segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cajus e cajuís para compotas e mordidas

Continuando a falar dos doces que comi no Marajó, além daquela de jambo tinha também compota de caju. Dona Jerônima aproveita todos os cajus da fazenda. Ou congela-os inteiros para suco ou deixa preparadas as compotas, como esta que também faz de olho. Mas anotei tudo, vejam aqui: 


Compota de caju. Receita de Jerônima Barbosa Brito


2 kg de cajus de qualquer tipo
500 g de açúcar 


Lave bem os cajus, tire as castanhas, faça uns furos na superfície e deixe-os escorrendo um pouco, sem apertar - o suco não será aproveitado na receita  (nota do come-se: o suco que escorrer, coloque num copo, junte pedras de gelo e glupt). Numa panela de fundo grosso, espalhe um pouco do açúcar. Coloque por cima alguns cajus. Junte mais açúcar. Faça assim até usar todo açúcar e cajus, sendo a última camada de açúcar.  Tampe a panela e leve para cozinhar em fogo baixo. Quando os cajus começarem a ficar moles, destampe para apurar o caldo. Deve secar a calda livre, mas os cajus ficam suculentos. Durante o cozimento, pode ajeitar os cajus, passando alguns para cima, para dar oportunidade de mais calor aos que ficaram por cima. Mas não pode fazer isto com pressa ou indelicadeza, para que os cajus mantenham certa integridade física. E nhac com queijo do Marajó! 


De todos os cajus que já provei, os meus preferidos são estes menores. No Marajó não ouvi ninguém chamá-lo de outro nome que não cajuzinho. Mas, segundo o livro "Frutas Brasileiros e Exóticas Cultivadas", de Harri Lorenzi e outros autores, os cajus da planta Anacardium microcarpum podem ser chamados de caju-do-campo, cajuí ou caju-miniatura (consegui segurar oito com minha mão - tudo bem que ela não é pequena, mas caberiam seis numa  mão tamanho M). 


Esta frutífera é nativa nos campos não inundáveis da Ilha do Marajó e Baixo Amazonas e também nos cerrados do oeste da Bahia, sul e centro do Piauí e Tocantins. Ela se destaca pelo tamanho pequeno do fruto (pseudofruto, já que o verdadeiro é a castanha).  A árvore também não é grande (fica entre 4 e 8 metros). Os cajus amadurecem de outubro a dezembro - de modo que cheguei no Marajó na hora certa, e são doces, acidulados e menos adstringentes que os demais. Até agora,  meus preferidos para se comer  - basta segurar a castanha e abocanhar o frutinho suculento numa só mordida. Vale também cortar em fatias e comer com sal. É um ótimo acompanhamento para cachaça. No entanto, só o caju me basta. Se eu tivesse um pé, não sobraria para compotas - para elas,  melhor usar cajus comuns.  

Puro ou com sal, nhac! 

8 comentários:

Sandra Moreno disse...

Nossa esta ultima foto é de salivar! Que delícia!

Bia Jubiart disse...

Oi Neide!

Aqui na zona de transição Amazônia e Cerrado é conhecido por cajuí, por esta época é uma fartura de pequi (fiz um post sobre), caju e agora chegando as mangas. Para não perder essa fartura da nossa natureza (o trabalho é só pegar) congelo para entre safra da fruta.

Uma excelente semana p/ vc!

Beijossssssssssss

Flávia Amaro disse...

Lindas imagens.

Gabriel Leicand disse...

Tenho alguns amigos soteropolitanos que quando os cajus estavam muito bons eles colocavam no freezer e com uma seringa injetavam cachaça dentro. Depois comiam a fruta geladinha e alcoólica.
Mas uma vez foram fazer isso em uma viagem e a camareira entrou e viu duas seringas em cima do frigobar, saiu meio assustada.
Eles então chamaram ela e mostraram a receita, ela adorou. E é muito bom mesmo.

Neide Rigo disse...

Sandra e Flavia, obrigada. O modelo ajuda bastante.

Bia, eu também tendo a chamar de cajuí, acho bastante simpático este nome - caju miudinho. O bom é que estes frutos, pequi, manga e caju, congelam muito bem.

Gabriel, que ótima ideia!

Um abraço, N

Mariangela disse...

Algumas comidas e frutas se tornam impossíveis aqui tão longe,o caju é uma delas.Adoro caju,e tudo que é feito com ele,e cajuína bem gelada,é bom demais!
Aqui é época de Xirimóia,parente da nossa pinha mas achei bem melhor,e menos trabalhosa para comer.Beijo!!

Anônimo disse...

Quando criança, amava colher os cajús, retirar as castanhas para assar em latas de leite no fundo do quintal. Muinha infância foi muito boa no Pará. Certamente a minha relação com o alimento começo por lá.
Flávia Cordeiro

Priscila Silva disse...

Humm, delícia. Tive oportunidade de provar desses cajus, davam num pezinho na casa do meu tio Ari, numa cidade do entorno do Distrito Federal, às vezes ficavam mais ou menos vermelhos, mas são uma delícia mesmo. Da última leva, ficaram como colação por alguns dias. Eu gostei.