Fui levada pelas mãos do Hermano a conhecer a tradicional sorveteria Juarez, pela qual ele tem um carinho de infância. O lugar é simples, austero e limpo. E segue do mesmo jeito que ele conheceu quando criança. Seu Juarez tem quase noventa anos e a sorveteria, naquele lugar pouco convidativo, daquele jeito, com aquelas mesmas máquinas e a mesma casquinha de sorvete barato, mais de quarenta (mas nasceu antes, em 1952, no Piauí). Ele não aceita mudanças no patrimônio material e imaterial, e a maioria das receitas segue inalterada, com inovações, é claro, como o sorvete de capim santo. O conjunto está mais para sorbet que para sorvete se pensarmos na técnica e nos ingredientes usados, mas o resultado é o melhor sorvete de frutas que já provei. Aliás, seria pouco chamar de sorvete de fruta. É fruta em sorvete.
Você pode provar ótimos sorvetes de pistache, creme ou chocolate em San Gimignano, na Itália. E tanto Hermano quanto eu já provamos. Mas os gelados do Juarez, com as nossas frutas que dispensam cremes, espessantes e emulsificantes, são imbatíveis. Um cartaz na entrada gaba-se daquilo que os sorvetes dali não contêm: emulsificante, glucose líquida, xarope ou em pó, liga especial, neutra ou super, gordura hidrogenada, fermento líquido ou sólido, trigou, arrozina, gordura trans, de palma ou óleo, amaciante, ovo, maizena ou catalizador. Devem ser ingredientes que Juarez foi coletando rótulos afora. Alguns sorvetes não têm nada além da fruta "sorvetizada" nas super máquinas - são duas sorveteiras importadas que ficam no balcão. Outros levam água, leite, açúcar e outros poucos ingredientes.
Os sorvetes prontos (e a foto que cisma em não desvirar?) |
Seu Juarez compra pessoalmente as frutas frescas. Tangerina, manga, jaca, mangaba, acerola, sapoti, graviola, seriguela, açaí, limão, melancia etc. Poderia haver um balcão vidrado, como as sorveterias italianas, com forte apelo para as cores naturais de nossas frutas, mas não. Em vez disso, as preciosidades super coloridas e cremosas ficam protegidas dos olhares dentro de um freezer vertical bem fechado. O funcionário, muito simpático, me deixou fotografar, mas não é o costume mostrar, não. Se quiser provar, ele dá. Provei quase todos e tomei de quatro sabores. Não conseguiria escolher o melhor. Tangerina, graviola, tamarindo, cajá. Todos divinos e leves - pra gente tomar mais e mais.
Gostaria de ter conversado mais com Seu Juarez. Como ele não estava, peguei carona na conversa das meninas estudantes de arquitetura:
http://www.youtube.com/watch?v=2bxyxG_EtL0
Quando for a Fortaleza, não deixe de provar. Há outras filiais, porém o melhor é conhecer a matriz.
Avenida Barão de Studart, 2023
Bairro: Aldeota
Telefone: 3244-3848
4 comentários:
Porto Alegre tb tem - ou tinha, eu nunca mais fui - uma sorveteria lendária e aparência de poucos amigos, numa esquina mal-frequentada do bairro Cidade Baixa. Variedades comuns, mas o sabor....
Este teu post me deu vontade de passar lá e ver se a tal sorveteria ainda existe!
Abraços!
Ainda existe sim, chama-se Jóia. Tem inclusive uma filial na Av. Venâncio Aires. Mas ainda prefiro os sorvetes vendidos na sorveteria Drose, em Camaquã, cidade próxima a Porto Alegre.
Abraços
Oi querida, eu achei por acaso seu blog no Google. Amei o post, já morei próx. do Juarez e já tomei sorvete lá moro em Fortaleza). Amei saber q o sorvete é natural, tirei lactose e glúten da minha vida. Amei seus posts, o fato de comer mandioca (macaxeira) no café da manhã, batata doce me encantou, eu tbém penso como vc, se tiver um tempo visite meu blog de receitas, emagrecimento, saúde, etc. Bjks Viviane
Eu gosto da sorveteria Frutos do Brasil, que já foi do Cerrado, apesar de conter alguns poucos aditivos, possui uma enorme variedade de frutas, nossas, do Brasil. Mas fiquei com vontade de conhecer a do Juarez, sem dúvida que ainda volto a visitar Fortaleza um dia.
Janete
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