Conchas de quengas de coco |
Raspa-coco de banco |
Ana é autora do livro Gastronomia Sertaneja, indispensável para quem se interessa por nossa comida e costumes. Ela trouxe duas conchas de quenga de coco. Uma furada, com o furo do próprio olho do coco e a outra não. Uma é pra feijão com caldo, outra pra pescar só os grãos. O cabo é de pau de marmeleiro, passado pelo meio da cuia. No par ou impar, fiquei com a sem furo e a Mara com a outra.
Quenga é igual mulher da vida, mas também é cada uma das bandas do coco, as cuias. Quando se queria ofender uma mulher e suas duas filhas moças, lá no sertão, costumava-se dizer, segundo Ana, "a senhora é como coco, tem duas quengas e ainda acha pouco". Em Maceió vi o cartaz de um restaurante que anunciava cuscuz na quenga e só agora entendo que devia ser a cuia feita cuscuzeira. Era servido na própria cuia, com coberturas a escolher. Fiquei só na vontade, pois estava de passagem.
Ana trouxe ainda um raspa-coco de banco, que sem ele o coco cheio não vira cuia. Era seu, e agora, do acervo do Tordesilhas. Grande para segurar nas mãos, é próprio para apoiar entre a perna e banco, de modo que ele fica fixo e o que se move é o coco que se livra das raspas que viram cocada, tempero para o cuscuz etc.
Ana Rita Suassuna e seu livro cheio de preciosidades |
Ana falou ainda dos cacos de café, cacos de milho, paninho para o vinagre de cana e um monte de outros utensílios, técnicas e ingredientes, como a fuba que não é o fubá, que você pode conferir lá no livro dela.
5 comentários:
Neide minha "ídala querida", tudo, absolutamente tudo o que você escreve é incrível...acompanho o blog há alguns anos, mas sempre fiquei meio sem jeito de comentar, na verdade a vontade de conversar é tanta, que o espaço não vai dar ;)...mas queria te dize que tenho esse utensílio para ralar côco e foi minha comadre linda que me trouxe da Paraíba. É um barato ralar côco nele, sai diferente, com outra textura ótima para cocadas e cuscuz. Milhões de beijos e muito aché nessa cruzada de Drummond
Miriam,
por favor, comente sempre. Nem sempre tenho tempo para responder, mas leio e respondo em pensamento todos os comentários. Também quero um. É encomenda pra quando algum amigo meu for ao Nordeste.
Um abraço, N
Achei a Ana linda, com esse cabelinho de nuvem. Imagino que tarde gostosa vocês devem ter passado, ótima companhia, ótima comida... como se diz por aqui: pra que céu? Abç
Izabel
Neide, esses utensílios faziam parte da minha vida lá no nordeste. Eu usava o raspa-coco com maestria. É mais prático e rápido do que ralar. Lá no nordeste eu nunca vi ninguém ralar coco. Mas havia raspa-coco que raspava mais fino ou mais grosso. E mesmo quem tinha de um só tipo conseguia chegar ao resultado que queria imprimindo mais ou menos força ao raspar.
Tenho uma concha de quenga que comprei em Caruaru, bonita e bem acabada que dá um toque especial quando sirvo o feijão fumegante cozido em panela de pedra sabão.
Mais brasileiro impossível.
Izabel,
ela é loura, linda, simpática e inteligente. Um amor.
Maria das Graças, eu adoraria saber usá-lo com maestria. Hum, até eu fiquei com vontade de comer este feijão servido com esta concha de quenga.
Um abraço, N
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