sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Manteiga caseira e biscoitos de alecrim

Pois é, caros leitores, quase que me perco nesta folia de carnaval, quase que não volto. Mentira. Gosto de gente, gosto da alegoria, gosto de samba, gosto da bateria, gosto de música, gosto de alegria, mas tudo junto pra mim é demais. Passei o carnaval no mato silencioso sem tv,  trabalhando, plantando, arrumando a casa para o novo caseiro, recebendo visitas queridas. Juliana e Flores, do Viveiro Oiti de Holambra,  chegaram com o caminhãozinho bandeirantes carregado de mudas de presente. No sábado meus vizinhos Ana e Zé também apareceram e foram momentos bem gostosos apesar da chuva persistente que as plantas amaram. Ainda estava me recuperando de uma cirurgia de dente e não pude saracotear muito, nem sair por lá para comprar queijos, colher verduras, fotografar cogumelos. Aliás, nem câmera mais eu tenho. Menos de dois anos de uso e minha Sony já foi pro beleléu. Mas vamos tentando manter o ritmo com a câmera do celular.  

Só queria mostrar aqui que estou a um passo de não precisar mais comprar manteiga. A primeira tentativa de obter nata na região de Piracaia não poderia ser melhor. Meus próprios vizinhos, aqueles do queijo, guardam nata no congelador em potinho de margarina. Isto é emblemático porque todo mundo que guarda nata no congelador usa potinhos de margarina. E nisto a gente já sabe o que se passa. Muita gente do campo atualmente morre de medo de manteiga, carne de porco e frango caipira, mas é destemida total destes cremes industriais e animais bombados. E quanto à nata desprezada, já sem utilidade no dia-a-dia, é guardada, guardada, até se encontrar a quem dar.  Perguntei a Nice o  preço e ela não quis cobrar. Imagine, não é nada não, não ia fazer nada com ela. 




Levei a nata e fiz a manteiga de um jeito muito mais fácil que aquele adotado pelo  meu pai, de bater com a colher. Bati  no liquidificador com água gelada até a gordura se separar do soro. E isto acontece em segundos. Escorri e fui lavando os grumos com mais água gelada, até não sair mais soro, a água continuar transparente e a gordura ficar toda agrupada. Fui amassando com a colher para o resíduo de água ir saindo da massa gordurosa.   Temperei com um pouquinho de sal, moldei numa xícara forrada de pano, deixei gelar, desenformei  e estava pronta para passar no pão ou para fazer estes biscoitos de alecrim de receita alemã original daqui e que levei para comermos durante o carnaval e para dar um pouco de presente para Nice em agradecimento pela nata. Ainda não sei sei gostou, mas pelo menos eu fiquei bem feliz com a manteiga, com os biscoitos e a possibilidade de ter suprimento constante de natas.  

Biscoitos de manteiga com alecrim 


200 g de manteiga em temperatura ambiente
1  xícara de açúcar
3/4 de colher (chá)  de sal
Sementes de 1 fava de baunilha
1 ovo
2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco picadas
320 g de farinha de trigo (cerca de 3 xícaras)
Para a cobertura:  Raspas de um limão siciliano e de um tahiti e 1/4 de xícara de açúcar cristal

Na batedeira, bata a manteiga, o açúcar e o sal até formar um creme esbranquiçado. Adicione a baunilha e o ovo e bata até ficar bem incorporado, raspando as laterais da tigela com freqüência. Junte o alecrim e misture até incorporar. Com a batedeira desligada, junte a farinha aos poucos, incorporando com uma espátula, até formar uma massa homogênea. Nunca fique sovando demais massas de tortas e biscoitos, pois ficarão duras e não crocantes. Divida a massa em quatro partes, forme bolas, embrulhe em plástico e leve ao freezer. Deixe por 15 a 30 minutos ou até ficar firme. Enquanto isso, faça a cobertura misturando o açúcar e as raspas de limão. Tire a massa do freezer e faça cilindros de 4 centímetros de diâmetro com elas (se quiser, mantenha as bolas congeladas para fazer em outro momento). Se amolecer com o calor das mãos, enrole os cilindros em plástico e deixe de novo no freezer. Com os cilindros firmes, passe-os sobre o açúcar pressionando bem. O açúcar preparado deve ser suficiente para cobrir a superfície de todos os cilindros. Enrole novamente os cilindros em plástico e deixe-os no freezer até o momento de assá-los ou por pelo menos 30 minutos. Pré-aqueça o forno a 200 graus. Corte os cilindros em fatias com cerca de 1 centímetro e coloque-as em assadeira untada e enfarinhada. Deixe assar por cerca de 15 minutos, mas verifique o cozimento a partir de cerca de 10 minutos. Estarão prontos quando as bordas começarem a dourar. Deixe esfriar na assadeira e guarde em vidros.  Rende por volta de 40 biscoitos. 

18 comentários:

Profª Doralice Araújo disse...

Adoro manteiga caseira, Neide. Fiquei até com inveja de você. Imaginei um pão quentinho saindo do forno e a manteiga ali à disposição; bem acompanhados de um café coado na hora,Ô coisa boa.

Receba um abraço \Ô/ e os meus parabéns pela vida agradável que desfruta.

marta disse...

Neide,
impossivel não comentar depois de ver a foto da Dendê! que cara mais fofa, pena eu estar tão longe,caso contrario,iria por estas bandas só para dar uns abraços nela (é a cara da Luiza,parecem irmãs gemeas) e servir de voluntária para tomar conta dela quando vc. estivesse precisando de umas ferias!!!!!!!!!!

Neide Rigo disse...

Doralice, as palavras "café coado na hora" me suscitam mais vontades que o próprio café. Obrigada!

Marta, pois é, agora sempre me lembro de você quando mostro a Dendê. Amanhã bem que eu precisava de uma babá pra ela, que está mancando de uma patinha não sei porque.

Um abraço, N

Aline Santos disse...

Neide. Eu já disse que sou sua fã ? Tudo no seu blog me interessa. Me identifico muito com vc,sou super curiosa com ingredientes naturais e a transformação que acontecem com eles na cozinha. Quando criança,arrancava todas raízes para ver se tinha algum tubérculo comestível e tinha mania de provar folhas inusitadas (já levei muita bronca por causa disso) e super paixão por cogumelos. Amo roça,animais,plantas,gastronomia,e pretendo me formar em nutrição assim como vc. Lendo suas postagens de quando fazia faculdade com filho pequeno,lembro muito de mim com um filho de 3 anos,trabalho e casamento. Sua vitória estima minha vontade de vencer ! Você é a minha fonte de inspiração ! Parabéns pelo trabalho,que Deus e os Orixás te abençoem muito muito muito por essa mulher guerreira que você é !

Juliana Valentini disse...

Neidoca,
inda bem que postou a receita dos biscoitos, porque eu já ia mesmo pedir. Estavam maravilhosos e eu roubei vários, bem de fininho, enquanto você saracoteava pra cima e pra baixo pelo sítio, encerando casa de caseiro e replantando cosmos amarelinhos. Não posso imaginar como seria se você estivesse em plena forma.
Quero agradecer muito muito a acolhida tão simpática, como sempre. Foi um prazer enorme poder colaborar com o reflorestamento do sítio, que vai ficar lindo em pouco tempo, pelo tanto que vocês trabalham lá.
Um beijo grande com muito carinho,
Ju.

Quito disse...

entrem http://horanerdbrasil.blogspot.com.br/

Nina disse...

Minha avó fazia manteiga em casa. Que saudades!
(isso é de quando o leite ainda produzia nata...)
Beijos

Leticia Cinto disse...

Oi Neide! Espero que já esteja bem melhor agora! :) Quanto à nata, me fez lembrar que nosso vizinho tinha um rebanho de búfalos e, sempre que trazia o leite para gente, fazíamos manteiga porque esse leite é muito gorduroso! Também lembrei de quando dividia apto com umas meninas mineiras e guardávamos a nata para fazer biscoitos. Que delícia!

Anjali - Paula Magnus disse...

Oi, Neide
Bah. manteiga caseira não tem igual. Faz 03 anos que ganhamos uma vaquinha jersey, que tem o leite gordo, gordo. Desde então faço manteiga e ghee em casa. Comecei fazendo no liquidificador até que testando daqui, testando dali, descobri uma forma mais fácil de fazer. Para isso é necessário um processador doméstico. O processador vem com uma peça (que não chega a ser uma lâmina e que eu nunca tinha usado antes) para bater claras, parece uma saia com babados. Basta colocar a nata gelada nele (não precisa acrescentar água) e bater. Rapidinho a manteiga se separa do soro ficando uma bola sólida de gordura. Também acho o processador mais fácil de lavar que do que o liquidificador.
Adaptando as culturas antigas às modernidades da cozinha de hoje :)
Para fazer com frequencia, facilita a vida.
E depois de juntar um tantão de manteiga que não conseguimos dar conta, coloco tudo na panela e depois de algumas horas tenho uns bons potes de ghee. Uma delícia!
Tomara que a dica seja útil, poder retribuir um pouco tudo o que aprendo aqui, seria ótimo! ;)
Grande abraço, Priya

fabiana jardim disse...

Neide, querida, olha a coincidência: depois do último piquenique, fiquei com saudade das bolachas de nata da minha avó e até já tinha mesmo pensado em "encomendar" um poquinho de Piracaia. Daí que hoje, no supermercado, encontrei nata para vender; industrializada, certo, mas nata. E não resisti: comprei, liguei pra minha avó, e acabei de ligar para ela, para falar que a receita deu certo e que o cheirinho da cozinha dela se espalhou pela casa do mesmo jeito que a nossa alegria ao ver as bolachinhas sairem do forno deu alô na carinha do Rodrigo (que tá aqui me vendo escrever e me mandando contar que ele comeu toda a primeira fornada :-). Delícia que são essas coisas... Pode dizer pra D. Nice que ela tem público fiel para suas natas...

juju gago disse...

neide,

que sucesso! ah, sou sua fã!
fico inspirada.
adoro suas maneiras simples e inteligentes, sua postura com a vida e a natureza.


muito obrigada

Ju

Anônimo disse...

Neide que chique agora alem da manteiga tem Buttermilk também.(Diulza)

Valentina disse...

Neide,amei estes biscoitos.E estou com um pouco extra pois fiz uns bolos de maca com alecrim.

Neide Rigo disse...

Aline, que bom saber que há gente como você por aí. Faço muitos votos que se forme em nutrição. Terá muito a contribuir com a profissão. Obrigada pelos elogios.

Ju, já estou em plena forma - não é muito diferente. Nós é que gostamos de vocês lá com a gente. Obrigada!

Nina, muitas avós faziam manteiga em casa, né? Não é difícil.

Priya, ótimo saber. Ganhei mais nata ontem e vou tentar fazer no processador. Só preciso achar esta peça, que nunca usei.

Fabiana, estas natas vendidas no mercado (no Sul, baratíssimas, aqui, caríssimas), eu gosto de comer, passar no pão. Pena que o povo lá de Piracaia não sabe o quanto gostamos dessas coisas. Mas aos poucos eles vão sabendo, pelo menos se depender de mim. Posso imaginar a carinha do Rodrigo. Que criança resiste?

Obrigada, Juliana!

Diulza, sim, agora tenho o soro da manteiga também.

Valentina, muito me interessa este bolo de maçã com alecrim. Hum..

Um abraço, N




Anjali - Paula Magnus disse...

Que ótimo, Neide! Depois me conte se deu certo.
Beijos

Neide Rigo disse...

Priya, já testei e deu certo. Logo vou postar. Obrigada. Um abraço, n

Anjali - Paula Magnus disse...

Que bom, fico bem feliz! Abraços

Gabriel S. Ignácio disse...

Oi Neide,
adorei teu blog,
estou seguindo e tenho acompanhado - um achado incrível enquanto estava pesquisando sobre brotos -.
Achei muita coisa bacana, mas esses biscoitinhos de alecrim... nossa! incríveis! haha
Fiquei com água na boca e quero poder fazer para os meus amigos experimentaram (e para mim, claro, que amo alecrim)
Parabéns pelo teu blog!
Um grande abraço!