quarta-feira, 18 de junho de 2014

Comendo e bebendo com os Castanhos

Thiago na Cozinha
Filipe no salão - deu-nos uma prova de sua cerveja
Quem vai a Belém não pode escapar de comer a comida da família Castanho. Eu ainda não conhecia nenhum dos dois restaurantes da família, pois na última vez que fui a Belém só tinha o domingo, o Remanso do Peixe estava fechado e o Remanso do Bosque ainda não existia. Gentilmente Thiago convidou a mim, meu amigo Filipe Miguez e o editor da revista Saveur, James Oseland, para comer na casa dele com seus pais. E, claro, foi uma experiência sem igual.  Filhote, banana da terra e quiabo, tudo grelhado, tão frescos e tão deliciosos. Foi lá que comi um dos melhores açaís, e foi lá que descobri que açaí fresco tem gosto de azeite de oliva. 

A exemplo do Rodrigo, do Mocotó e Esquina Mocotó, Thiago e Filipe Castanho cresceram no restaurante do pai, estudaram e incrementaram o restaurante da família, sem descaracterizá-lo. E depois se viram instigados a fazer algo mais autoral - afinal, todo mundo quer ter suas próprias criações, experimentar e mostrar suas descobertas.  Hoje,  tanto um Remanso, o do Peixe,  mais simples, quanto o outro, o do Bosque, mais requintado, são locais que vivem cheios. Desta vez em Belém,  comi nos dois. No do Bosque, menu degustação com muita coisa diferente, da floresta, do mangue, do mercado, do mar, do Marajó. Thiago não tem medo de arriscar ao servir uma água tânica (cheia de taninos e não tônica)  dentro do próprio coquinho medicinal, o buçu - cujas palhas os ribeirinhos usam para cobrir casas e cabanas. Também não tem medo de misturar papel de arroz asiático com elementos regionais e inusitados como pupunha e farinha de pipoca, ou uma manga em tempero de ceviche com farinha de mandioca. Nem de servir seus pratos em recipientes rústicos. Já em matéria de risco, quem não quer ter nenhuma surpresa, pode ir sem medo ao Remanso do Peixe, pois a comida é sempre boa, bem temperada, conhecida e com preço acessível. Menu degustação não é pra comer todos os dias, é um acontecimento, uma performance, já a comida do Remanso é aquela que a gente quer repetir em toda refeição. 

Thiago também acaba de lançar um livro pela Publifolha, onde apresenta seu trabalho e de alguns colegas. Veja aqui. Embora os irmãos estivessem sempre juntos na cozinha, o empreendimento familiar acabou por fixar cada um deles numa área, de acordo com suas melhores aptidões, ao que parece. Assim, Felipe Castanho assumiu o salão e sua paixão pelas bebidas, em especial as cervejas que está aprendendo a fazer e que já se mostrou no caminho certo.

Algumas fotos dos pratos dos dois Remansos. 

Caldeirada, no Remanso do Peixe 

Pupunha em papel de arroz e farinha de pipoca - R.Bosque

Bolinho de Piracuí, R. do Peixe 

Musse de bacuri, no Remanso do Peixe 

Mujica de peixe, no Remanso do Peixe 

Bacuri com sagu de hibisco e jambo, no Remanso do Bosque

Pirarucu defumado, banana de terra

Queijo marajoara com mel de uruçu 

Cacau - fresco, preparado, do Combu 

As reservas, no Remanso do Bosque:  giz nas cumbucas de castanha.
Com as amigas Janaína Fidalgo e Luiza Fecarrota 


Ariá em caldo de milho assado (a própria batata crocante tem gosto de milho)
O melhor do dia, no Remanso do Bosque 

Beijus com manteiga de garrafa, no Remanso do Bosque 


Água de buçu, no Remanso do Bosque

4 comentários:

Anônimo disse...

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Angela Escritora disse...

Neide! o que é farinha de pipoca? é fazer a pipoca e picar? e salgar ou adoçar? menina, que experiência hein? E essa coisa de hibisco? da flor? daquela flor vermelha? conta tudo!!

Unknown disse...

Neide, seu blog é meu vício. Depois de ler estas aventuras gastronômicas no Pará eu me
pergunto o que faço eu aqui tão longe. Meu desejo é pegar o primeiro avião e cruzar o oceano, tenho que fazer isto. Estas comidinhas tão originais não saem do meu pensamento. Obrigada por me fazer sonhar.

Alexandre disse...

Legal!