Moro neste bairro há uns 13 anos e nunca tinha conseguido ver o araçazeiro vizinho em frutos. Espremido numa calçada e castigado pela fuligem de duas avenidas (Gavião Peixoto e Laurindo de Brito, em frente à Praça do Comerciante), as flores caem antes que seus ovários grávidos se transformem em bolinha comestível cheia de perfume, sabor, doçura e sementes. Ou eu passo por ele fora época. Ou ele que, desequilibrado, frutifica em época improvável. Ou os passarinhos chegam antes. Nesta safra, de novo cheguei em hora errada. Jaziam as frutinhas trincadas e bichadas no chão. Não, estas não comi. Mas trouxe para casa e espalhei sementes no jardim. Se eu abandonar este quintal, ninguém penetra nele daqui a 5 anos, tal o número de sementes cuspidas e lançadas a esmo esperando o silêncio da casa para germinar. De vez em quando arranco da terra e dou de presente mudas frutíferas sem saber o que é. Algumas eu sei. Bem antes disto, porém, o ora-pro-nobis, planta invasora e espinhenta, tomará conta. Mas, voltando ao araçá, esta mirtácea prima da goiaba já foi abundante por estas bandas, como tantas outras frutas. Como o cambuci, que deu nome ao bairro, e o araçá que virou cemitério - e isto é emblemático. Veja aqui um receita e mais fotos da frutinha em Porto Alegre, onde ainda pode ser encontrada nos mercados.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Cemitério de araçás
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
No nosso antigo sítio tinha dois pés na frente da janela da cozinha,um branco e um vermelho.Adorava comer estas goiabinhas,beijo!
Neide, que lembrança maravilhosa você me trouxe, flashback total à minha infância...
Cresci no litoral do Espírito Santo e lá o Araçá era mato...em todos os terrenos baldios eram vários pés...que delícia ir colher essas frutinhas, tão diferente em sabor! Para meu paladar é muito mais gostoso do que a goiaba, pois que não é tão doce. Essa cor mais avermelhada nunca vi, os que lá tinham eram mais para amarelo claro.
Havia uma fábrica de picolé que fazia de araçauna, conhece?
Um abraço e ótima semana!
Levei minha filha para uma fazendinha de animais em Cotia e lá tinha um pé de araçá carregado, ignorado por todos. Eu derricei o pé (este verbo "derriçar" me lembra tantos pés de fruta!) e me acabei de tanto comer.
Na minha infância soteropolitana (hoje sou soteropaulistano), havia um pé de araçá no jardim. Os moleques (eu incluído) comiam os araçás sempre verdes, ou "de vez", pois quando amarelavam já estavam dominados pelos bichos ou bicados de passarinho. Nunca vi um vermelho!
No pátio de casa tinha da branca. Agora compro na feirinha de sábado. Em março achei umas vermelho escuras, lindas.
Dei uma olhada no post anterior e vi a goiaba serrana (ou brava). Andei comprando, mas eram redondas e não ovais. A casca é dura, aí corto ao meio e como o miolo, tirando-o com uma colher. Delícia.
Existem trilhas, ali na ilha de Kauai no Hawai, onde vc caminha pisando em uma gde quantidade deste tipo de frutinha, que fermenta e enche o ar com este forte cheiro!...
Aparentemente seria uma variedade semelhante a esta sua, so que com a polpa vermelha.
Alias, ali tb é o paraiso das goiabas, cultivadas em extensas plantaçoes.
E eu a-do-ro goiaba!! E tb tudo o mais que lembre o seu gosto.
Bjs, Neide!
Comprei um terreno, fiz uma casinha e de repente no fundo do quintal brotou, isso mesmo, brotou, um pé que deve ter sido capinado junto com a braquiária, na limpeza do terreno. Nos últimos 5 anos volto a minha infância saboreando os araçás e sentindo o seu aroma. Separo um galho com frutos e envolvo com filó se não as sabiás não deixam nenhum para mim.
Postar um comentário