sexta-feira, 11 de março de 2011

É mais barato, gentil e transparente comer em Paris


Cobertor de gentileza, para a friagem do terraço
Numa situação hipotética você contrata uma faxineira por 150 reais por dia. Ela chega com um buquê de flores, você dá as orientações do que quer e volta no fim do dia para fazer o pagamento. Neste momento fica sabendo que sua conta pulou para 250 reais porque ela está cobrando 25 de cada vasinho com flor que deixou logo pela manhã, à sua revelia, em cada quarto. Você reclama e ela retruca que se não quisesse teria que ter avisado logo que ela chegou.
Você também pode chegar a uma loja para comprar camisetas e logo à entrada um vendedor te enfia na cabeça um boné, ao que você agradece. No final, o boné vem na conta. O taxista poderia desviar do seu caminho para lhe mostrar um ponto turístico que acha imperdível e você ter que pagar por estre braço de corrida. E por aí vai.
Nada disto aceitaríamos sem esbravejar. No entanto, você chega a um restaurante e, antes que arrume lugar para sua bolsa, antes que abra o cardápio ou enquanto vai lavar as mãos, sua mesa já está devidamente abastecida de couvert - às vezes umas conservinhas fermentadas no mau sentido, uns pães sem graça e bolinhas de manteiga. Ou tanta coisa que valeria por uma refeição. Você gostaria de acreditar que é apenas uma cortesia, não sabe o preço daquilo, se sente constrangido de perguntar ou mandar tirar e depois leva um susto quando fica sabendo o valor do assalto. Se estiver com a família, então, é o leite do mês. Já paguei por aqui R$ 27,00 por pessoa, talvez já tenham chegado aos 30! Nestas horas você percebe que se tivesse convidado aqueles quatro amigos para comer em sua casa poderia ter feito uma farta e animada refeição com carne e vinho pelo valor da soma dos couverts.
Aí você pede uma água porque o preço do vinho em restaurantes está pela hora da morte, e você nem gosta tanto assim de água com as refeições - é só para a mesa não ficar vazia. Vai conversando e bebericando a sua água que nunca acaba. Quando chega a conta, descobre que vai ter que pagar 21 reais pelas três águas que consumiu - um serviçal fantasma, e ele é treinado para se comportar assim, abasteceu sua taça a cada gole sem que você percebesse e te enfiou duas outras garrafas goela abaixo sem que você as pedisse. E você nem gosta de água tanto assim... Bem, você pede uma entrada e diz que vai ficar só com a entrada. Não, não pode, a entrada só tem aquele preço se estiver casada com algum prato principal. Se não, o preço é outro. Então pede um prato para dividir. Não, não pode. Na hora de ir embora, um cafezinho. E chega o cafezinho com docinhos, biscoitinhos, frescurinhas e engordativinhos não pedidos. Mas você já comeu sobremesa, só queria um cafezinho. Não pode. Você não pode nada, eles cobram por tudo. Aí vem a conta com tudo o que possível de ser cobrado e, claro, a taxa de serviço que não é tão opcional assim.
Depois do susto, vem também a decisão envergonhada de nunca, jamais, em hipótese alguma, contar àquela sua faxineira careira quanto você é capaz de gastar numa só refeição. E nada do que você comeu ali era realmente imperdível. Isto é um pouco de São Paulo, com felizes exceções.
Tive a sorte de conhecer Paris neste momento em que os nativos estão percebendo que o principal produto capaz de manter a cidade viva ainda é o turismo e quando a mistura de culturas é tão grande que parece obrigar os franceses a mostrar o que eles têm de melhor para se sobressairem entre uma multidão que os dilui entre árabes, chineses e africanos.
Entristece saber que ainda copiamos costumes franceses que já não fazem mais parte daquela cultura ou que algum dia estiveram restritos a uma pequena corte e seus seguidores, incluindo a arte de esbanjar, a cultura do servilismo e a arrogância de colonizador. Não vi isto por lá. É claro, não falo dos ricos franceses, mas de gente comum, classe média, que trabalha para pagar o que compra, que tem acesso à cultura e que eventualmente come em restaurantes. Esta gente parece querer sempre saber quanto vai gastar, tintim por tintim.
Prova disto é que a maioria dos restaurantes que vi pelos bairros por onde circulei trazia os preços dos pratos na porta, numa lousa charmosa. E isto queria dizer o seguinte: se você escolher comer um cordeiro e uma taça de vinho, é só somar as duas coisas e já entra sabendo exatamente quanto vai gastar. Assim como o pão, a água em jarra é sempre cortesia,
a menos que prefira água mineral em garrafinhas plásticas condenáveis.
Não é nenhuma novidade falar dos preços altos dos restaurantes em São Paulo (e talvez no Rio e outras capitais). Carlos Dória já destrinchou o assunto em profundidade analisando fatos e custos. Luiz Américo e Luiz Horta também vivem falando disto. Então você viaja e confirma o que eles dizem - é mais barato comer em Paris que em São Paulo. Se a comida é apenas um item que compõe o preço final do prato, onde é que a coisa pega? Por que os restaurantes daqui te assaltam nos itens dispensáveis para você? Ah, vai ver que aluguel em São Paulo é mais caro que em Paris ... Ou será que poderíamos gastar menos se pudéssemos encher a própria taça enquanto temos braços, ou se tivéssemos a escolha de pagar apenas pelo que queremos consumir sem aguentar cara feia? Mais que a diferença de preço entre pratos de qualidade similar é o que te cobram aqui por itens como o tal couvert, a água, o café, o vinho ou por uma água quente com folhas de hortelã - quando não, sachê.
Eu, sinceramente, não vou muito a restaurantes porque acho caro. E, como sugere o amigo Luiz Horta, melhor ir juntando o dinheiro pra ir comer em Paris. Nos dois anos em que fui jurada do Prêmio Paladar pude ter uma boa mostra do que acontece. Falta gentileza e transparência e sobra ganância. A relação comercial é tão descarada que não lhe dá a escolha de relevar os pequenos defeitos de um restaurante. Uma coisa é certa, quando você paga caro inclusive pelo que não escolheu consumir, uma cenoura cozida um segundo além do ponto que você julga correto será motivo para não mais voltar. Vira birra. Retirar algo de sua mesa (o couvert não pedido, por exemplo) é tão simbólico quanto o ato de ofertar uma jarra de água e uma cesta de pão e o significado de cada coisa tem um entendimento universal.

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Só para ficar em dois exemplos: por recomendação do Luiz Horta, fui ao Le Camptoir du Relais, do chef Yves Camderborde, que já estava na minha lista - fiz uma aula com ele, quando esteve no Brasil, e publiquei aqui no Come-se umas receitas. Pedi aquilo que achei mais curioso - pé de porco desossado e empanado. E fui feliz! Marcos preferiu um clássico carrê de ovelha e também acertou. Tomamos vinho, comemos um creme caramelo de verbena anunciado pela garçonete, que não estava no cardápio, e terminamos com café, um simples café expresso com um biscoito. Jarra de água fresca e pão artesanal são gentilezas. A conta, 70 euros! E esta foi nossa única extravagância na viagem, baratíssimo perto de algo similar por aqui. Não preciso dizer que a comida era impecável, deliciosa, linda, cheirosa. E se o pimentão do carrê estava um pouco salgado e ácido demais, quem liga? Todo o resto era tão bom e gentil.


Como estávamos hospedados entre Bastille e Marais, fomos a pé almoçar no último dia, por recomendação do amigo Pedro Henrique, num bistrô de comida provençal, Chez Janou. Passava um pouco do meio dia e encontramos a casa com algumas mesas vazias. Logo a casa lotou. O garçon que nos atendeu, moço louro, alto, bonito e atencioso, corria de uma mesa a outra sem descanso. Ainda assim, foi paciente com nossas escolhas, sabia sorrir. Pedimos uma "formule", combinado presente em quase todos os restaurantes, no almoço, que consiste de entrada + prato principal + sobremesa ou dois desses pratos. Algo como nosso executivo. Custa geralmente entre 10 a 13 euros. Neste caso, 13 euros, com dois pratos. Pedimos para dividir o combinado e fomos atendidos com gentileza, de modo que Marcos comeu o peixe e eu, uma sedosa sopa de castanhas, acompanhados de vinho. Jarra de água e pão, por conta da casa. A recomendação do Pedro era principalmente para que comêssemos musse de chocolate de sobremesa. Disse que teríamos uma surpresa. Nem sou muito de doce, mas Marcos é e pedimos. O garçon arrumou uma pratinho e duas colheres, mesmo eu não tendo pedido, e trouxe a sobremesa. A surpresa? uma tigela enorme da qual poderíamos nos servir à vontade de uma musse de chocolate divina. Marcos levou um susto. Só depois de um tempo o garçom vem retirar a tigela. Se fosse aqui, já sei: - Não, esta musse só é servida se todos da mesa pedirem. Mensagem subliminar do restaurante: um só pede e todos comem, nós saímos no preju. Bobagem. Saímos com a casa lotada, fila na porta, poucos turistas e muita gente que parece trabalhar nas redondezas. Ah, a conta? 26 euros para dois satisfeitíssimos! Há outros bons exemplos, mas estes ilustram bem.
Só para terminar, uma constatação curiosa: amigos que vivem há muitos anos em Paris e trabalham com franceses classe média dizem que eles acham que brasileiros que viajam por lá são todos muito ricos porque acham barato estes restaurantes que eles ainda acham caríssimos. Alguma coisa está errada, tá ou não tá?
Até o Soupe Populaire é charmoso! Não, não fui pegar a senha. Mas o cuscuz de graça das quartas-feiras quase fui comer - em outro lugar. Fica pra próxima.

45 comentários:

Marcia H disse...

Neide,
seu blog é o melhor blog de culinária do mundo - disseram num outro blog e eu assino. Você tem toda razao.
Meu cunhado me pediu para que eu levasse um vinho para ele. No free-shop de SSA o vinho custava quase 90 dolares, aqui na minha cidade ele custa 40 reais, numa loja em SSA ele custava 499 reais. Esses absurdos nao condizem com a nossa realidade.
Fiquei impressionada com seu relato sobre Dakar, lindas fotos, que experiencia maravilhosa.
Um abraco

Anônimo disse...

Neide, Neide, só você mesmo pra dizer umas verdades sobre esse nosso mundo besta daqui. Parabéns!!! Mulher de atitude. Não canso de repetir: seu blog é o melhor que temos.
Ana Paula.

Flávia disse...

Neide, vc expressou perfeitamente uma impressão que tenho: esse couvert que nos enfiam tentando nos constranger é uma falta de educação sem fim (assim como aquele chopp que trocam sem vc nem ter terminado o anterior). Moro fora do Brasil há 3 anos e na primeira vez que retornei estava com a ilusão de encontrar comida barata, mas tive um choque com a realidade. É isso. Gostei do texto e me deliciei com a sua aventura em Paris. Abraços.

Gina disse...

Acho que Curitiba ainda não chegou a esse ponto.
E temos que engolir tudo que estão nos impondo? Em prol de não parecer mesquinho, "zé povinho"? Certamente que não devemos ser mal educados e devemos dar o crédito a quem merece. Recomendar um restaurante ou voltar a frequentá-lo, aí é outra história! Precisa merecer!
Na Espanha, em Valência, jantamos num restaurante cuja refeição estava boa, mas o couvert era um pão de uns 100 grama que não apetecia nem um pouco e não fora solicitado! Ninguém comia. Quando veio a conta e vimos o quanto tínhamos que pagar por aquele pão, que nem foi consumido, sem direito à argumentação, levamos o pão e doamos ao primeiro morador de rua que encontramos...
Não é só no Brasil que acontecem certas coisas, mas nosso povo é por demais acomodado... ou soberbo ou seja lá que nome podemos dar a essa atitude.
Pronto, já falei demais.
Boa reflexão, Neide!

Isaac Kojima disse...

Sim, existe um abuso em nossos restaurantes. Serviços não pedidos e no fim cobrados e funcionários que não acabam mais. Hoje, qualquer bistrozinho tem um enólogo. Um dois de paus só para te servir água. E tem a bela hostess só para dizer onde tem uma mesa vazia. Sem contar manobrista e segurança (que tem em qualquer barzinho ou lanchonete da região Jardins/Pinheiros/V. Madá/ V. Olímpia). Aí, lógico que sai caro comer.

Mas tem uma coisa. Creio que parte do problema parte de nossa classe média, esnobe e que se deslumbra fácil quando tem um monte de gente servindo. Sim, a classe média gosta de serviçal e tem um complexo de casa-grande e sezala nas alturas. O reflexo disso está nos preços.

Raquel disse...

E sem falar naquele vallet infame!Outro dia paguei R$17,00 e jurei, nunca mais!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

A foto do Marcos com a boca aberta em cima da mousse ta demais ta incrivel!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! dei boas risadas com o que relatou e com a foto Abracos Denise (risada no bom sentido que o negocio e serio a la isso e)

Patricia Lieko disse...

Neide, esta é uma constataçao que vem sendo percebida por muitos brasileiros que tem a oportunidade de sair do seu país. Brasileiros estes que contribuíram para o incremento da exploraçao ao deixar se impressionar pelo luxo (hostess, somellier, etc)e se esquecer da própria comida.

Anônimo disse...

Neide, a foto do Marcos está genial!!vou mostrar pro Rui.
De resto, a mentalidade do brasileiro rico é deplorável.
Beijo!

Mariângela disse...

a anônima sou eu..

Marisa Ono disse...

Adorei a cara de espanto do Marcos! Eu acho que a grande diferença mesmo nisso tudo é que para o brasileiro, comer fora ainda é luxo, é programa. Pelo menos, no Japão, era hábito. Em alguns casos, chegava a ser mais barato comer fora que fazer em casa...
Estou te esperando por aqui, viu?
Beijos.

wair de paula disse...

Em primeiro lugar, a foto de adorável espanto frente à tigela de mousse é ótima!
Segundo - até restaurantes médios e/ou medíocres estão cobrando muito alto aqui em SP. Pelo preço de um jantar no JoJo, em NY, cardápio de Jean-Jorges Vongerichten, contendo entrada, prato principal e sobremesa, mais vinho, tivemos o desprazer de um jantar em um restaurante na R.Fernando Azevedo SEM entrada nem sobremesa. Sendo que a comida não chegava aos pés da casa novaiorquina, os guardanapos eram de papel, garçons mal-educados e 50 minutos para esperar o carro chegar, apesar dos R$15,00 pagos...

Dricka disse...

Ah, Neidoca, com certeza tem algo muito errado por aqui! Os preços daqui são exorbitantes e os salarios módicos (exceto claro, se você for deputado).
Bjs

Mariano disse...

Cara Neide,
Minha esposa me taxa de ranzinza e muxiba por concordar contigo. Um pulinho a um restaurante aqui do bairro me custa uma semana de compras no Varejão do Ceasa.

Mariano disse...

Corrigindo: "nos" custa uma semana de compras...
O dinheiro é dela também.

marta disse...

Oi Neide,
adorei teu comentario a respeito restaurantes Paris,inclusive com as photos!!!!meu argumento sempre foi que eh mais barato comer na França do qualquer outro lugar no Brasil ou aqui.,Eh uma arte!!!! A proposito,segui teu conselho a respeito da tapioca e deu certo!!!!coloquei o pano seco encima e depois foi facil manipular e fazer as panquecas,soh que depois de frias elas endurecem eh normal?bom,obrigada,deu para matar as saudades!!!!

raq disse...

vou concordar com os dois primeiros comentários. seu blog é o melhor! eu adorava comer fora, mas os excessos dos restaurantes estão me deixando mais em casa. tb acho o preço absurdo, muitos donos de restaurante culpam os impostos. eu não tenho como julgar... mas o que me irrita mesmo é que tudo é muito pretensioso: decoração (tudo parecendo cenário. irca!), serviço e os próprios pratos

Marcelo Del Fiore disse...

No fim de semana passado estive com minha família em um conhecido restaurante italiano de Campinas. De fato, um prato de massa ao pesto por R$ 35 é piada. Principalmente pela mesmice e desleixo do prato.
Aliado à ganância dos proprietários (que me parece o principal fator dos preços absurdos) está a insistência de não trabalhar com produtos sazonais e locais. Até mesmo por conta da arrogância dos clientes. Ou seja, nos mesmos !

Marina disse...

Neide,
Excelente postagem. Lavou minha alma, pois sou metade brasileira, metade francesa e já tinha feito essa observação: contrariamente aos franceses, no Brasil, os "nouveaux riches" acham que chique é gastar dinheiro, não importa com o quê... A França já foi referência em falta de cordialidade com turistas, mas isso realmente está mudando, e certamente é um país que respeita o dinheiro de todos (não só da classe média francesa). Parabéns por instigar uma reflexão tão perspicaz nesse meio de comes e bebes!

Anônimo disse...

Oi Neide,
Adorei o post, pois concordo plenamente com o que voce disse.
Acho que, de modo geral, ha pessoas que acham que pagar caro demonstra um certo status e isso alimenta essa cadeia de exploracao.
O famigerado couvert nao falta nunca. Se ao menos fosse um pao especial (aceito o couvert no Navegador, por exemplo, porque adoro os paezinhos de queijo) a gente ateh se animava.
Felizmente nao tenho muito problema em dizer NAO, especialmente quando tentam me enfiar a faca.
Acho que dificilmente se come melhor do que na Italia e te asseguro que se pode comer, por exemplo (para ficar numa coisa bem basica), as melhores pizzas napolitanas, com uma garrafa pequena de vinho por 10 euros. Uma pizza enorme, cuja massa eh sublime e todos os ingredientes sao cuidadosamente escolhidos.
A questao da transparencia tambem foi muito bem colocada.
Fui a um restaurante em Pedra de Guaratiba, no Rio (infelizmente segui a indicacao de uma amiga e me decepcionei totalmente com tudo) e ao receber a conta notei que a tortura a qual fomos submetidos durante todo o almoco tinha um preco e vinha definida na nota como "couvert artistico".
Eu disse que nao ia pagar por algo que havia me incomodado. O garcon, entao, disse que era opcional (mas isso nao vinha escrito).
Na mesa, alem de mim, havia outras 4 pessoas e todos ficaram "sem graca" de fazer o que fiz.
Acho que a gente precisa ter uma postura mais firme diante dessas coisas.
Da proxima vez em Paris vou com uma listinha de bons restaurantes para descobrirmos juntas, ok?
Um beijo para o Marcos. A foto dele ficou otima.
Gabgaby

Anônimo disse...

Neide:
Também estou cozinhando
... de inveja
Beijos
Rui

Angela Escritora disse...

é.. sei lá..
Mas aprendi que não dá pra voltar em cidade.. 150 o dia de uma faxineira?
céus. Vou ter de comprar aquelas vassouras do polishop que dobram e se enfiam debaixo dos móveis se eu tiver de voltar a morar em cidade! Ou fazer que nem a Laura ingalls e não ter "debaixo" de nada. Tudo grudado no chão.

chirleymaria2@gmail.com disse...

Quequeisso né?!!??? ... mas eu sei donde eles tiram a "liberdade" de serem tão folgados assim, do próprio governo! que obriga a gente a pagar muita coisa sem querer, sem usar e etc... a começar na conta de água... acho que na maioria das vezes somos mesmo muito complacentes...mas seu texto é muito bom pra gente pensar e rever nossas atitudes de panacas! Obrigada!

Fer Guimaraes Rosa disse...

Neide, seu relato está ótimo! já repassei, comsualicença! :-)

Outro dia fomos jantar num restaurante bem chiquezinho em Napa. Perguntaram se queriamos agua normal ou com gas, que veio numa garrafona reusavel. Não cobraram pela água. Esse já é o terceiro ou quarto restaurante desse nível em que jantamos e que tem esse sistema. Lembrei da nossa conversa no taxi. A impressao que eu tenho é que esse esquema de abusos sobrevive porque as pessoas pagam, sem reclamar. É só sair do Brasil para dar de cara com uma outro panorama, bem mais realista e sustentavel. um beijo!

Nichola's blog disse...

Eu a d o r o o Janou. :) E gostei muito do seu blog que me foi apresentado pela Anna. Merci.

Kenia Bahr disse...

Neide, ótimo post!
Sabe que um garçom amigo me contou que muitos restaurantes não repassam os 10% cobrados de taxa de serviço para os garçons. Eu agora chamo a pessoa de lado, pergunto baixinho e discretamente se o restaurante repassa e se recebo não como resposta, não pago a taxa.

Me fez lembrar tb da dona do restaurante onde eu almoçava há um tempo atrás: um dia pedi limão para a salada e ela disse que eu teria que pesar. Fala sério...

Beijos e vamo comer mais em Paris que é melhor. ;)

Claudia disse...

Realmente teu blog é demais...Paris é uma surpresa maravilhosa sempre...adorei bjs

Letycia Janot disse...

Muito pertinente seu artigo. Comer fora aqui em São Paulo está cada vez mais caro. E me parece que os garçons cada vez mais treinados para te fazer pagar uma conta bem alta. A minha vingança é deixar de ir a esses lugares onde me sinto assaltada. E também estamos cozinhando muito mais em casa, o que não só economiza dinheiro mais também é muito prazeroso. Um abraço, Letycia.

clau disse...

Neide, e eu que passei o meu tempo em SP falando que, coisa incrivel, se podia comer melhor e mais barato aqui na Italia...?
Jogo duro!
Bjs!

mari disse...

Oi Neide!
Concordo demais com voce; esse carnaval me decepcionei com meu estado natal, o rio de janeiro, em vários graus. Fui com uns primos de sampa a tres diferentes pontos turisticos ( o mac, em niteroi, e o planetário e o jardim botanico, no rio. Os tres estavam fechados pois, afinal de contas, era carnaval. Fomos então, a um badalado restaurante em santa tereza, com uma vista deslumbrante do rio. Paga-se pela vista, pois lembro até agora dos preços: R$18 a caipirinha, R$ 70 a galinhada (era uma colher de arroz de galinhada), e por aí vai. E meu marido queria pedir um outro prato, uma terrine de miudos, por outros 70 reais11 quase tive um troço, 70 pratas pra comer miúdo de galinha?????
Enfim, bom saber que não sou a única.... beijos, no rio é a mesma coisa. Juntemos então dinheiro para comer em paris....

Livia disse...

Neide, já encaminhei para duas pessoas: Deus e o mundo! Seu trabalho é admirável, raro mesmo. Tô fora de restaurante metido a besta. Como a Nina Horta disse outro dia, não sei quando, não sei onde, se tem o nome "gourmet" no meio, já desconfie. Fazer da comida uma mercadoria tão cara não combina com a necessidade primeira do homem, a de se alimentar. Obrigada pelo excelentetexto.

minicozinha disse...

Neide,
ótimo texto. Moro em Recife e, aqui, ainda encontro poucos bons e baratos restaurantes. No entanto, nos últimos anos, abriram vários restaurantes caríssimos de "comida contemporanea". Estive no Rio agora no carnaval e fiquei chocada com o preço dos restaurantes. E a comida nem é tão bom assim. Melhor mesmo guardar dinheiro e ir comer em Paris. Certa vez, paguei 6 euros num sanduíche de salmão defumado, com um refrigerante e uma tortinha de chocolate. Delicioso.

beijos,
heloisa

Maria das Graças disse...

Neide, moro no Rio e quase nunca vou a restaurantes. Comida medíocre e caríssima. Garçons demais e completamente despreparados.
Como já lhe disse passo temporada em Paris quase todos os anos, alugo apto, vou a feira, faço comida em casa e frequento esses tipos de restaurantes que voce citou. A maioria no meu bairro. E volto feliz da vida. Já estou me preparando para a próxima temporada em setembro/outubro.

Maria das Graças disse...

Neide, peixes e frutos do mar nos restaurantes daqui passam sempre do ponto de cozimento. Ressecam, endurecem. É o teste que faço para testar a cozinha quando vou a um restaurante pela 1ª vez por aqui.
Esse steak de peixe da foto me deu água na boca.

Karina Monteiro disse...

Adorei seu post querida, essa diferença de preço percebemos em toda a Europa quando estávamos em lua-de-mel ano passado. É incrível como os restaurantes aqui no Brasil cobram tão caro por uma boa refeição, principalmente nos restaurantes badalados.

EduLuz disse...

Neide, tudo certo e mais do que apropriado.
O problema é que os restaurantes deveriam estar vazios.
Mas não estão!
Ou seja, a famosa lei da oferta x procura continua funcionando por aqui.
Abs.

Caco disse...

Infelizmente, esse é mais um item do retrato de nosso País que, desde o começo, tudo foi feito errado. Isso desde 1500 mas, isso é papo pra outra hora. Brasileiro tem suingue, brasileiro é alegre, brasileiro tem garra. O brasileiro não desiste nunca! Aliás, não desiste de deixar de ser otário quando paga pelas tarifas de telefonia, tanto fixa como móvel, MAIS CARAS DO MUNDO, seguido também por automóveis (semi-carroças), eletroeletrônicos, enfim, praticmente tudo, o Brasileiro paga mais que o dobro do que pagam lá fora e, pior: paga rindo! Com aquele "jeito maroto" de quem fez uma "baita negócio". Claro, para o cartão de crédito ou banco/financeira que emprestou dinheiro a ele para pagar em 12/24/36/48/60 meses, isso se ele conseguir pagar e não ter de renegociar sua dívida uma meia dúzia de vezes... Enfim, o brasileiro não se educou a dar o verdadeiro valor pelas coisas e, claro, a pagar e exigir por elas, à medida de seu custo. Vivemos ainda, sim, a política da Casagrande, do Imperialismo... Do Coronelismo. Estams cansados de ver. O povo não muda. Acha "legal" esnobar, mostrar que (talvez) tem dinheiro. Gasta 300 reais num almoço ou jantar e chega em casa nem comida tem em casa (cansei de ver gente assim)... Mas, não vejo que a situação vai mudar para melhor pois os valores e virtudes vêm, cada vez mais, se diluindo ao longo dos tempos...

Caco disse...

Em Porto Alegre, cidade em que moro há quase 2 anos, tive o (des)prazer em jantar numa pseudo-cantina italiana chamada Atelier das Massas, junto com minha esposa e um amigo. Bifê (a quilo) de antepastos, vinhos a um valor mínimo de 90 reais (Miolão ou Aurorão da vida) e, pasmem, cada prato de pasta, a "módicos" 40 reais! Só jantei porque minha esposa FEZ MUITA QUESTÃO pois considero um ASSALTO cobrarem 40 reais por um espaguete à bolonhesa, por exemplo. E, como se tudo isso não bastasse, havia ainda a arrogância do casal de donos que mal olhavam ou se dirigiam a nós. garçons malarrumados, com uniformes rôtos e encardidos casa empoeirada, mal iluminada, enfim, um show de horrores... Resultado: "continha" básica de 140 reais! NUNCA MAIS. ATELIER DAS MASSAS EM PORTO ALEGRE! FUJAM!

Cláudio Gonzalez disse...

Neide, você até me emociona. Outro dia também reclamei desta questão do couvert no meu blog (Papillon), mas não com a elegância e o talento que você tem para dizer tudo o que nós queríamos dizer. Eu até gosto do couvert. Em muitos casos, são ótimas entradas e ajudam muito quando se vai com crianças pequenas ao restaurante. O couvert ajuda a distraí-las enquanto a comida não chega. Mas acho uma esperteza mercantil miserável essa coisa de cobrar o couvert por pessoa.
Sobre restaurantes caros, narro uma experiência dessa semana: resolvi inaugurar no meu blog uma sessão para avaliar os melhores picadinhos de São Paulo. Resolvi começar em grande estilo, indo provar o famoso picadinho da Casa da Fazenda, no Morumbi, é um lugar lindo, mas o preço é abusivo. Fui sozinho, gastei R$100 (cem reais) = (R$9,80 pelo couvert + R$8,10 por uma cerveja Neineken + R$ 59 pelo picadinho + R$ 3,90 pelo café + 12,00 pelo estacionamento + 10% de taxa de serviço). Hoje, fui provar o segundo picadinho, num boteco bacana do centro de São Paulo, gastei R$ 16,00, com direito a uma cerveja Devassa ruiva. E quer saber: o picadinho do boteco estava mais gostoso que o da Casa da Fazenda.

Silvia - BH disse...

Avisamos sempre aqui em casa que não queremos couvert. Entrada, só quando é cardápio executivo. Água, eu mesma me sirvo e peço a tampinha como a Nina Moori do Gourmandise mencionou num post. Minhas experiencias com restaurantes médios não é boa. Nos chiques, nem vou. Aproveito já que outros mencionaram os nomes para citar um que frequentei, o La Traviata, na Savassi , em BH. Desprentecioso, comida boa, garçons muito gentis. O proprietário tem outra casa, "bacana", o Phicus, cozinha contemporanea, acho eu. O serviço não tem a simpatia do primeiro mas os garçons nesta casa recebem a gorjeta. E eu que fui generosa todo o tempo que frequentei o simples, fico sabendo disto depois: a gorjeta nunca foi para os meus amigos. Agora quando quero mostrar que gostei do atendimento dou diretamente (de forma escondida - outro absurdo!). Em tempo, a taxa de serviço não é obrigatória e poderia recusar-me a pagá-la ( acho que a Kenia fala no comentpario acima) .

Ainda em BH. A Bonomi é uma excelente padaria no estilo das padarias rústicas francesas. Um exemplo - havia dois tipos de pão de mel, o de fora custava tres reais, o feito na casa, quase quinze. As serviçais de lá olham pra gente com desprezo quando se engole em seco ao escutar o preço. Tanto que um dia chamei a proprietária e disse na frente da moça que desisti de tomar um chá ali em razão da maneira como estas atendentes nos tratam. Foi chato, ela se desculpou, mas as moças continuam, anos depois, a nos olhar assim e a responder com má vontade. Lá vai gente "bacana" e artistas. Cobravam carissimo por um sanduíche, ainda mais uma refeição. Nunca tive coragem de me sentar para experimentar.

Por outro lado, o famoso chef Ivo Faria, o mais premiado da cidade, BH, abriu há tres meses, uma padaria e empório, Casa Infinita, a duas quadras do apto. O preço ? Mais em conta do que no supermercado em alguns itens. Tudo bem feito, ingredientes selecionados, atendimento ótimo, casa charmosa. É inusitado, mas ele aposta num preço inferior. Também onde compro massas - O Sentido do Gosto - tem bom preço. E ficam na dúvida se o mantem.

Mudando de cidade, Goiania é lugar povoado de novo rico. Para estes, o valor de alguma coisa é avaliado pelo preço. Se for caro é bom. Se fôr o mais caro, é ainda melhor.

O Brasil perde muito turista por cobrar caro e não oferecer a qualidade que encontram em locais tão bonitos ( mas não tão extensos) como aqui e mais seguros, onde o atendimento é melhor.

Adrina disse...

Os preços em BH estão sem noção. Nada excepcional em termos de comida, tudo absurdo em termos de preço e nunca, nunca tem opção de sobremesa diet (eu sou diabética). Achei uma delícia o seu relato. Abraços!

Caio disse...

Tive a sorte de morar na França durante metade do ano passado e mais sorte ainda de poder ter comido no Comptoir. A diferença do "estabelecimento médio" na França e no Brasil é gritante, tanto em qualidade e transparência quanto no preço. E quando consideramos o poder de compra dos franceses frente ao nosso, aí a coisa degringola mesmo. Muito obrigado pelo texto.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caco disse...

Olá, pessoal!

Acabei de lembrar de um fato que se tornava comum entre a rodinha de amigos que eu freqüentava quando estava bem de dinheiro (e tinha minhoca na cabeça) almoçava ou jantava com amigos no Esplanada Grill. Havia um tipo de salada que, quando pedida ao garçom, vinha: um coração (inteiro) de alface americana, tomates (inteiros), rabanetes (inteiros), cenouras (inteiras) entre outros legumes. Acreditem! TUDO VINHA INTEIRO. Mas, a pergunta: para que isso?! Pois, simplesmente, você se sentia obrigado a chamar um garçom para preparar a JULIANA com sua astúcia em cortar, picar, mexer e misturar todos os ingredientes, inclusive, como um exímio malabarista e, claro, não saía menos de 30 ou 40 reais por esse serviço adicional! Bem, todos pagavam sem ao menos conferir à conta. Babacas, todos. Inclusive, eu que reclamava mas não me negava a continuar indo lá. Hoje, nem passo perto!

David disse...

Em todos os países há alimento barato, você tem que saber como encontrar bons preços. A melhor opção é pedir comida e comer em um parque ou no quarto do hotel.