Na verdade, o que estava tentando fazer era o tucupi preto. Extraí a manipueira (bati a mandioca com um mínimo de água, passei por pano e recolhi a água com amido - o polvilho, depois de seco) e deixei este líquido fermentar de um dia para outro, sem separar o amido. Levei ao fogo, o líquido com o amido, e fui mexendo, mexendo... E nada de surgir algo parecido com tucupi preto. No começo, claro, a mistura engrossou como um mingau, afinal o amido estava todo ali. Seria mais liguento se não estivesse fermentado, mas a acidez deixa o gel mais fluido. Aos poucos as estruturas do amido inchado foram se rompendo e a mistura ficou mais fluida ainda. Com o passar dos minutos, sempre mexendo, o líquido foi reduzindo, dourando, adocicando, até virar um caramelo delicioso que pode ver nas fotos. E eu pude sentir na língua e nos dentes.
É que o amido é uma cadeia longa de moléculas de glicose. Com o calor, esta cadeia se quebra, restando as moléculas livres de glicose na for
ma de xarope. É mais ou menos o que acontece para se obter o xarope de milho ou glucose de milho que encontramos no mercado.
Se tivesse mais caldo de mandioca, mais tempo e energia para gastar ou um objetivo bem definido, poderia ter explorado mais o feitio de outros produtos como xarope e confeitos. Mas fica aqui a sugestão para você continuar.
De qualquer forma, não é legal saber que a gente pode fazer um caramelo só de mandioca? E ainda não tão doce quanto os caramelos comuns feitos com sacarose?
10 comentários:
Que lindo!
e não ficou farinhento?
já pensei num sambal com isso.....
Muito interessante e ficou bonito, linda cor!
Beijos
CamomilaRosa
Genial!!!
Neide cientista maluca ;)
beijo
Que lindo que ficou. Vou tentar fazer. Quanto tempo mais ou menos você ficou mexendo o líquido no fogo? Fogo brando?
Neide, voce usou mandioca de fazer farinha? Ou o aipim/macacheira?
cara boa!!! ummmmmmmmmmmmm!!! delicia!!
Fernando, não. Ficou caramelo mesmo. O amido virou glicose. Dá pra fazer sambal sim. Vamos fazer?
Juju, obra do acaso.
Analice, não marquei porque depende da quantidade de líquido que você tem. Mexi o tempo todo.
Maria das Graças, usei aipim, mandioca mansa, que é o que encontramos aqui em São Paulo.
Um abraço,n
Esse tá demais!!!
bjo ana
Ei Neide!
Eu já fiz isso, olha a receita aí: https://naosouchef.wordpress.com/2014/02/25/cassareep/
O cassareep (pronuncia-se cazh-reep), originalmente é feito coma mandioca brava, mas eu fiz com a amarela mesmo e deu certo... ele é usado pra fazer um prato da Guiana chamado pepperpot, uma carne de panela adocicada, com pedaços como cabeça de boi, rabo e outras carnes saborosas.
Originalmente, ele não é fermentado e fica no fogo o dia inteiro... nunca consegui achar cassareep aqui no Brasil, mas gostei d efazer em casa... no fim das contas vc torra a massa da mandioca que sobrou, tritura e obtém a farinha mais doce que eu já comi.
Olha um vídeo da produção do cassareep aqui: https://www.youtube.com/watch?v=aehoo13UIV4
Eduardo Curi
Eduardo
Com tantos ingredientes transgênicos no mercado, inclusive o milho, só tenho a te dizer uma palavra - Parabéns! Por você ter afirmado ficar ainda menos doce que o acúcar: nota dez!
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