Em abril ganhei duas abóboras maduras, uma da Verônika e outra da Silvia Bruno, duas leitoras aqui do Come-se. Deixei-as de enfeite, com dó de abrir. E elas estavam intactas quando, neste fim de semana, fui a uma festa junina e decidi levar um creme feito com elas, tipo curau que vi certa vez numa revistinha Saúde. Só me lembrava o jeito de fazer. O resto foi por minha conta. É prático, rápido e surpreende. Aproveitei pra comparar as duas variedades de abóbora. Minha mãe havia me dito que a rajada era melhor para doce porque é mais firme, tem massa mais fina. Para comprovar, abri as duas.
A rajada é mais densa e tem cor mais escura
A lisa tem polpa mais fina e mais espaço para sementes
Cozinhei as duas no vapor (ambas ficaram macias depois de 15 minutos já colocadas sobre a água fervente, em cuscuzeira), salguei levemente e dei para o meu provador oficial, o Doc (apelido do Marcos no aikido). Preciso sempre anotar correndo suas observações, porque ele fala rapidamente o que achou de um jeito pouco usual para quem lida com comida. Aqui a avaliação dele, curta e grossa:
A rajada tem planos de clivagem mais definidos; menos saborosa.
A lisa tem textura fibrosa menos organizada; sabor mais encorpado e adocicado.
E é isto mesmo, a clara tem fibras longas e mais úmidas que se soltam com facilidade, enquanto a rajada é mais firme, mais coesa. Em compensação, a lisa é mais saborosa. Então, para doce fica mesmo melhor a rajada já que vai levar açúcar. A outra fica boa em quibebes e compotas como aquelas com cal em que as fibras ficam bem embaladinhas com a superfície selada com o óxido de cálcio, assim com a rajada, claro.
Bem, descasquei as duas e usei em partes iguais para o creme, já que a textura nem a doçura fariam diferença. Tão orgânicas as duas, fiquei com vontade de aproveitar também as cascas. Com elas fiz o bolo do site do Mesa Brasil – Sesc-SP. Incrementei a receita juntando cardamomo e gengibre e assando parte da massa em forminhas.
As receitas:
Polvilhei a canela usando um molde furado (fundo do meu passador de legumes)
Creme ou curau de abóbora
1,3 kg de abóbora de pescoço madura, sem casca, cortada em cubos
2,5 xícaras de leite
Casca de 1 limão Tahiti
1 pau de canela
1,5 xícara de açúcar
1 colher (chá) de sal
¾ de xícara de maisena diluída em ½ xícara de leite
Canela em pó para polvilhar
Cozinhe os cubos de abóbora no vapor, por 15 minutos ou até ficarem macios. No liquidificador, bata o leite com a abóbora até homogeneizar. Talvez seja necessário fazer isto em duas vezes. Ou use o mixer. Leve ao fogo baixo, mexendo sempre, com a casca de limão e o pau de canela. Tempere com sal e açúcar e espere ferver. Junte, então, a maisena diluída e mexa bem até formar um creme liso. Cozinhe por 2 minutos, prove e corrija o açúcar se achar necessário. Caso queira mais denso, junte mais maisena diluída. Retire a canela e a casca de limão, polvilhe com canela e sirva quente, frio ou gelado.
Rende: 20 porções
Bom para as crianças levarem de lanche
Bolo de abóboras com cardamomos
Ingredientes
2 xícaras (chá) ou 180 g de casca de abóbora picada (cabochá, moranga ou de pescoço, madura)
3 ovos
1 xícara (chá) de azeite (ou óleo)
5 vagens de cardamomo – sementes socadas
1 fatia fina de gengibre fresco
2 xícaras (chá) de açúcar
1 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo
¾ de xícara (chá) de amido de milho (maisena)
1 colher (sopa) de fermento em pó
Cobertura
4 colheres (sopa) de leite
4 colheres (sopa) de chocolate em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
Ou
100 g de chocolate meio amargo finamente picado
Modo de fazer
Unte com margarina ou manteiga uma forma média redonda, com 30 centímetros de diâmetro e polvilhe com farinha. Reserve.
Massa: bata no liquidificador as cascas, os ovos, o azeite (ou óleo), o cardamomo e o gengibre. À parte, peneire numa tigela o açúcar, a farinha, a maisena e o fermento. Junte o creme do liqüidificador e misture bem com batedor de arame. Despeje a massa na forma e leve para assar em forno médio (200 graus), por cerca de 30 minutos ou até dourar e desprender das laterais.
Cobertura: Misture todos os ingredientes e leve ao fogo até ferver e engrossar um pouco. Espalhe esta cobertura por cima do bolo e deixe esfriar antes de cortar. Ou espalhe sobre o bolo quente o chocolate meio amargo picado. Se quiser, distribua a massa em forminhas de silicone para fazer bolinhos.
Rende: 10 pedaços de 90 g ou muitos bolinhos... (não contei, porque fiz só uma parte da massa).
Nota: usei casca das duas abóboras de pescoço.
Já tinha feito este bolo com cabochá e ficou bem saboroso
E bem verde! (betacarotenos de montão)
11 comentários:
Já tinha ouvido re bolo de cascas, mas sem opinião, se realmente era bom! Adorei ver aqui, e justo com abóboras, que adoro!
Meu próximo doce de abóboras terá companhia!
Ah, e boa viagem!!! Leve malas extras vazias, para voltar com elas cheias de delícias de lá!!!
Aproveite, divirta-se!
Beijinhos
fiquei aguando neste bolo verde,como está linda esta massa,tenho que fazer ..
Olá amiga Neide..Estando hoje,preparando o torresmo à pururuca para o revelando SJCampos que será de 09 à 13 de julho,numa folguinha resolvemos navegar no seu site, ficamos com àgua na boca, adoramos.Esperamos vc em nosso Stander no Revelando SP que será de 12 à 21 de setembro.
Romilda e Lucia da Culinária de Cruzeiro ARROZ VERMELHO C/ SUÃ
Oi Neide !!
Eu fiz o curso do Mesa Brasil, e sou adepta e fazedora de muitas das receitas. Quando fazemos o curso ganhamos um livrão bem bonito com todas as receitas.
E xô preconceito, porque tem cada coisa boa com cada coisa boba....(quer dizer, que a gente PENSA que é boba)
BEIJÃO.
eu amo abóbora e faço uma com carne moída que é conhecida na família. beijos, pedrita
Oi Neide parabens, desde que conheci seu blog, passou fazer parte da minha rotina semanal.Suas dicas sao otimas!
deliciasbypriscila.blogspot.com ou bolospriscila.blogspot.com um beijão
nunca tinha imaginado um bolo com cascas de abobora, uma boa ideia para estes tempos de crise!
Oi Neide! Realmente esta receita está muitíssimo original! Eu que sempre deito as cascas de abóbora para o lixo! Estou tentada a fazer os bolinhos (mas com a casca laranja senão acho que em verde não vou ter muito sucesso lá em casa). eheh Apesar de o "bolo verde" estar fenomenal! :o)
Oi Neide,estava passando e vi esse lindo bolo verde...Não restir e acabei vendo todas as receitas.
São maravilhosas!!! você está de Parabéns,vou fazer todas,adoro coisas diferentes......B-joks.....
Ah,meu nome é Cleuma.
Cleuma! Obrigada!
Um abraço, N
Neide do céu! comprei abóbora seca para fazer bolo, mas aí desisti. Resolvi fazer doce e vim procurar por aqui, pensando em doce de compota. Mas fiquei com água na boca com esas receitas e ainda bem que resolvi experimentar: esse bolo é di-vi-no! E o creme também, super diferente e gostoso. Obrigada!
Beijos e saudades.
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