sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Trajetória de uma maniva baiana. Ou folhas de mandioca são comestíveis

Com a palavra, um pé de mandioca: Já tem mais de um ano que estou em São Paulo. Vim da Embrapa de Cruz das Almas - BA, na bagagem apertada desta doida. Foi presente do Joselito. Éramos quatro amarradinhos, cada um de um tipo. As outras manivas foram para um sítio e restou eu, que já não sei quem sou. A doida me plantou só na praça como se aqui fosse lugar bom pra mim. Não sei se ou quando vou dar mandiocas por baixo desta terra dura, mas dei boas folhas que também poderão ser úteis. Por aqui nem por lá na Bahia as folhas são usadas pra comer. No Norte usam as folhas da minha prima brava para fazer maniçoba, mas cozinham até virar um negrume. Seis, sete dias de cozimento. Dizem que é pra tirar o veneno, mas não precisa ser tanto assim, a ciência já provou. É que gostam assim, bem pretinha e macia. Mas eu mesma, sou mansinha, não tenho muito desta coisa chamada cianeto, por isto, quando minhas folhas são novinhas, elas podem ser cozidas só até ficar macias e usadas como qualquer outro vegetal, com a vantagem de ter mais proteínas. Ainda bem que ninguém sabe, se não me deixariam pelada aqui na praça. Só a doida vem aqui de vez em quando me ver. Ainda bem. Outro dia ganhei o incômodo de umas larvas nos brotos. Pois ela veio e tirou tudo na unha. Ufa, que alívio.
Mas se soubessem o tanto de pratos feitos com folhas novas lá na África Central, veriam como posso ser gostosa. Veja, por exemplo, este
prato do Congo. Ou este outro com quiabo. Delícia, não? Mesmo a doida não me pela muito. Fica esperando que eu fique mais vistosa - boba ela, pois as folhas novinhas são as melhores. Mas nesta semana ela veio e me deixou quase no toco, com perdão do exagero. Catou um monte de folhas, dizendo que era pra sair na foto de um jornal. Para a fama, que seja! Pois hoje ela veio me mostrar como ficou. Fiquei toda envaidecida, ainda mais porque a matéria dizia que minhas folhas são comestíveis, sim.
Uma coisa que ela sempre faz, não sei porque,
que brincadeira besta, é me arrancar uma folha com o talo e, quebra de um lado, quebra de outro, o talinho se multiplica em dois. No meio, a folha, que é rasgada para parecer uma medalha. E aí ela enfeita o pescoço. Coisa que ela aprendeu quando era criança. Mas agora é uma velhota, né, que graça tem? Mas, vá lá, uma folha não doi. Nem mais folhas, quando elas aparecem na capa do caderno. Ou o colarzinho no Blog do Paladar.




Sim, as folhas podem ser preparadas como verdura cozida. O Caderno Paladar trouxe ontem informações sobre estas plantas que precisam ser domadas como taioba, folhas de mandioca ou urtiga. E as folhas da capa sairam de um pé que plantei na praça.

7 comentários:

Anônimo disse...

Hahahahaha adorei o jeito que vc postou. Que bom conhecer coisas novas.
Beijos

Maria Cristina Stolf disse...

Olá Neide!!! na ceia de fim de ano fiz talos de taioba ao molho agridoce. receita tua!!! ficou uma delícia...

Daniel Brazil disse...

Ficou ótima a matéria no paladar. E o teu post é um primor!

Rose Fávero e Alessandra Scarpin disse...

Nossa!!!! Que saudade do colar de folha de mandioca, vou fazer um pra mim agora! rsrsrs
Usei muito isso na minha infância, fazia o colar e ia passear com minhas "filhinhas" de milho.
Tempinho bom...

Anônimo disse...

Muito fofo seu post! Ponha mais plantinhas pra falar, dê voz a elas porque elas falam muito bem atravéz de ti!

Com carinho
Cátia Milhomens

Anônimo disse...

Amei o pe de mandioca falando, sabe que as vezes me pego conversando com , minhas plantas outro dia minha sobrinha ia passando com o nenem dela .Eu estava falando com uma roseira rapidinho ela falou pro nenem nao liga nao filho, ela e assim mesmo. Mas vou te contar um segredo quanto mais eu falo com minha roseira , mais rosas bonitas elas me dao. Beijos Denise

curumin disse...

Meus parabens.Adorei a postagem.É tão bom quando pessoas sábias transmitem seus conhecimentos.
Minha unica duvida é:quanto ao tempo de cozimento.obrigado pelas dicas.