sexta-feira, 22 de maio de 2009

À mesa, o amargo


Aninha registrou tudo na lousa da cozinha
Nenhuma de nós três imaginávamos que o tema amargo daria tanto pano pra manga, ops, pra jiló. Já fizemos várias reuniões e ontem ainda resolvemos organizar um jantar temático, uma espécie de ensaio aberto para nossa aula no evento do caderno Paladar, a fim de ouvir opiniões. Por isto andei faltando neste espaço. O jantar foi doce com gente cheia de opinião sobre amargos.
Para Nina Horta só revelei a amargura do cardápio na porta do elevador. Ela até engasgou, porque odeia amargos em geral. Palavras dela, por email alguns dias antes: as coisas não são doces ou amargas só por si próprias e sim uma fusão entre o que come e o que é comido. Um pêssego é amargo para uma mulher de luto. Metade do amargo já está na alma. Não, não existe comida de alma amarga que nem jiló. E o jiló pode ser doce comido junto com o homem que você ama, fazendo a vontade dele. Pois ela comeu e gostou.
O professor Carlos Lemos disse ter comido o pior dos amargos: fel deixado num pedaço de fígado de frango. Ele era jovem e nunca vai se esquecer da sensação horrível. Já o poeta Horácio Costa leu um poema de sua autoria sobre o Unicum, o licor húngaro feito de ervas amaríssimas. E entre tantas outras considerações inteligentes, Carlos Dória brincou que o amargo é o equivalente no sabor ao Flicts na cor (lembra do livro Flicts do Ziraldo). Bem, a casa da Ana Soares estava animada e todo mundo tinha uma boa história sobre amargos - Betty Kovesi, Mara Salles, Ivo, Mariana, Henrique, Fabiana, Valentina, Priscilla e outros queridos.

Um dia antes, a combinação


Dória à frente com as espadinhas de guariroba. À esquerda, Betty Kovesi e à direita, ao fundo, Nina Horta
Doria conversa com Ana Soares; Dória, com Fabiana Sanches

Chicória e catalônia para comer com ..
Polenta com bacalhau


Jiló recheado

Salada de jiló, favas e feijões com mocotó
Emi Hirata não veio, mas mandou o pão inigualável. E mais delícias com jiló

Molho picante com miolo de jiló

Acacá com jurubeba
Kinkan com pastinha de kefir e jurubeba
Aos poucos vamos fechando nossa aula. Não perca! Dia 07 de junho.

Bem, cheguei às 2 da matina em casa docemente encharcada de amargura, mas com a alma alegre e a boca boa para degustar frutas logo cedo. Levantei cedinho e rumei ao Ceagesp para pesquisar para a outra aula do dia 05 - Que fruta é esta?

Programação completa, no site do Paladar Brasil.

5 comentários:

Claudia disse...

Uma beleza de jantar. Sou uma moça de boca amarga.

Olha, a geléia 'vermelha' de maracujá eu fiz ontem e ficou uma beleza. Pensei que ia amargar um pouquinho mas não achei que amargou nada a adição da casca. Mas ficou uma delícia.

Abraço,

C.

Anônimo disse...

Sou dos amargos, mas Unicum é de morte! Não é possível gostar dele nem tendo o pé na cozinha húngara.
Beijocas, Janice

Daniel Brazil disse...

E um chá de carqueja, pra completar!

leti disse...

Unicum é uma delícia! É para quem gosta de bitter, mas muito bom mesmo!

Diana Roher disse...

Por falar em amargo, iz outro dia uma mousse de nutryorac (confesso que pensando mais nas propriedades anti-idade que no paladar..rrs)e ficou amarga que nem féu!
nunca vi nada tão amargo gente, nem jiló com jurubeba!