quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mercado em Uberlândia


Salete T. Santana, vendedora do Box da Dina
Sexta foi dia de mercado. A jovem Mariana foi comprar suspiros para a sobremesa do nosso jantar da noite e Marcos e eu pegamos carona.  - Nem precisa esperar, Mariana, voltamos de taxi, sei que vou me enroscar. - Mas não tem nada de diferente, Neide, você vai ver, e é pititico.  - Você que pensa, Mariana, você que pensa! O igual está lá no shopping e no restaurante bacana.  De fato é pititico, mas ficamos ali um bocado olhando as diferenças que são tantas.

Para deleite dos olhos, começamos pelo box do Chico (lembra? A Kris Nardine foi quem me apresentou), que não estava lá, repleto de requeijões brancos e morenos, pilhas de queijos, doces de corte e cremosos, laranjada cascão com pedaços da casca, pessegada em caixa de madeira, polvilhos artesanais, fubá de canjica de moinho de pedra e uma infinidade de tentação. Tenho muito sorte de não ser fisgada por doces, se não teria que sair de lá carregada.  Mas aos requeijões não resisti.

A filha do Chico que fica no box de artesanatos da frente, depois que eu já tinha tirado fotos dos cestos e esponjas vegetais penduradas sem que ela visse,  perguntou: "Só por curiosidade, eu vi a senhora tirando fotos do box do meu pai, posso saber o motivo de a senhora fotografar tudo?". Expliquei meu interesse e ela foi enfática: "Já eu não autorizo fotos aqui, não.  É nosso sistema, meu e da minha mãe."  Confessei que já tinha tirado, que devia ter pedido, que me desculpasse e bla bla bla. Tudo bem, ela parece ter entendido  e ainda ficamos conversando um tantinho. Ela, contando das dificuldades pelas quais já passou o mercado inaugurado em 1944, a politicagem envolvida, os jogos de interesses etc. Só não soube explicar porque ser tão sistemática quanto às fotos das mercadorias. É nosso sistema, repetia.

Segui adiante evitando fotos sem autorização ainda que fossem de buchas penduradas. Todos os demais autorizaram e alguns até posaram como é o caso da simpática Salete T. Santos, funcionária há 10 anos do box da Dina, onde você pode comprar licores feitos por ela e doce de leite a granel, pesado na hora. Trouxe um pouco para fazer pudim,  não tanto pelos doces que são deliciosos - pude provar todos,  mas porque adoro este jeito de comprar, ainda mais por estarem abrigados em lindos caldeirões de alumínio areado.

Depois passamos no box do Luiz que trabalha no mercado há 36 anos, tem queijos deliciosos de Cruzeiro e da Serra do Salitre, rala os curados como você quer, é bom de prosa e entrega seu pacote com uma receita de pão de queijo de presente.  

Clique para ver as fotos ampliadas



Veja o site do Mercado Municipal de Uberlândia: www.mercadodeuberlandia.com.br

6 comentários:

  1. que antipática a filha do chico, mas eu que faço artesanato por hobbie já presenciei muito isso, os artesãos não permitem fotos dos seus trabalhos (deve ser medo de serem copiados, o que não impede de alguém comprar e copiar da mesma forma, né? acredito que seja até benéfico a divulgação, mas eles não gostam)... já esse doce de leite, que delícia, eu no meio da manhã vendo uma foto dessas, é muito pecado...

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  2. Seu blog está incrível. Adorei os textos e fotos da feira de Uberlândia... vou passar por aí em setembro, talvez...rs
    um abraço
    João Mario
    Picadinho de Bacana

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  3. Tenho a mania de fotografar tudo, mas tudo mesmo. Foto minha? Quase nenhuma.
    Pergunto se posso fotografar e encontro gente que até arruma o box, a barraca, uma gracinha!
    Você fica de olho nas diferenças e eu fico cada vez mais impressionada com as nossas semelhanças...rs!
    Estou de cozinha nova, aguardo sua visita.
    Bjs.

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  4. Eu fui nesse mercado em novembro de 2009 e também achei pititico, mas sempre tem alguma coisa, né? Lembro que trouxe doce de leite também e mais vários doces(eu sou super do doce, Neide). Quase indo embora, ainda parei pra almoçar num restaurante na porta do mercado, que servia um PF ajeitado! E barato!

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  5. Prezada Neide,

    Gostei muito do seu post! O Mercado Municipal de Uberlândia tem para mim um valor afetivo imenso. Fui ao mercado pela primeira vez com meu avô, a mais de 40 anos atrás. Nos anos de 1970 ele era menos turístico e mais para consumo da população. Não havia ainda os supermercados onde se acha tudo do mundo todo em todo mundo e talvez, arrisco a dizer, uma felicidade que vinha da simplicidade da pobreza. Toda vez que vou a Uberlândia tenho que necessariamente passar pelo mercado, passeio ali, na memoria, como um menino levado pelo avô.
    Parabéns pelo blog.

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  6. Rezinha, é o sistema dela e temos que respeitar. Sim, este medo de ser copiado é uma grande bobeira. Este doce é divino!

    João, obrigada e apareça!

    Gina, vou lá ver sua cozinha. Pera aí.

    Fernando, eu também queria almoçar lá, mas já estavam nos esperando. Na próxima vez quero comer ali.

    Anônimo (como é seu nome?). Adorei saber sua história com o mercado.

    Um abraço, N

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