Espigas de milhete que conheci em Dakar
Estou há alguns dias às voltas com esta receita que eu não vi nem provei em Dakar, mas fiquei curiosa já que, além do refresco, parece ser das poucas receitas clássicas que leva o suco de baobá, combinado couscous de milhete, manteiga de amendoim e especiarias. Sobre o milhete, já falei aqui e com ele há inúmeros pratos, especialmente feitos com o granulado de sua farinha. Este produto é chamado de araw, karaw ou simplesmente couscous de mil, que pode ser fino, médio ou grosso. Ele é preparado no vapor como qualquer outro cuscuz, mas é mais apreciado para se comer adoçado misturado com iogurte, leite e frutas. Ou com este creme de amendoim.
Pelo que sondei (veja este artigo), o ngalakh é feito pelos cristãos, no final da Quaresma, especialmente para oferecer ou compartilhar com seus vizinhos e amigos muçulmanos, como forma de reforçar a amizade e o respeito pela cultura e religião do outro. Só por isto, acho que vale o registro. Mas também porque é uma delícia, uma combinação a que jamais chegaria sozinha, apenas com intuição. Quem quiser tentar e não tem o cuscuz de milhete, faça com o de trigo duro mesmo, mais comum por aqui (cuscuz marroquino). E o suco de baobá pode ser substituído por suco de tamarindo. A receita veio do site Baobafruit. Veja lá a receita original, pois aqui diminuí o açúcar pela metade e usei água de rosas em vez da de flor de laranjeira.
Ngalakh (ou também Ngalax, Ngallax)
2 xícaras de cuscuz de milhete (karaw)
2 colheres (sopa) de manteiga
1 xícara de suco de baobá
1 xícara de manteiga de amendoim pura, sem nenhum outro ingrediente na fórmula
1 xícara de açúcar - ou a gosto
1/2 colher (chá) de essência de baunilha
1 colher (chá) de água de flor de laranjeira (ou de rosas)
1 pitada de noz moscada ou canela
1/2 xícara de uvas passas (não fiz isto, mas você poderia reidratá-las antes com suco de baobá ou de tamarindo - suspeito que ficaria muito melhor)Hidrate o cuscuz de milhete e cozinhe no vapor conforme instruções do rótulo (ou faça isto com o cuscuz que vai usar). Neste caso, hidratei com volume igual de água e cozinhei por 10 minutos. Solte o cuscuz enquanto está quente e junte a manteiga. Deixe na geladeira pra ficar bem gelado. À parte, misture o suco com a manteiga, o açúcar, a baunilha, a água de flores, a noz moscada ou canela. Misture bem com batedor de arame. No início parece meio talhado, mas é só continuar batendo até formar uma mistura cremosa e lisa. Deixe na geladeira até ficar bem gelado. No momento de servir, junte o cuscuz e o creme e acrescente as uvas passas. Não dá pra comer muito pois pode ser enjoativo por causa do amendoim de sabor marcante. Por isto, deve render umas 10 a 12 porções pequenas.
Acima, a espiga de milhete, sobre o qual já falei aqui. Depois, os grãos feitos com sua farinha cozinhando no vapor e, embaixo, os grãos já cozidos
Sobre o baobá e seu suco falei ontem aqui. A polpa seca tem que ser deixada de molho em água morna até amolecer, quando, então, é passada por peneira para fazer um suco ácido e adocicado.
Uau!!! Muito exótico! Não consigo nem imaginar o sabor, estou perplexa. Muito legal, Neide!
ResponderExcluirBjs
Neide, que vontade que dá comer tudo que você aprendeu na Africa. beijo e saudades, Sofia
ResponderExcluirEstou como a Kenia: perplexa!
ResponderExcluirE é bom?
Oi Neide essa arvore (Adansonia digitata) existe em Angola o nome de Imbondeiro, o fruto é a múkua, existe também na estrada que vai de Feira de Santana, BA, para GO e em frente à Escola de Aprendizes da Marinha em Recife, PE.
ResponderExcluirParabéns pelo Blog.
Laboreiro