Ontem ganhei da Ana Soares uma farinha de jatobá que já estava pra vencer, que era pra usar logo. Eu já tive a farinha aqui, já testei algumas coisas, mas não tinha pensando ainda em chapatis. Só agora me veio a ideia. Primeiro misturei água no pó puro. Não, não ficou bom. É muito jatoboso, mesmo para jatobófilos. Pensei em misturar, então, com farinha de milho - tudo a ver com o local onde a farinha é produzida por famílias extrativistas no Assentamento Andalúcia, em Nioaque, Mato Grosso do Sul. Juntei água quente, um pouco de sal e uma pitada de sementes de erva-doce, que achei que combinava. Combinou. Com o que servir? Tinha bananas-da-terra na fruteira e pensei numa pasta com pimenta e temperada com cominho e sementes de coentro. Também ornou. Se tivesse folhinhas de coentro, teria ficado melhor ainda. É claro, quem não gosta de jatobá de jeito nenhum, vai implicar com o gosto. Mas quem aprecia seu sabor forte, precisa comer sem glúten e está convencido que farinha de jatobá (feita com a pura polpa do fruto passado em peneira) é rica em nutrientes, ou está aberto a novas sensações, vai gostar muito. Como fiz:
Misturei partes iguais: 1 xícara de farinha de milho (65 g) e outra de farinha de jatobá (45 g). Temperei com uma pitada de sal e outra de sementes de erva-doce. Juntei água fervente aos poucos (meia xícara ou até dar o ponto de modelar). Amassei bem e fiz bolinhas do tamanho de um pequeno limão, com 25 g. Prensei entre duas folhas de plástico (pode usar prensa de tortilhas ou abrir com rolo).
Coloquei na frigideira de ferro bem quente, sem untar, e deixei dourar dos dois lados. Conforme foram ficando prontos, fui guardando num pote plástico tampado para que ficassem bem flexíveis, e ficaram - você pode também enrolar num pano, para que não endureçam.
Deixei os chapatis lá, protegidos, amornando, enquanto fiz a pastinha de bananas. Fritei em bastante óleo quente 1 banana-da-terra, cortadas em pedaços, com casca (assim, terá superfície de absorção de óleo menor).
Coloquei num pilão 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes picada, 1 pitada de cominho e outra de grãos de coentro triturados, 1 pitada de sal e um pedaço de banana descascada. Soquei bem até a pimenta ficar triturada. Juntei uma boa pitada de urucum para a inofensiva pasta ficar vermelha e parecer mais assustadora, e acrescentei o restante da banana. Soquei bastante até a pasta ficar homogênea. Juntei ainda umas gotas de limão, provei e corrigi o sal .
Comi os chapatis ou pães chatos de jatobá com a pastinha só um pouco apimentada e ainda dividi com a Dendê, que adorou, Nhac!
Contato com os produtores da farinha:
CEPPEC - Centro de Produção Pesquisa e Capacitação do Cerrado
Assentamento Andalucia
Município de Nioaque - MS
Tel. 67 3347-3130
www.ceppec.org.br
contato@ceppec.org.br
E não pense que vou deixar de falar de abóboras. Amanhã volto a elas.
Um comentário:
Aqui não existe banana da terra, não é uma pena? não sei porque.
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