Neste último sábado almoçamos em Nazaré Paulista, uma cidade perto de São Paulo com uma extensa represa. O tempo frio, com céu cinzento, impediu aquela paisagem de cartão postal com a água azul contrastando com o verde das montanhas. Mesmo assim, é sempre bom repousar o olhar no horizonte de espelho d´água circundado por colinas neblinosas. E é esta a visão que se tem do restaurante Candinho, de comida caipira e tropeira, considerado o melhor de Nazaré, com o único pecado que é o serviço self-service por peso. Eu e minha irmã Suzana saímos de lá cheias de palpites (quem não os tem?) para que o restaurante aproveitasse o ponto excelente, a vista e as ótimas cozinheiras que tem para fazer pratos simples e bem servidos, que chegassem às mesas bem quentinhos. Afinal, todo o capricho que se tem na cozinha se perde em rechauds ressecantes e no excesso de mexeção dos clientes que buscam no fundo dos grandes recipientes o melhor pedaço. A comida, para não perder o brilho, quase sempre tem que ser encharcada de óleo num serviço como este, até uma simples abobrinha refogada, que poderia chegar à mesa numa panela ou tigela com tampa, super quente, cozida no próprio vapor - ao se abrir, a delícia do bafo da salsinha recém colocada e não precisa de mais nada, além de um arroz recém-feito. Mas isto tudo fica no campo do desejo de que estes restaurantes de interior aproveitassem todo o recurso que já tem para serem melhores que muitos restaurantes de São Paulo. O fato é que a comida é boa, o pessoal é simpático, mas implico com self service que deixa a comida feia e fria (e também me decepciono quando um restaurante no interior não tem caipirinha ou limonada com limão rosa, tão farto no Brasil todo, principalmente nesta época do ano).
De qualquer forma, só pela omelete tradicional, vale uma visita. A receita, criada pelo restaurante, que tem quase 20 anos, ganha forma de rocambole graças à maestria de quem faz, mas também à chapa abaulada de ferro feita a partir da roda de um arado, que vai dando forma ao grande bolo de ovo e queijo.
|
Utensílio feito com roda de arado |
Edilene, que comanda o feitio à frente do cliente, ensinou a técnica. Primeiro é que a receita leva uns 15 ovos e cerca de 300 gramas de queijo meia cura ralado. Tudo bem batido e temperado com sal, cheiro-verde (salsa e cebolinha), cebola, tomate e só. A chapa bem quente recebe um pouco de óleo e toda a mistura de uma só vez. Quando começa a dourar embaixo, é só dobrar um pedaço para que a parte superior, ainda crua, escorra. Quando esta parte que escorreu já estiver dourada por baixo, dobra mais uma vez. Sempre que se faz isto, empurra-se um pouco o omelete para cima - para fazer escorrer a parte crua. Na última dobra, o omelete ainda fica mais um pouco sobre a chapa quente para terminar de cozinhar. Agora é só cortar em fatias, como um bolo. Você não sabe o quanto isto é delicioso! Da próxima vez, ficarei só na omelete e na salada orgânica, que é muito boa.
Restaurante, Pizzaria e Choperia Candinho - Rua Cel. Francisco Derosa, 108 - Centro - Nazaré Paulista.
|
Vista do restaurante |
2 comentários:
Neide,
Você insiste nisto e cada vez penso como gostaria do que uam vez experimentei - um restaurante com três opções de cardápio e a comida deliciosa, quentinha e muito boa. Era de gente conhecida, tipo prato feito mas de boa qualidade, ambiente simples mas bem cuidado. Muito melhor do que self service com aquele exagero de variedades e a comida como diz, remexida, a fila para as pessoas se servirem, nem todos fazendo-o com cuidado e calma. Prefiro atualmente locais onde é-se servido. Não há demora como no serviço à la carte.
O restaurante Nazaré Paulista! É requintado! Eu o conheço há 20 anos, e é verdade que a omelete vale a pena tentar. Ele é requintado, saboroso, muito bom para comer acompanhado de uma cerveja gelada. Eu acho que a Nazaré é um dos melhores restaurantes em sao paulo.
Postar um comentário