Foi pouco! Fazia tempo que não comia um piteu aquático com tanto gosto. Minha amiga Adriana Lucena, de Natal, me apresentou durante o Terra Madre as mulheres que trabalham com pitu e mangaba no Vale do Maxaranguape - RN. No último dia do encontro, elas me deram de presente os pitus já cozidos e congelados além de polpas de mangabinhas, com sabor de peras. Tive o impulso de recusar, pois minha mala já estava cheia e o crustáceo é perecível, poderia não aguentar a viagem. Mas a gulodice falou mais alto e aceitei na maior felicidade. No outro dia, descongelei e aqueci para comer como tira-gosto antes do almoço. Achei que poderia já não estar tão bom, afinal chegou a descongelar um pouco na viagem. Mas, que nada! Aqueci no vapor, tirei a cabeça e comi com pinça. Havia uns oito ou dez camarões carnudos, cozidos apenas em sal. Aliás, bem salgados, o que talvez tenha ajuda a conservá-los como frescos. Mas estavam tão deliciosos que lamentei ter que dividir com a Eliane (lamentaria da mesma forma, fosse quem fosse) e talvez colocasse vassoura atrás da porta se alguém tocasse a campainha naquele momento. A carne firme e rosada lembrava mais lagosta e siri que camarão. E como não sei mais nada dele além do fato de ser maravilhoso, ficarei aqui no anseio de ir comer mais na fonte. De preferência, muitos, porque estes não deram para o cheiro.
Outros pitus igualmente gostosos e incrivelmente frescos, comi na Ilha do Marajó, despescados ali mesmo no curral, mantido nas proximidades. Estes aí, da foto. Para quem acha que pitu é apenas nome de cachaça brasileira, saiba que é primeiro um crustáceo que atinge tamanhos avantajados, às vezes até maiores que os lagostins, e que vive em águas doces ou salobras. Não sei se este que comi é o Macrobrachium carcinus, uma das espécies que recebe popularmente o nome de pitu. De qualquer forma, é este do Vale do Maxaranguape que vou conhecer e saber mais quando for pra lá.
Por enquanto, passo a palavra para o Gustavo e a Fernanda, que estão trabalhando com a comunidade e me escreveram o seguinte email:
O Pitu do Vale de Maxaranguape é capturado na Bacia do Rio Maxaranguape/RN por agricultores e/ou pescadores amadores, tanto para sua subsistência e renda extra. Estou tentando organizar a cadeia produtiva do pitu para podermos ter todos os direitos e deveres de um pescador artesanal, como seguro desemprego, período de defeso regulamentado por lei, proteção da bacia do Maxaranguape, etc. A sua comercialização está ainda desorganizada, mas estamos trabalhando para que a maioria dos pescadores entrem na cooperativa que estamos fundando, com isso evitando os atravessadores que, além de explorá-los, não tem nenhum compromisso com sua preservação (pitu) para gerações futuras, comprando em todas as épocas, fêmeas ovadas, qualquer tamanho, etc.
Caso alguem queira adquirir, estamos à disposição, só precisaremos de um prazo para entregar, pois no momento a demanda é maior que a oferta. Queremos agradecer pela atenção reservada ao nosso pitu e dizer que em breve nossa comunidade estará com a Toca do pitu, onde poderemos degustá-lo recém capturado da natureza.
Um comentário:
nossa,salivei!!Eu AMO tudo que é camarão,e de tudo que é jeito.Aliás,gosto de comida do mar,sem restrições.E sempre trago peixe e camarão de Vitória e fico me deliciando um bom tempo.Aliás,é bom mesmo que não apareça ninguém nesta hora rsrsrs beijo!!
Postar um comentário