segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fim de semana em Silveiras. Devagar!



No ano passado, no mesmo mês de maio, contei aqui a viagem que fiz a Silveiras pra ver a Festa da Broa, a convite do João Rural. Os quatro posts que a viagem rendeu e suas imagens podem ser vistos aqui:  Comendo em Silveiras; Festa da Broa, O Sítio do  Pinhal; e  Receita da Broinha em folha de caeté


Pois neste último fim de semana aconteceram as mesmas coisas: ficamos no Sítio do Pinhal, fomos à Festa da Broa, comemos farofa de içá no Ocílio, respiramos ar puro da Serra da Bocaina e descansamos o olhar no horizonte sem fim. A diferença é que teve lançamento do livro do João Rural (Causos e Sabores das Nascentes do Paraíba do Sul - para comprar: joãorural@bol.com.br) e que desta vez ocupamos todos os quartos do sítio com nossa turminha de doze, incluindo Mara Salles e Ana Soares. 


Fomos ainda conhecer com Seu Josias o moinho de pedra que faz o fubá para as broinhas da festa. Assim como protestei no ano passado, Mara e Ana também ficaram  indignadas ao verem as broinhas peladas de um lado, dentro de bacias de plástico, e do outro as lindas folhas de caetés jogadas no lixo, um lindo cesto de taquara feito pelo Seu Josias; sendo que algumas broinhas não só foram desembrulhadas, mas embaladas em pratinhos de isopor com filme plástico. Uma inversão dos valores e da autenticidade que gostaríamos de ver ali. Segundo Uelington, o organizador da festa, as pessoas querem assim, acham mais bonito e higiênico. Mas que protestamos, protestamos. Incorporar o moderno é bom e necessário, mas copiar o que o modelo desta suposta modernidade tem de pior é que dói. 


Havia na festa barracas de cocadas e de cupcakes ou brigadeiros com miçangas coloridas (como é o nome mesmo daquelas bolinhas cheias de corantes?) e de sanduíche de pernil e de linguiça de vendedores profissionais de outros lugares, que participam de todo tipo de festa, que embrulham suas comidas em sacos plásticos e que não tem nada a ver com a cultura local. Mas não vimos ali ninguém vendendo o fubá do moinho de pedra, a quirera branca, o milho vermelho, os biscoitinhos locais das cozinheiras experientes, a cestaria de taquara do Seu Josias e tanta coisa boa que deve estar escondida naquelas montanhas frias.  Tudo isto mais um som de sanfona, as broinhas nas folhas, que são deliciosas com textura de pão de mel, as cabeças de leitão recheadas e assadas na fornalha, as galinhas fritas inteiras que vão para leilão, já fariam uma boa festa. Poderiam deixar de fora as caixas acústicas com som super alto, as bacias de plásticos e isopores e as barracas com produtos exóticos, genéricos e chineses. É só um palpite - meu e de todos que estavam comigo.  


Bem, mas nossa viagem teve o pretexto de ver as broinhas na folha de caeté,  aproveitando o assunto invólucros que fará parte da aula que Mara, Ana e eu daremos juntas neste ano no Paladar, mas o descanso serviu também para arejar as ideias e nos divertir.  Depois dou receitas que ganhei da Marina do Sítio do Pinhal, da compota de limão cravo do Ocílio e alguma receita do livro do João. Por enquanto fique com algumas fotos de lá e o convite para que conheça aquele pedaço peculiar de São Paulo. 
Emi (irmã da Mari Hirata), Mara Salles, Marcos e Ana Soares com João Rural que estava lançando seu  livro


Marina, do Sítio Pinhal e Ana Soares
  
Marina batendo bobo fofinho

Açucareiro e biscoitinho no lançamento do livro do João
  

Sobremesas e bananas do Ocílio

Café da manhã da Marina

Moranga, cuia e banans São Domingos e São Tomé no Ocílio

Farofa de içá, no Ocílio

Pão de queijo da Marina

Sobremesa na Marina


Urucum na Marina

Mesa de estudos

Cena de enfeite

Seu Josias mostrando o moinho sob luz de lamparina

Aninha e Mara com Emi, sob chuva fina, querendo saber tudo do Seu Josias


Que mostra o moinho de pedra sob luz de lamparina

20 comentários:

Kenia Bahr disse...

Oi Neide! Ainda ontem pensei em ir até o restaurante do Ocílio comer a farofa, mas com aquela chuva, não me animei.
Pena esse lence todo da plastificação da cultura, né? Aqui em Taubaté, há uma festa italiana do distrito de Quiririm, que já não tem mais nada de italiana. Vi por lá tb os sanduiches de pernil e linguiça, muito plastico e isopor, molhos nada tradicionais pra massas duvidosas e um alto(muito, muito alto)alto-falante que tocava Volare insistentemente. :(

Angela Escritora disse...

Eu vou ano que vem!!! Pronto, resolvi.

Mari Marô disse...

Hummm... Esse encontro das 3 incasáveis pesquisadoras está me cheirando a aula no Paladar do Brasil!
Estou contando os dias para assistir.
Um beijo,
Mariana

Anônimo disse...

Neide, na minha cidade tem a festa do biscoito, com concurso de pé de mandioca e tudo. Infelizmente, sá há uma barraca que vende produtos genuinos de mandioca. Até os biscoitos e o pão de queijo foram feitos com massa industrializada no ano passado. Que pena, né?
Desculpe minha ignorância, mas a planta chamada caeté é a mesma coisa que aquelas helicônias ornamentais lindas? Abraço. Izabel

Neide Rigo disse...

Kenia, o dia por lá esteve lindo. Só pegamos chuva no fim da tarde já na Dutra. Só um pouco. Já ouvi falar desta festa. Está assim, é? Pena, né? E este tal de som alto demais é uma praga. É como comer muito sal, respirar ar muito poluído, olhar pra muita luz. Demais, nem amor de mãe é bom. Tem que ter equilíbrio.

Angela, a gente é caipira da cidade e tudo encanta, mas tenho certeza que tem coisa parecida aí perto de você. De qualquer forma, as montanhas e as pessoas são sempre únicas.

Mari, acertou!

Izabel, já não me espanto com nada. Mas ainda me entristeço. Caeté ou caetê é um nome genérico para várias plantas da família Musácea, a mesma da bananeira, do gênero Helicônia. Lá em Silveiras elas podem ser vistas na beira da estrada. Veja no post, no link das broinhas. Elas têm a consistência das folhas de bananeira, porém são menores e mais flexíveis.

Um abraço, N

Flor de Princesa disse...

Essa simplicidade eu amo, estava passeando pelos blogs da vida encontrei o seu, me apaixonei virei sua seguidora de toda semana!
bjus
Flor

Lücia Batista disse...

Neide minha amiga q coisa linda,vc esteve aki perto de casa, saudade de vc.pois eu não sabia deste festival da broa. Tinha dato um jeitinho de ter ido lá. beijokas no ♥♥ da amiga!!!

Neide Rigo disse...

Flor, obrigada!

Lúcia, ainda me lembrei de você no sábado. Perguntei para as moças, que faziam doce e que são de Cruzeiro, se te conheciam. Mas disseram que não. Elas fazem cocadas, doces de leite etc.

Agora quero conhecer Cruzeiro!

beijos, N

Gina disse...

Nos meus passeios, não perco oportunidade de incluir a simplicidade, os costumes locais. Isso é enriquecedor!
Uma vez ia conhecer no interior do Maranhão um local que fazia farinha, com todas as explicações e tal, mas tivemos um imprevisto e não pudemos ir.
Outra vez foi um moinho de fubá aqui em Colombo, cercanias de Curitiba, mas o dono do moinho não abriu aquele dia, com problema de saúde...
Adoro esse tipo de coisas.
Já te falei da Feira da Roça que tem em Anchieta, no ES, uma gracinha! Você chega 6h da manhã e está cheia de gente.
Festa de interior é genial, do jeitinho que você descreveu.
Dia 23 tem um post programado que você vai gostar. Volto pra confirmar.
Bjs.

Unknown disse...

Neide, que bom voê ter vindo nos visitar e foi um prazer conhecer Mara, Ana os demais que aqui estiveram.Como eu tinha lhe falado, peço desculpas por não lhe dar uma atenção com mais calma, pois este ano o grupo de apoio estava reduzido e o tempo sempre corrido. Agradeço suas criticas e sugestões, espero que a proxima equipe que for organizar a festa assim poderá faze- las. Este ano foi o ultimo ano do meu mandato de Presidente da Associação aqui do meu bairro e talvez não tome frente desta festa que foi tão divulgada e falada.

Um grande abraço e até a proxima visita sua aqui no bairro.

Ana Canuto disse...

Oi Neide.
Ainda esses dias assisti ao programa do Olivier Anquier visitando a Marina em Silveiras.
Aí vem vc com essa postagem. Adorei mais uma vez.

Beijo grande.

Neide Rigo disse...

Uelinton! Todos nós adoramos ter ido à festa e Mara e Ana adoraram te conhecer e ver o esforço que vocês fazem para manter esta festa de pé. Não ficamos muito e quando fomos embora você tinha ido pra casa se aprontar pra festa. Parabéns e espero que consiga convencer o pessoal a manter a folha na broa. Beijos, N

Neide Rigo disse...

Ana, sabe que ainda não vi esta reportagem do Olivier. Quero ver.
beijo, n

Anônimo disse...

Boa tarde, vi o programa do Olivier Anquier visitando o sítio da dna. Marina, e achei um lugar mágico ! Alguém tem o contato pra me passar ?? Quero conhecer esse lugar !!

Dalva Tupinambá disse...

Neide,moro em Águas da Prata,mas nasci em Taubaté,Vale do Paraíba.
Você diz Ocilio,eu conheço Otacílio lá da Associação dos Tropeiros...em Cachoeira Paulista.
Quênia fala de Quiririm,ah que saudade!
As festas regionais estão perdendo a autenticidade.
Euc onheço uma moqueca de galinha,feita na folha da bananeira,muito comum nas festas de aniversário, em Caçapava,ainda no final da década de 50 havia.Na década de 80, no aniversário de minha filha fui encomendar a moqueca e já estavam fazendo enrolando os bolinhos em folha em papel alumínio.Protestei!Quis todas em folhas de bananeira...
Mas são costumes que estão acabando... essa moqueca é feita com galinha caipira..uma delícia!
Boa estadia aí por esse Brasilzão!

Dalva Tupinambá disse...

Oi,Neide, depois que postei meu comentário, percebi que coloquei Cachoeira Paulista,em vez de Silvieras. Mas errei.Éstava me referindo à Associação de Tropeirismo de Silveiras.E acho que posso estar enganada, achando que o dono da Pousada lá seja Otacílio.Afinal você esteve lá e viu o livro dele,inclusive.
Desculpe a minha precipitação.
Abração,
Dalva

Neide Rigo disse...

dalva, e como é esta moqueca? Tem receita?
Um abraço, N

Anônimo disse...

O tempo passou, mas o sabor e o aroma da moqueca de galinha de Caçapava permanecem na memória. Como em Proust.Nasci e cresci em Caçapava, moqueca, bolinho caipira e outras delícias vivem na lembrança.

Laila Nasser

Neide Rigo disse...

Laila e Dalva, fiquei curiosa pra conhecer esta moqueca. Tem receita? Um abraço, N

Anônimo disse...

OLÁ NEIDE, PARABÉNS PELAS REPORTAGENS!, GOSTO MUITO, PRINCIPALMENTE DASQUE TRATAM DAS COMIDAS REGIONAIS DO VALE DO PARAÍBA.
ESTIVE EM SILVEIRAS PELA PRIMEIRA VEZ PARA VER A FESTA DO TROPEIRO, GOSTEI MUTO DA CIDADE, DO POVO E DAS PAISAGENS DA REGIÃO, DO SR. OCÍLIO E SEU RESTAURANTE, MAS INFELIZMENTE A FESTA ESTÁ BEM DESCARACTERIZADA DE COMO ERA ANTIGAMENTE PRINCIPALMENTE NO TIPO DE MÚSICA(EM ALTURA MÁXIMA) QUE NADA TEM A VER COM O EVENTO. GOSTARIA DE SABER EM QUE DIA DE MAIO QUE OCORRE A FESTA DA BROA,SERIA NO SEGUNDO FINAL DE SEMANA SEMPRE? POIS FUI CONHECER O BAIRRO MAS O MOINHO E ESTAVA FECHADO E NAO TINHA NINGUÉM NAS RUAS PARA EU PERGUNTAR.
ABRAÇOS
ANDRÉ LUIZ SP-SP