
Clique & Amplie! Resposta na terça-feira. Bom fim de semana!
Folha de S. Paulo. São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009
ATENÇÃO, JÁ há um cheiro de comida boa no ar aqui em São Paulo. É a grande festa "Paladar - Cozinha do Brasil". De 4 a 7 de junho de 2009, no Grand Hyatt. Vai ser boa? Sempre é. Essas reuniões quando não servem para uma coisa servem para outra, mas sempre servem, sempre valem a pena.No ano passado me admirei muito com outro encontro -foi o ano dos espanhóis, todos reunidos aqui, ensinando a desmanchar azeitonas e tomates e a refazê-los depois. Um pouco como aquela coisa turística de estar numa cidade linda e subir 40 andares para vê-la de cima, de binóculo. Nós já tínhamos a cidade e o tomate, para que desfazer e fazer de novo?Enfim, depois de todas as filosofias explicativas, só me convence a prova final. Tudo o que aqueles chefs cozinham é uma delícia. É perfeito. Sem discussão, o que se quer de uma comida é que ela seja boa.E que orgulho foi ver o Alex Atala como um velho lenhador a partir um tronco a machadadas e de lá retirar minhocas brancas para executar um prato típico. Ele sabe das coisas. O que vale é o drama.Então, quinta, sexta, sábado, domingo, de 4 a 7 de junho, vamos ver catar turu no tronco, aprender muito, duvidar, contribuir, dar risada, ver gente que não se vê todo dia ombrear com nossos experts e sommeliers. Você escolhe quem mais combina com seu gosto em matéria de vinhos e comidas.Não vou lidar com os vinhos, e sim passar uma vista d'olhos sobre a comida. Primeiro, "Que Fruta É Essa", palestra de Neide Rigo. Adoro o jeito dela, situação "catar mato no trilho do trem e fazer uma sopinha".E Helena Rizzo com aquela feijoada mini, que é a essência das feijoadas resumidas numa colher? Sem contar que, depois de um dia cheio de laboratórios, debates, há os jantares. Vejo que um deles se chama "produtos brasileiros com tradução argentina". É a Paola Carosella, simples, refinada, gostosa!No sábado, claro que é feijoada, e feijoada da Mara Salles. E a inquieta Carla Pernambuco vai nos mostrar as semelhanças de nossa comida com a do Peru. Esse Peru está cheio de segredos, dos quais nem suspeitamos, só conhecemos aquelas batatas enrugadas.E batendo castanholas, atención!, Andoni Luiz Aduriz, do restaurante Mugaritz. Já andou por aqui, cozinhando muito bem. Da primeira visita era "flaquito", hoje é um rapagão seguro, aquele que pega um tomate e fica "pensando" o tomate.Pensa na casca, na polpa, na semente, o caldo cru, cozido, o cheiro quando pisado na horta, a folha, a cor, desde o verde até o vermelho, e, enquanto o tomate não pisca para ele, não dá por encerrada sua meditação. E daí parte para a salsinha.Adoro seu bacalhau cozido no azeite, fogo baixo, nada se desmancha, o gosto do peixe é inteiro.Até agora, tudo doce como o mais doce doce de batata-doce. Mas eis que surge o laboratório do amargo, das três bruxas boas, Mara Salles, Neide Rigo e Ana Soares. Ah, o que estão lidando com jurubeba, endívia, catalônia, chicória, laranja, fel, guariroba, Campari, Unicum, Underberg e outras ruindades para preparar essa aula, do venenoso ao saboroso! Cuidado! Elas não são de confiança!Nesse dia, não perco por nada o Rodrigo Oliveira. Gosto desse rapaz e da comida dele. E não deveria gostar. Num mesmo dia, ao me apresentar à mãe, me brindou com dois adjetivos que benza Deus. "Mãe, esta é dona Nina, fofa, fofa, mas manguaceira como a senhora." O mais ofensivo foi fofa, é claro. Tudo desculpado pelo luxo do seu torresmo.Churrasco, cerveja, queijo mineiro, a própria Minas e por último Alex Atala, que vai ensinar mesmo é um prato tipo arroz-com-feijão, mas com técnicas modernas, "foudroyantes", a la Hervé This. Ué, desistiu do turu? Deus seja louvado. ninahorta@uol.com.br



Nota: o arroz não é contagiado pelo amargor da jurubeba, de modo que quem não gosta é só deixar de lado.
Jurubeba Leão do Norte: começou como remédio, vendido em farmácia, mas hoje o vinho temperado com ervas e jurubeba pode ser encontrado em supermercados e bares populares. Nunca provei, mas hei-de. Ao entrar no site da empresa, que parece tão bem cuidada, deu vontade. Vão pedir sua data de nascimento só pra conferir se não é menor de idade. Pode confiar. http://www.leaodonorte.com.br/index1.php



Só para completar o post anterior, um vídeo da visita. E falando em jenipapo, outro dia a Eliana me falou assim: Ô, Dona Neide, eu sei que a senhora gosta destas coisas estranhas e muito do que a senhora faz eu gosto também, agora vai me desculpar, viu, mas genipapo é esquisito e quem gosta é esquisito igualmente a ele. Na verdade, eu nem gosto muito. Sinto um pouco gosto de plástico, mas melhor ela acreditar mesmo que sou esquisita. Porque vai que eu simplesmente não comi um bom até hoje. Ou, o que é pior, não soube preparar corretamente. E isto é bem possível.
Esclarecimento: a caixa de pitaia branca está entre R$ 30,00 e 35,00 e vem com cerca de 3 quilos (só pra lembrar: no mercado, elas custam de R$ 70,00 a R$ 120,00 o quilo, dependendo da cor). E os fornecedores são estes mesmos do Ceagesp. Agradeço o livro vendido fiado pelo Seu Makoto.




Bem, cheguei às 2 da matina em casa docemente encharcada de amargura, mas com a alma alegre e a boca boa para degustar frutas logo cedo. Levantei cedinho e rumei ao Ceagesp para pesquisar para a outra aula do dia 05 - Que fruta é esta?
Programação completa, no site do Paladar Brasil.
Como disse no post anterior, fiquei horrorizada com o quilo da pitaia no Mercadão. A amarela, R$ 120,00 o quilo: a vermelha, R$ 90,00 e a de polpa branca, como esta, R$ 70,00. Aí fui ao Ceagesp e paguei R$ 5,00 por 2 unidades. Cada uma tinha cerca de 350 gramas, o que daria mais ou menos R$ 7,00 o quilo. Vale lembrar que aproximadamente 130 gramas correspondem à casca e 220 gramas, a polpa. Se, provavelmente, o provedor de pitaias das bancas do mercadão é o mesmo do feirante do Ceagesp, o que justifica tamanho disparate? A fruta é boa e linda de morrer, mas não é lá nenhuma uvaia, uma graviola, um cajamanga. Ah, isto não é. Então, pagar até 5 reais por um fruto de 350 gramas, tudo bem, é preço justo. Mas gastar R$ 30,00 já ultrapassa os limites do bom-senso (assim como rechear um pãozinho com tudo aquilo de mortadela). Uma pena, porque eu amo aquele mercado. 
É só partir os frutos ao meio, tirar a polpa branca com uma colher grande ou fazer bolinhas com boleador e depois raspar a polpa mais molinha e colorida da casca. O ideal é nunca bater a polpa no liquidificador mas simplesmente passar por peneira. Por dois motivos: primeiro porque as sementinhas são decorativas e não devem ser destruídas e outro, porque elas têm forte efeito laxante. Melhor é mastigar apenas uma ou outra e deixar as outras passarem direto e reto. O sorbet ficou delicado, bem gostoso. Segundo a Eliana, dá pra comer.
Sorbet de pitaia 6 colheres (sopa) de açúcar



Geléia de maracujá roxo