Castanhas frescas, um luxo para nós, são tão comuns em Acrelândia quando é época, que não são encontradas no mercado. Acaba que todo mundo tem porque ganha do vizinho ou vai à coleta, ninguém compra. E embora estivéssemos já no fim da safra, pudemos encontrar algumas, não ganhadas mas compradas na pequena quitanda do Seu João. As castanhas, ainda inteiras, ficavam em um saco, longe dos olhos dos clientes. Só descobri porque desconfiei que ali poderia ter. Um real um saquinho, bem leitosas e crocantes. Maria e Fernanda tiveram a paciência de quebrar todas e tirar as castanhas, que usamos no pão e para o leite usado nesta receita (bate-se no liquidificador com um pouco de água morna e coa-se numa trouxinha de pano).
Quanto às bananas compridas (já falei destas enormes bananas amazônicas aqui), são fartas e baratas e eu só quis mostrar que podem ser usadas de outras formas, além de fritas. Cozidas, elas se mantém firmes com doçura realçada, o que faz muito bem para este prato. Já a leve e desejável acidez, consegui usando em vez de pó de manga verde ou pasta de tamarindo, que combinariam com a banana, um pouco de suco de cupuaçu, numa quantidade suficiente apenas para temperar, sem impor seu perfume. E, em vez de folhas de coentro, as de chicória (não aquela parente do almeirão, por favor), que é como são chamados por lá os coentros de folha larga, ou coentro-da-índia, do qual já falei aqui, que fazem o mesmo papel e que crescem lá feito inço.
Pois aqui está pra quem quiser se aventurar com a fórmula que pode ser adaptada ao que se tem por perto. Mas é bom manter o cominho, o gengibre e a cúrcuma, encontrados em todo o Brasil, algum leite vegetal (de coco, babaçu, licuri etc) e um dos dois tipos de coentro. Coma com arroz e depois me diga se não fica bom.
Foto: Fernanda Cobayashi |
Caril de banana-da-terra com leite de castanha
2 bananas-da-terra (compridas) maduras, mas firmes
1 colher
(sopa) de óleo
½ colher
(sopa) de grãos de cominho
1 cebola
grande picada
1 colher
(chá) de gengibre ralado
2 dentes
de alho socados
1 colher
(sopa) de cúrcuma (açafrão-da-terra) fresca ralada ou 1 colher (chá) do pó
1 tomate
picado
1 pimenta-de-cheiro ou 1 pimenta dedo-de-moça picada
1 colher
(chá) de sal ou a gosto
1 xícara
de água quente
1 xícara
de leite de castanha
1 colher
(sopa) de suco de cupuaçu (bata o cupuaçu com um pouco de água e use este suco
– ou use suco de limão se não tiver cupuaçu)
2 colheres
(sopa) de folhas de chicória (coentro-da-índia, coentrão, coentro-de-pasto) picada
Cozinhe as bananas com casca, em pedaços, com água que cubra, e um fio de
óleo. Escorra e deixe esfriar. Descasque, corte em fatias de um centímetro e reserve.
Numa panela, aqueça o óleo junto com o cominho e deixe até os grãos começarem a pipocar. Junte a
cebola, o gengibre, o alho e deixe começar a dourar. Junte a cúrcuma. Mexa bem
e junte o tomate, a pimenta, as bananas, o sal e a água quente. Tampe a panela
e deixe cozinhar em fogo baixo até o caldo ficar encorpado. Acrescente o leite
de castanha e a polpa de cupuaçu, mexa devagar e deixe ferver. Confira o tempero e corrija se necessário. Junte e as folhas de coentro e sirva com arroz.
Rende 4 porções
4 comentários:
Oi Neide!
Não me canso de te elogiar pelo seu trabalho. É Lindo! Parabéns!
beijo
Nara
De fato, o prato está lindo e tem cara de "Acril". Deve ter ficado gostoso, até gostaria de experimentar, Neide, mas na minha família só eu gosto de coisas que misturam doce/salgado, azedo/doce, leite/salgado e coentro. E, você sabe, o gostoso é cozinhar para muitas pessoas. Abç. Izabel
Não existe banana da terra onde moro.. buá!!
Cara Neide, cá estou, fazendo essa receita 8 anos após sua postagem inicial. Fiz à minha moda, com leite de coco caseiro, limão. Cozinhei as rodelas de banana no caldo. Ficou maravilhoso ! Muito obrigada! O Come-se e teu perfil no instagram são um deleite para mim, que adoro saber do que se come por esse Brazilzão, e de vez em quando, tentar em casa. Obrigada, obrigada !!
Postar um comentário