-se:
quirera de arroz com camarão, com suã, com moqueca de pé de galinha). Delicia total!
Comem por lá bastante amendoim. A pasta de arachide como é conhecida a manteiga de amendoim purinha, sem sal ou açúcar, entra em vários molhos como neste sauce arachide chamado ou Mafé (originário da Costa do Marfim). Fez-me lembrar
do vatapá da Eliane. Um dos melhores prato que comi lá.
Esta é a djakatou, uma berinjela arredondada com formato de gomos que pode ser preparada em pratos doces e salgados. Está presente em quase todos os pratos de legumes e, como é meio amarga como o jiló, comia sempre a minha e a dos meus amigos que não gostavam muito. Eu amei.
A mandioca é tratada simplesmente como legume. Há quase nada de produtos derivados dela, com exceção de uma farinha finíssima como a de trigo (feito provavelmente com chips secos e triturados da raiz) e o cuscuz da Costa do Marfim.

Cuscuz de fonio (falo mais dele depois)
Há cuscuz por toda parte e de tudo quanto é tipo. Tudo que é farinha pode virar bolinhas para cuscuz, até farinha de banana. Este já nasce pronto, pois o fonio é um micro cereal do tamanho de grãos de areia e delicioso, típico de lá.
Come-se chique também. Aqui, no restaurante do Institut français de Dakar, no último jantar.

6 comentários:

Margot disse...

Quanta coisa boa (a experiencia e as comidas)...Eu ja comi um Maafe ou Mafe num restaurante africano, aqui em Londres, com carne de carneiro, que era de lamber o prato, e o meu amigo comeu a versao vegetariana com bata-doce, que era tambem divino. Bj grande

Cristiano disse...

Neide,
É fácil fazer quirera de arroz é só colocar um pouco de arroz crú numa garrafa pet e chacoalhar bastante e pronto! temos uma nova versão de arroz para canja, usamos muito isso para fazer canja.

Cristiano

Claudia disse...

Neide,

Que viagem fantástica e que comida maravilhosa. Eu adoro arroz com ensopados diversos e adoro arroz quebradinho, no fim parece até cuscuz.

Curioso que no Senegal eles usem a mandioca como mais legume apenas.

Mas queria te contar que aqui, neste norte distante de tudo, eu comecei a achar algumas farinhas de mandioca diferentes. No princípio tudo o que eu achava era o tal amido de mandioca asiático, da Tailândia, bem parecido com o nosso polvilho doce. O polvilho tailandês é bem ruinzinho por sinal, tem um cheiro forte mas dá para fazer raivinhas e até pão de queijo. Recentemente comecei achar farinha de mandioca exatamente igual a nossa de fazer farofa, importada de Ghana. E outro dia achei uma farinha de mandioca azeda, na embalagem diz ser "sour cassava flour" também de Ghana.

Enfim, como você mencionou os diferentes usos nessa região da África começo a achar que você vai encontrar coisas muito interessantes se decidir investigar o uso da mandioca em Ghana que por sinal é hoje um dos celeiros da Africa.

Beijos,

Claudia

Flora Maria disse...

Imagino que para você, uma pesquisadora de mão cheia, deve ter sido uma experiência maravilhosa essa viagem onde conviveu com culturas tão diversas e interessantes !

E nós aproveitamos sua vivência nesses textos riquíssimos que está postando.
Obrigada pela oportunidade !
Beijo

Neide Rigo disse...

Margot!
Quando for aí, você me mostra ao vivo.

Cristiano, o que faço também é quebrar no liquidificador. Obrigada pela dica.

Claudia, sim, este arroz quebradinho faz as vezes de um cuscuz.
Também já comprei uma farinha azedinha deliciosa de Angola. Cada país africano deve ter suas farinhas. A que vi no Senegal é tão fina quanto a de trigo e pode ser usado em bolos, bolinhos e pra misturar com trigo para o pão. Mas obrigada pela dica de Ghana. Vou pesquisar.

Flora, viagem a qualquer lugar é sempre um grande aprendizado. Pena que o tempo foi pouco.

Um abraço, N

Maëlle disse...

Hola Neide. Que placer ver las fotos de Dakar. Este post sobre la comida refleja muy bien una realidad de Dakar:)
un Abracao y felicitacion por su blog, realmente muy interesante y pedagogico.
Voy a publicar los Link de sus articulos que hablan de Dakar, panes y tortilla en el blog de SOLIDARITÉ tambien:)