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Minha avó Zefa gostava de pegar seu pitinho de palha, se acocorar ao lado do fogão de lenha e brincar com a gente de jogo de advinha. E repetia mil vezes a mesma charadinha: o que é, o que é: tem asa, bico e só vive debaixo da cama? Quantas vezes ela perguntasse, tantas vezes respondíamos o que ela queria ouvir. Se não, perdia a graça. “Penico!”. “Não, suas bobinhas. Bule!”. “Mas bule não fica debaixo da cama”. E ela prosseguia com falso desdém, para arrancar gargalhadas: “O bule é meu, eu guardo onde quero”.
Os meus bules e chaleiras não estavam debaixo da cama, mas espalhados pela casa, por isto desconhecia minha mais nova coleção. A Marizé elogiou a chaleirinha que aparece junto do bolo; eu comentei sobre a coleção de pilões, minha e dela, e descobrimos mais afinidades - gostamos também de asas e bicos. Combinamos de postar o que guardávamos em casa. Percebi que eu tinha mais de 3 exemplares de cada. Portanto, já daria para chamar de coleção (por critério próprio e aleatório), mesmo sem nunca ter tido intenção de. Comprei alguns e ganhei outros de amigos, que, como eu, não sabiam da tal coleção. Havia uns no armário, outros debaixo da pia, na despensa, junto das louças, do lugar de guardar café, com a caixinha de chá, em cima do fogão, guardado na caixa, junto das xícaras. Só agora uni a turminha e fiquei assustada com a quantidade. Fora os que tenho na casa do sítio. Tem bule e chaleiras que ganhei da Lia; tem bulinho de inox, presente da Rosa; chaleirinha chinesa que ganhei da Song; chaleira japonesa trazida pela Carmem; bule de loja mequetrefe; chaleira de bazar de usados; e até de família de amigos – os dois bulinhos idênticos de louça são herança de mãe e tia do meu amigo Luiz Horta, que confiou a mim a tarefa de preservá-los. Assim será. As chaleiras que mais uso são as duas de alumínio. A da esquerda porque tem capacidade de 5 litros e é ótima quando recebemos um monte de gente pra tomar chá, que faço com capim santo do quintal. E a outra de alumínio, da direita, pequena, uso no dia-a-dia para esquentar água para o arroz. A do meio é a de que menos gosto porque fica babando a água que ferve pelo bico e o plástico preto da tampa e alça me irrita. O chodozinho dos bules é o fininho, de inox (junto com os de louça), presente da minha amiga Rosa, de Ribeirão Preto. É feito artesanalmente por um senhor em Brodósqui (a terra do nosso Portinari) – leva um coadorzinho de pano por dentro e o bico tem mini-portinhola. Preciso agora organizar a gaveta de instrumentos. Talvez descubra outras coleções. Aliás, vendo a foto depois de tirada, já descobri uma outra mania: aparadores de panela... Vai ficando velha e cheia de manias.
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Enquanto isso... a coleção de pilões não pára de crescer: os dois grandes, de madeira e de mármore, ganhei da Cenia Salles; e o mini de coco foi trazido de São Luiz pela minha amiga Mônica Manir.