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http://come-se.blogspot.com.br/2013/09/expedicao-pitadas-visita-produtores.html
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http://come-se.blogspot.com.br/2013/08/expedicao-pitadas-restaurante-porto.html
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No encontro com as quituteiras de Pirenópolis, as medalhas brancas com relevo da pombinha do espírito santo com esplendor encantaram. Não pelo sabor, que é açúcar puro, mas pela forma, jeito de fazer e íntima relação com a história da própria cidade, afinal foram criadas ali.
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Dona Terezinha de Arruda Camargo |
No encontro com as quituteiras de Pirenópolis, as medalhas brancas com relevo da pombinha do espírito santo com esplendor encantaram. Não pelo sabor, que é açúcar puro, mas pela forma, jeito de fazer e íntima relação com a história da própria cidade, afinal foram criadas ali.
Quem as apresentou
foi dona Tereza de Arruda Camargo, dona Terezinha para os íntimos, experiente na
arte veronítica que aprendeu aos seis anos observando a tia do pai. Outras
mulheres também fazem, como é o caso de Cerise que aprendeu com a mestra. A
veronqueira mor nos explica como as medalhas brancas são feitas: Calda de
açúcar clarificada com claras em neve. Ela está pronta pra ser jogada na pedra
quando, bem quente, ao ser pingada em
água fria forma garranchinhos. Aí é só
jogar na pedra branqueada de polvilho, deixar esfriar um pouco e ir puxando com
as mãos polvilhadas, formando grandes tiras de massa que, depois, são deixadas em formato
de cilindros compridos. Estes são cortados como balas de coco e viram bolas achatadas com os discos de bronze com imagens em baixo relevo. Basta,
então, desenhar a borda ou raios estilizados com o cabo de um garfo. Antes, quando não havia açúcar
branco, as verônicas eram brancas do mesmo jeito – a calda de açúcar mascavo
era clareada num processo que pedia barro e folhas de bananeira. As forminhas
de bronze são feitas hoje pelo Bastião Catitu, morador da cidade.
Pirenópolis tem uma
cultura riquíssima e a Festa do Divino é umas festas mais importantes. Dura um
mês e acontece por volta de maio e junho, durante a época de Pentecostes. Fazem parte
da festa várias manifestações como as folias, as cavalhadas, as alvoradas, as
congadas, os mascarados e as pastorinhas, resultando numa verdadeira mescla de
rituais religiosos e profanos.
A tradição foi
trazida ao Brasil pelos portugueses e em Pirenópolis o primeiro registro é de
1819, quando um certo Coronel Joaquim da Costa Teixeira foi consagrado como
Imperador do Divino. É o imperador, e isto vale até hoje, quem organiza a festa
e capta recursos para que tudo aconteça. O prestígio dos imperadores é tanto
que ao longo da história foram introduzindo novas tradições à festividade. Em 1826, por exemplo, o festeiro do ano era o
Padre Manuel Amâncio da Luz e foi ele quem introduziu as Cavalhadas e mandou
fazer uma coroa de prata para a ocasião, a Coroa do Divino, que doou para a
Igreja (certamente a igreja que comandava). Para divulgar o feito,
distribuiu pela cidade, de casa em casa, os alfenins chamados de verônicas.
Fizeram tanto sucesso ao longo da história que regras devem ter sido criadas para evitar filas enormes na porta da casa do imperador durante a festa do Divino. Dona Teresinha nos conta que antes só virgens recebiam os alfenins. Mas, sabe como é, atualmente durante a festa só ganham alfenins as crianças.
Hoje verônicas são
dadas como lembrança em batizados, festas de aniversário e casamento, e isto pode
ser visto como um gesto de carinho, cordialidade, felicidade eterna e
intocável, afinal é um docinho para ser admirado, que não se come, dura pra
sempre. E dona Teresinha é uma veronqueira contente que trabalha no Divino mas
também nas festas comemorativas. Diz que além de fazer o que gosta, ainda ganha
dinheiro com isto. Vende a um real cada medalha e às vezes faz cem reais no dia,
diz toda prosa.
Bem, terminando
nossa reunião com as quituteiras, rumaríamos para Goiânia, mas cismei de querer
comprar umas verônicas de dona Teresinha. Ela disse que tinha em casa e
combinamos de passar lá. Enquanto nos
despedíamos, dona Teresinha sumiu. E, já escurecendo, eu quis desistir da
encomenda, pois atrapalharia todo o grupo cansado do dia
agitado. Mas fui convencida de que ela estaria esperando, que era só uma
desviadinha de nada, não custava. E lá fomos nós a procurar o endereço. Pergunta pra um,
pergunta pra outro, chegamos já de noite. A maioria dos colegas de expedição
nem saiu da van.
Dona Teresinha
tinha ido rápido pra casa pra começar a fazer as verônicas. E não é que pudemos
acompanhar quase todo o processo? Quem ficou no carro perdeu o espetáculo. E
por pouco não perdeu a paciência. Mas a euforia dos que voltaram contando a
experiência foi convincente sobre a importância do registro.
Fiquei louca pra
ter uma forminha de verônica, cada qual com um desenho diferente. Já bem
profanando o símbolo religioso que foi no início, hoje você pode encomendar as
chapinhas com o desenho que quiser, até com lacinhos, flores ou iniciais do nome do casal quando
é lembrança de casamento.
Uma coisa
interessante lembrada por minha amiga Verônika, a quem trouxe algumas de
presente, é que verônica quer dizer imagem real, aquela do rosto de cristo
ensanguentado carimbada no pano segurado por aquela mulher, durante o caminho do calvário. Verônica, portanto,
é a imagem e não a mulher. Mas isto é coisa que religiosos devem melhor saber
que eu. A definição aparece também no
dicionário, como Caldas Aulete, por exemplo.
As forminhas de verônicas |
7 comentários:
verônicas lindas. minha mãe fez uma verônica na vida dela. é branca, sim, mas não muito doce... :)
Neide, excelente matéria, valeu a pena não desistir, o processo da massa é semelhante a bala de coco.
Lindo mesmo. Parabéns, bjs.
Encantador, tudo isso Neide !
Seria tão bom que essas tradições fossem mantidas.
Um abraço.
Matéria fantástica, Neide! Uma tradição destas a gente só consegue encontrar mesmo nos rincões do interior deste nosso Brasil.
Que boniteza, Neide!
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Que demais! Quando o gesto de uma santa, que é tirar uma impressão do rosto de Jesus, vira o nome da própria santa. Daí, você pode fazer verônicas de santo antônio, de quem quiser, em geral cabeças. Diz o Houaiss, "atirou-lhe uma pedra à verônica". É bonito também, que na procissão do enterro de Jesus, a santa andava com o pano impresso na mão, é a comunicação de massas rolando!
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