Neste fim de semana resolvi descongelar o pato caipira que minha mãe mandou por minha irmã quando ela esteve lá. Estava com dó de usar. Mas a situação pedia. Quando descongelei foi como se me transportasse para o sítio, à beira do fogão de lenha e as panelas de ferro da minha mãe. Difícil pensar que um bicho morto pode ser cheiroso mas este pato era. Um cheiro bom de palha queimada, usada para sapecar. A pele era firme, aderida, defumada apenas ligeiramente, só por aquele tempo necessário para tirar penugens. O resumo de toda a pastagem dos patos soltos no sítio estava na carne escura, firme, sequinha - nada de água minando do músculo. Dona Olga só não mandou as tripas e a cabeça (segundo ela, não é boa nem bonita como a de frango). De resto, a miudeza toda veio. Dos pequenos testículos amarelinhos ao esôfago, estrelado ao avesso. Os miúdos viraram canja com o caldo feito de costelas, pescoço, pés, pontas das asas e outros ossos. Ainda salvei carnes, desfiadas dos pedaços do caldo, para o ravioli que estou fazendo agora. E pele do pescoço cortada em tirinhas, que vou usar não sei onde. Pedaço maiores foram para a panela com vinho e outros temperos. Gordura não sobrou nenhuma. O pato era magrinho. As receitas, nos proximos capítulos. Outros aproveitamentos para o pato de supermercado, incluindo o preparo da gordura, está no post Lá vem o pato. 
Não é usual consumir os pés, mas são gostosos, ainda que mais magros. Foram para o caldo

O esôfago, então, ninguém nunca vê, mas é gostoso de morder e tem este formato lindo

Coxas e sobrecoxas, coxinhas e meio das asas, além do peito em pedaços, foram pra panela com vinho, cebolas, alho-poró, salsinha. Servidos com polenta mole


16 comentários:
Neide, imagino que um patezinho feito com aquele figado, devia ser um troço, mm sem ser fois grass!
E ver vc às voltas com estas coisas faz tudo parecer tanto facil... rss
Eu no meu caso, e como ja falei, nao consigo comer nenhum animal que me passou, belo e vivo, diante aos meus olhos. Hihihi!
Mas, em contra partida, gosto de um risotinho feito com moelas e repolho, picadinhos.
Enfim...
Bom passeio ai por Fartura!
Bjs!
gostei das fotos, do texto e do espírito Fergus Henderson "Nose to Tail Eating".
Há dias vi usar a pele do pescoço do pato para rechear como uma salsicha.
link: http://www.masterchef.com.au/grilled-duck-breast-with-a-confit-duck-neck-sausage%20.htm
Clau, o fígado desta pato, o que aparece na foto, estava divino. Um patezinho teria ficado bom, sim.
João, obrigada pelo link. Parece delicioso, com pistaches. Na nossa aula (com as chefs Mara Salles e Ana Soares), vamos mostrar algo parecido com o pescoço da galinha.
Um abraço, N
NEIDE!!! Por coincidência, eu desmebrei um pato congelado neste fds... o qual armazenei em plásticos para congelar alimentos. Porém, infelizmente meu pai colocou (de qqr maneira) em uma caixa de isopor... e eu tb fui negligente (depois de uma viagem de quase 02 horas, fui jantar, ao invés de ir para casa e guardar....) O ponto é que.... vazou SANGUE.... o fundo da caixa de isopor estava forrado de sangue... meu carro está, neste momento, em um estabelecimento sendo higienisado.... o cheiro está INSUPORTÁVEL.... vc tem alguma dica para ISSO??? Sinceramente, parece até que matei alguém e transportei no carro!!!!
trágicomico.... e temo que o cheiro não vá sair tão cedo....
Bjosss! e Sucesso!!!
Ah.... e o asco foi tanto... que acabei jogando a carcaça e miúdos fora.... uma pena..... eu tb estava planejando fazer um patesinho com o fígado.... HUMPF!!!
Neide eu passo a vez... Pra mim só Pato donald e Patolino!!!
Adorei sua visita!
Abraços Fêssora!
lindo post, simplesmente maravilhoso. Parabéns!
Neide
Gostei do blog e do pato. O pato serviu de inspiração, já que estou com um congelado no freezer, já o blog foi para minha lista de favoritos, assim não o perco de vista e continuo passeando por aqui.
Estudo e adoro gastronomia e gostaria de trocar experiências.
Beijos;
Fabi Artmann
gente essas tripinhas são uma delicia, minha mãe quando fazia coelho tbem fazia assim, com uma boa caninha ou vinho hummmmm!!!!nem te conto
Neide, teu post me jogou na infância! Domingo, um fogão a lenha, frango caipira na panela de ferro com bastante alho e a permissão de comer os miúdos antes: a moela, o fígado e o coração, que eram fatiados num prato esmaltado e comíamos, eu e minha irmã, à beira do fogão antes do almoço.
Obrigada por isso!
Neide, teu post me jogou na infância! Domingo, um fogão a lenha, frango caipira na panela de ferro com bastante alho e a permissão de comer os miúdos antes: a moela, o fígado e o coração, que eram fatiados num prato esmaltado e comíamos, eu e minha irmã, à beira do fogão antes do almoço.
Obrigada por isso!
Neide, é genial esta sua maneira de ensinar anatomia. Não sou muito amiga de carne mas acho importante aprender sobre o assunto, até para não desperdiçar coisas que são de comer. Por ignorância, acho que joguei muito baço fora quando comprava fígados de galinha para fazer patê. Nem o vendedor de frangos soube me explicar o que era e pensei que poderiam ser algum tipo de tumor. Morria de nojo. Veja que vergonha tanta falta de informação. Parabéns pelo seu trabalho e muito obrigada por repartir tanto conhecimento.
Olá, adorei o blog..
As fotos e os comentários no texto foram perfeitos..hehehehe
Não sou mto fã de patos, mas bem feito eu aceito! hehehe
bjss
http://patchagas.blogspot.com
adoro pato! o peito frito na frigideira e' uma loucura. parabens pelo blog. este e' meu blog de gastronomia tambem: thecookingroom.blogspot.com
ai, que me lembrei dos patos no tucupi que mamãe faz nas festas paraenses!!! Babei e até senti o cheiro do tucupi a cozinhar!!
inesoNeide, bom dia..lindas crianças...lindas fotos...mas sobre o pato...vou ver como faço para fazer... (tenho ''paura'' em pensar que tenho de mata-lo..tenho uma pata e quando olho para ela penso mais como o David...afe...)...abraços
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