sexta-feira, 11 de junho de 2010

Bucha-paulista, maxixe-do-pará. Uso interno e externo



Luffa, tem do liso e do quinado como quiabo. Todos eles, verdes, se comem. Maduros, fibrosos, viram esponjas para louça e banho. Na China, Filipinas e em vários países asiáticos este fruto é cultivado, vendido e consumido como um legume qualquer.
Este verde da foto, comprei no bairro da Liberdade no começo da semana. O maduro, já fibroso, trouxe de Fartura. Lá não é hábito comê-lo, mas poderia. Tem sabor suave como chuchu ou
caxi, mais suave que maxixe. Com ele se fazem sopas, frituras, refogados, bolinhos, mas o miolo escavado do fruto também aceita recheios para gratinar ao forno. Pode ainda virar suflê, cremes e qualquer prato em que ele possa entrar no lugar do chuchu ou do maxixe. E como é crocante e agradável no sabor, pode até ser comido cru em saladas ou em conserva, como chuchu ou pepino. As sementes molinhas estão encravadas na polpa e não precisam ser tiradas.
A planta
Conhecida como bucha-paulista, bucha-pepino ou maxixe-do-pará, a planta é uma trepadeira como várias outras da mesma família das Cucurbitáceas - abóboras, chuchus, maxixes, caxis e pepinos. Seu nome científico é Luffa acutangula (embora haja sinonimias como Luffa aegyptica, Luffa acutangula, Cucumis fricatorius, Cucumis megacarpus, Cucumis acutangulus, Bryonia cheirophylla, Luffa subangulata, Melothria touchanensis, Momordica cylindrica, Momordica luffa) e é originária da Ásia. Em inglês, pode ser conhecida como bath sponge, angled luffa, ridge gourd, ridged luffa, chinese okra, sponge gourd ou towel gourd.
O fruto pode apresentar formatos e tamanhos diferentes, mas geralmente é comprido (pode chegar a 40 centímetros ou mais) e mais afunilado numa das pontas. Dependendo do lugar onde a planta é cultivada, o interesse pode ser pelos frutos imaturos usados como legumes ou como esponja. No Brasil o interesse maior é como esponja, mas um mesmo pé pode ser fonte das duas coisas, especialmente um pezinho de fundo de quintal para uma família pequena.
Também dependendo da variedade, os frutos podem ter um leve amargor - contem um princípio amargo de nome luffeína. São nutritivos, ricos em minerais como cálcio, ferro e fósforo, além de vitaminas, como outros legumes da mesma família. E não só os frutos são comestíveis como também os brotos, usados como cambuquira.
Em vários países orientais, a planta é usada em sua totalidade na medicina caseira - a raiz, como purgante; as folhas pra tratar icterícia; a infusão das folhas para amenorreia; o suco das folhas para conjuntivite; frutos e sementes contra doenças venéreas e para tantas outras enfermidades. De certo, além da panaceia, temos que o legume é uma delícia saudável e o fruto maduro é ótima ótima alternativa às esponjas sintéticas (pode ser fervida para desinfetar de vez em quando sem derreter, se degrada facilmente na natureza, não precisa de embalagem etc etc).
Preparei a minha picadinha com cenoura, pimentão e cebola e foi meu almoço com arroz. Nada demais, só um refogado simples e rápido com o que tinha por aqui.
Maxixe-do-pará ou bucha-verde com carne de porco
200 g de carne de porco (separei carne da panceta)
2 dentes de alho socados
Sal e pimenta-do-reino a gosto
2 colheres (sopa) de óleo
100 g de cenouras picadas (3 orgânicas bem pequenas)
50 g de cebolas minis partidas ao meio (ou meia xícara de quadrados de cebola)
50 g de pimentão vermelho picado em quadrados (1/4 de pimentão)
300 g de bucha-verde ou maxixe-do-pará picada (meia unidade)
1 pitada de pimenta vermelha em pó
1 galho de cebolinha picada
Rodelas de pimenta dedo-de-moça em conserva
Tempere a carne com o alho, o sal e a pimenta-do-reino e reserve por meia hora. Enquanto isso, pique os legumes. Numa frigideira, em fogo alto, aqueça o óleo e coloque a carne. Vá mexendo, até começar a dourar. Junte, então, a cenoura e vá mexendo até que o legume fique bem quente. Acrescente a cebola, o pimentão, a bucha e a pitada de pimenta. Vá chacoalhando a frigideira ou mexendo delicadamente, até os legumes ficarem cozidos, mas ainda al dente (se achar necessário, junte água quente aos poucos, sem ensopar). Prove o sal e corrija, se for preciso. Antes de servir, junte a cebolinha e as rodelas de pimenta e nhac!
Rende: 4 porções
Bucha vegetal acompanha bem o sabão de óleo usado (receita aqui)
Nota pós-post: como bem nos lembra o leitor Rodrigo Chaves (veja nos comentários), só não podemos confundir com a buchinha-do-norte, buchinha-paulista ou simplesmente buchinha, uma planta do mesmo gênero, Luffa Operculata, com frutos pequenos, do tamano de maxixes e com a pele espinhuda. É usada na medicina popular como abortiva e contra rinites e sinusites, na forma de inalação. Mas tem princípios tóxicos que podem levar à hemorragia e lesão das mucosas nasais. Se ficar em dúvida na identificação dos frutos (os comestíveis são estes compridos), melhor não arriscar.

18 comentários:

  1. Vou ter que provar, sempre que você posta algum vegetal que não conheço fico maluquinha até encontrar, acho que sofro de vegetolia, rsrsrsrs.
    Bjs

    ResponderExcluir
  2. Ahn só pra avisar, tem uma variedade menor, a Buchinha-Paulista ou Luffa Operculata, que é muito venenosa. Cuidado ae.

    ResponderExcluir
  3. Tem um sabor particular que é mais distinto do que isso de abobrinha. Temos uma sopa simples que usa camarões secos, este cabaço esponja e massas cabelo de anjo. Para ocasiões especiais nós substituímos camarões secos com almôndegas. Também uma grande adição para yakisoba.

    ResponderExcluir
  4. Já comi bucho, não bucha... Mas vou experimentar, puxa!

    ResponderExcluir
  5. Mmmm, Vou experimentar sua receita. Em casa minha mãe preparava esse legume com "missô", cebolinha verde, alho e "hondashi".
    Beijos.

    ResponderExcluir
  6. Rodrigo, obrigada pela lembrança.

    A buchinha, também conhecida como buchinha-do-norte é vendida em bancas de ervas medicinais e usada como abortiva ou para curar sinusite. Mas o uso incorreto pode levar a hemorragias e destruição do septo nasal (por inalação). As comestíveis são estas buchas compridas.

    Adorei as dicas de preparo. Obrigada.

    Um abraço, N

    ResponderExcluir
  7. Nunca imaginei que fosse comestível... fiquei muito surpresa! (e louca pra provar!!)
    Bjs

    ResponderExcluir
  8. Juro que nunca pensei que fosse comestível.
    Já pra tomar banho é mesmo um arraso hein.

    ResponderExcluir
  9. Qué cosas tan increíbles conoces, nunca me imagine que los zacates fueran comestibles, seguro que han de tener demasiada fibra.
    Copié tu receta de jabón, espero que me ayude mi hija a traducirla. No encuentro el traductor en tu blog para hacerlo.

    Un abrazo Neide

    ResponderExcluir
  10. Oxeeee, temos as duas aqui no sítio...são duas coisas diferentes...não é?
    Adriana Carneiro

    ResponderExcluir
  11. Sempre comi as flores também, cruas ou em omeletes, tapiica etc e ficam lundas na decoracao

    ResponderExcluir
  12. Será que fica bom, ajuntar bucho com bucha...

    ResponderExcluir
  13. Na feira de Fronteira , interior de Minas Gerais tem

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar. Se você não tem um blog nem um endereço gmail, dá para comentar mesmo assim: É só marcar "comentar como anônimo" logo abaixo da caixa de comentários. Mas, por favor, assine seu nome para eu saber quem você é. Se quiser uma resposta particular, escreva para meu email: neide.rigo@gmail.com. Obrigada, Neide