sexta-feira, 23 de abril de 2010

Comida Lá da Venda


Jardim de latas da Helô
Havia meses que ensaiava ir visitar o Lá da Venda, da Heloísa Bacellar (autora dos livros Cozinhando para Amigos e Entre Panelas e Tigelas) pra matar um pouco a saudade de armazéns como aquele Paraopeba de Itabirito. Só deu certo na segunda feira, aproveitando a presença em São Paulo da amiga Roberta Sá, coordenadora da comissão nacional da Arca do Gosto, da qual faço parte. Elisa Correa, também da comissão e já frequentadora, foi quem sugeriu.
Na frente, funciona a venda ou armazém com produtos variados que vão das velhas alpargatas com solado de corda aos saleiros de parede de plástico colorido. Há lindos utensílios brasileiros de ferro, cerâmica e ágata, como chaleiras, pratos, bules e canecas coloridas para café (canequinhas de ágata encontradas por aí a R$ 1,99, decoradas com motivos ingleses, você sabe, são chinesas). E tem toalhas de linho bordadas por mulheres de uma comunidade de São Luiz do Paraitinga, riscadas com flores caipiras pela própria Heloísa. Bolsas de crochê, estojos de lapis, pano de prato, lençol, compotas, bolo de balcão e, se pá ou quiçá, até sabão de soda. Ou seja, tem de um tudo. Só vendo mesmo.
São tantos itens quanto histórias sobre eles. Heloísa se sentou conosco e foi contando, isto vem daqui, aquilo vem dali, aquele outro é assim e assado porque é feito especialmente pra loja etc. Fiquei imaginando o trabalhão para administrar cada detalhe, a saga para descobrir bons produtos e produtores orgânicos, fazer o item chegar à loja, carregar coisas na mala e outras aventuras. Tudo isto contribui para que a comida servida ali não seja lá tão barata.
O restaurante é pequeno, com poucas mesas, mas a comida é farta e bem feita - simples sem ser simplória. É bem temperada, com jeito de comida de casa. A começar pelo arroz que estava fresquinho, saboroso, quente e macio e este é o prato que primeiro observo numa comida que se diz caseira. Arroz ressecado, parboilizado, frio e sem tempero, pra mim, diminui todos os outros pratos que o acompanham.
Pedi afogado e achei que poderia ter meia porção, pois foi muito para mim - daria para dividir sem problemas não tivessem as amigas preferido a salada. O molho fragrante e denso já bastaria para se comer com a farinha de milho branca crocante que acompanhava. Embora não seja muito entendida de afogados, acho que a carne poderia ser mais suculenta - leia-se mais gelatinosa, com mais colágeno. Mas talvez isto não seja unanimidade e, de um modo geral, tudo era gostoso. E ainda vem de entrada pasteizinhos de angu irresistíveis e azeitonas.

Elisa e Roberta foram de salada e pão de queijo da canastra, pois havia acabado a opção vegetariana - torta de palmito. De sobremesa, o sorvete de pitanga feito apenas com a fruta e açúcar vem em copinho de papelão e pazinha de madeira, coisa de antanho. Leve, cremoso, meio amarguinho, doce e perfumado como a fruta do pé. Faltou o café de coador para completar o clima, mas aposto que não demora a ter. De preferência com mariquinha individual à mesa.





Taí um bom programa para o sabadão.
Lá da Venda
Rua Harmonia, 161
Tel: (11) 3037-7702
www.ladavenda.com.br

4 comentários:

Mariângela disse...

afe maria,quero ir lá!! aliás,anda até pegando mal,tudo que tu postas,que digo que quero hahahaha!! esta parede de latas me lembra os jardins internos das casas espanholas em Andaluzia,tão lindos.
Beijo!

Neide Rigo disse...

Mari, já disse, em vez de se mudarem para a Espanha, mudem-se pra São Paulo! beijos, N

Yanna Clementino disse...

Que delicia!Fiquei com agua na boca! Nada como comida autentica, honesta e sem pretensoes!

Gina disse...

O sorvete de pitanga está com uma cara linda!
Me delicio visitando lugares assim. As paredes com latinhas lembram os pátios de Córdoba, na Espanha.
Bjs.