segunda-feira, 1 de julho de 2013

Feijão guandu - colheita

Quem viu o já velho filme "Caminhando nas Nuvens", com Keanu Raves,  certamente se lembra da cena em que pessoas vestem asas brancas, de madrugada,  e se movimentam como borboletas a fim de espalhar o calor gerado pelas fogueiras para salvar videiras da geada.  Guardadas as devidas distâncias, senti a mesma atmosfera quando decidimos, Marcos e eu, colher todas as vagens de feijão guandu já no sábado de tardinha, quando a chuva era iminente depois de um dia ensolarado - o único dia em uma semana molhada. Sabendo que os próximos dias também seriam chuvosos,  e pela mostra que tive de feijões mofados colhidos pela caseira, decidimos salvar a maioria - no ponto verdolengo, como ervilhas frescas. 


Cortamos os galhos, em vez de colher as vagens nos pés. Já escuro, arrastamos tudo para a varanda e deixamos para completar o trabalho no dia seguinte. De noite a chuva chegou forte e não parou durante todo o domingo. Sorte que tivemos tempo. Separamos as vagens por estágio de maturação e começamos a debulhar. Dá um trabalho danado, de modo que deixamos muita vagem pra trás, para os caseiros continuarem durante a semana. Espalhamos as vagens secas no chão para completarem a secura. As verdes e amareladas foram separadas e os grãos serão congelados para serem usados como ervilhas.  

Enquanto debulhava olhando o céu cinzento, a água barulhenta que escorria do telhado e o horizonte encoberto por névoa, pensava na visão romântica que às vezes temos sobre a vida no campo. Há momentos em que se corre contra o tempo  - aproveitar o período das chuvas para plantar, da seca para colher ou preparar o solo. E chuvas não previstas podem ser um estorvo para certas flores que precisam de tempo seco para vingar. 

A diferença é que a gente passa a valorizar cada grão de feijão no prato porque  sabe o trabalho que alguém teve até ele chegar ali. E isto, quando foi você mesmo quem cultivou,  colheu e cozinhou, parece servir de tempero mágico, porque o prazer de levar à boca esta comida é tão grande que supera aquele gerado pelos sabores intrínsecos da comida. Mesmo a despeito de tanto trabalho - ou justamente por isto. 

Do guandu, já falei muito no Come-se. Mas nem tudo ainda experimentei. Sei que as folhas jovens são comestíveis (na Etiópia é comum comer as folhas como verdura) e que os grãos podem ser torrados e transformados em bebida como o café. É bom saber que temos coisas ainda por ver. 

Aqui, algumas fotos da operação. 


Para os grãos como ervilhas, a maioria das vagens deve estar assim,
como as da direita, gordinhas


São úteis e decorativos os arbustos 
Alguns pés estavam assim, com as vagens todas secas
Marcos aproveitando os últimos raios de sol 
Enquanto descansa carrega pedras 
O trabalho é demorado, mas meditativo e relaxante 

As vagens secando no chão, longe da chuva


Neste fim de semana também tivemos que debulhar ervilhas de verdade, plantadas pelos caseiros - da casa deles.  Foram tiradas das vagens e feitas com frango caipira. O frango poderia ter sido feito com guandus verdes. 

Ervilhas

Frango caipira com ervilhas. Nhac! 



12 comentários:

Juliana Valentini disse...

Que delícia de post!
Adoro esse tipo de trabalho, de chinês preso, 'inda mais quando se tem barulhinho de chuva ao fundo.
Queria muito ter estado junto, pra ajudar.
Beijo grande,
Ju.

Anônimo disse...

Ah, Neide. Que pena, se fosse aqui perto, teria ido ajudar ... Lembro da minha infância, quando meu pai plantava feijão carioquinha, nós plantávamos e colhíamos. À noite, assistindo tv, escolhíamos o feijão e eu questionava o motivo. Ele, então, nos dizia que se ele vendia 1 kg de feijão, a dona de casa levava 1 kg de feijão limpo, sem pedras, palha ou terra. Era só lavar e cozinhar. Coisas de japonês ... Ele já pensava em qualidade total há mais de trinta anos rsrsrs. Bjs, Liliana

eng, panerai disse...

Só uma curiosidade! Qual mês semearam o guandu?

Neide Rigo disse...

Juliana, a gente teria se divertido mais com sua ajuda. Da próxima vez, te chamo, do tipo "venha, que vai chover".

Liliana, bonito isto.

Alexandre e Alana, nem me lembro, mas deve ter um ano. Fiz as mudinhas aqui em São Paulo e levei já com uns 15 cm.

Um abraço,n

Neusa Mitsuko disse...

Conheço esse sabor único, de quem planta colhe e come. Plantei moranguinhos do mato, por ser uma lembrança da infância,no meu quintal ha uns dois anos.Uma única plantinha cobriu 2 metros quedrados.Consigo fazer geléias, tortinhas, cheese cakes.Fiquei sabendo pelo Come-se que se chama Rubus rosifloria.Céticos no começo das colheitas mirradas, hoje , a família baba diante dos doces.rs.

bj.

Neusa

Alice in disse...



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Hermano e Manoela disse...

Oi Neide, eu como feijãozeira que sou fiquei com muita água na boca quando vi esse feijão. Lembro que vi no seu celular e me encantou pq parecia ervilha e eu sou louca por ervilha tbm.

Um abraço caloroso de Fortaleza!

Manoela

Neide Rigo disse...

Manoela, quando vierem aqui vamos ter muito guandu pra colher e comer!

Um beijo,n

Maria de Lourdes Ruiz disse...

Vendo este post me lembrei que tempos atrás também me aventurei a colher feijão guandu que aqui em casa nasce espontaneamente. Dá um trabalhão, mas vale a pena, o verde cozinhei junto com o arroz e o seco cozinhei na pressão e fiz farofa e me rendeu um post muito visitado no meu blog.

Bjs

sante baldacci disse...

ola parabens...eu plantei 3 plantas de andù a mais de 8 meses no meu quintal ,mais atè agora elas sò crescem,jà estao com mais de 3 metros, e nao deu nem uma florzinha ,muinto menos os graos.serà que tem alguma coisa que posso fazer pra que elas floreçao..me ajudaaaa.um abraço.

Unknown disse...

ano todo

Unknown disse...

Quem qual mês do ano é a coleta do feijão andou?