segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Coruja de tapioca

Enrole a folha de bananeira fazendo umas duas voltas
Sempre achei intrigante o nome do rolo de mandioca feito no Vale do Ribeira mas nunca encontrei nada sobre a história do porquê de "coruja". Talvez seja pelo horário que costumava ser feito, sei lá.

Desde que o conheci, gostei da consistência densa, lisa, amarelada e jeitão de provolone. Da última vez que estive na feira de Registro, há cerca de dois meses, comprei coruja feita com amendoins crus e assada em forma retangular em vez de ser no embrulho de folha de bananeira. Aliás, quase não assam mais na folha de bananeira já que papel alumínio facilita o trabalho de quem faz pra vender na feira. Uma pena. Também não assam mais no fogão de lenha, já que o forno a gás também funciona. E a banha de porco usada antigamente agora é substituída por manteiga, na melhor das hipóteses. Ou margarina...

De um vendedor ouvi dizer que misturavam mandioca puba com mandioca ralada sem pubar (deixada de molho em água até se desfazer). Era o  jeito clássico. Não sei também. Algumas receitas pedem hoje só a mandioca ralada e espremida.

Com tantas modificações, resolvi fazer minha coruja mudando a massa. Substituí por farinha de tapioca que dá bastante translucidez. Mantive, porém, a folha de bananeira que dá um sabor incrível ao rolo. De resto, usei leite, manteiga, sal e açúcar, ou seja, a mesma receita de um pãozinho que já dei aqui. Neste mesmo link você vai aprender a fazer em casa a farinha caso não a encontre por aí.  Esta mesma farinha, mostrei no post do cuscuz de tapioca publicado dias atrás. Veja lá. Acrescentei ainda o amendoim, castanhas e sementes. Segue a receita completa. A coruja clássica, com massa de mandioca, também hei de fazer dia desses. Isto já é um ensaio para o Paladar Cozinha do Brasil que se aproxima.

Coruja de tapioca 

25 g de manteiga em ponto de pomada (2 colheres de sopa rasadas)
1 1/2 xícara de leite (360 ml)
3 colheres (chá) de açúcar
1 colher (chá) de sal
1 ovo 

250 g de farinha de tapioca (mais ou menos 3 xícaras de chá) 
1/2 xícara de amendoins com pele cozidos por 10 minutos e escorridos 
1/2 xícara de castanha de caju 
4 colheres (sopa) de sementes (de girassol e de abóbora) 
Folhas de bananeira para embrulhar

Bata no liquidificador ou misture bem os cinco primeiros ingredientes e despeje sobre a farinha de tapioca. Misture bem, junte o amendoim, a castanha e as sementes e espere uns 20 minutos para hidratar os grânulos (teste para ver se os grânulos estão macios e se a massa tem liga para modelar). Divida a massa em duas partes, modele cada parte em cilindro com cerca de 5 centímetros e embrulhe com folhas de bananeira (lavadas, cortadas com folga para embrulhar os cilindros e amaciadas no fogo - ou embrulhe em papel alumínio). Amarre as pontas da folha de bananeira, coloque-os numa assadeira e leve para assar em forno médio - 200°C -por cerca de 40 minutos ou até que a folha comece a queimar.  Na metade do tempo, vire os cilindros. Espere esfriar, desembrulhe e corte em fatias. 

Rende: 20 porções 

Variação: conserve  na geladeira e na hora de servir, corte em fatias finas e doure em frigideira antiaderente ou untada com manteiga. 


9 comentários:

  1. Oi Neide deve ser muito gostosa.
    Em Minas fazemos uma parecida com esta, é a famosa broa de pau à pique,
    de fubá com amendoim, enrolada na massa de bananeira.
    Uma delícia!
    Abraços!
    Mariangela

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  2. Neide, adorei isso! Essa semana vou fazer sem falta!

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  3. Oi Neide, a retangular que é mais chata chama-se Berequeca.

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  4. Diego, que legal saber da berequeca. Comprei dela também.

    Mariangela, a broa de pau a pique é mais sequinha e doce. Esta, não. É mais gomosa e salgada. Gosto das duas.

    Um abraço,n

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  5. Diego, que legal saber da berequeca. Comprei dela também.

    Mariangela, a broa de pau a pique é mais sequinha e doce. Esta, não. É mais gomosa e salgada. Gosto das duas.

    Um abraço,n

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  6. Que Bacana sua busca pelas receitas típicas... no caso do Vale do Ribeira, de onde minha família é. A Coruja, tem esse nome aportuguesado, já que o nome indígina para esse prato, é CORUYA.
    Tradicionalmente era feita assim: Punha-se a mandioca descascada, em um cesto de palha, na corrente de água do rio, por 3 dias, a mandioca fica maturada. Então se faz a massa acrescentando a essa, ovos e alguma banha. Depois de sovado os rolos eram embrulhados em folha de bananeira e colocados por 3 horas em um forno aquecido e lacrado com barro. o ponto é a folha de bananeira estar seca, que se dá por volta desse tempo.
    tradicionalmente, em casa, se comia, cortando em fatias e deixando de molho no leite, para amaciá-la e suavisar o gosto, depois dourar e, antes de servir povilhar sal.
    parabéns.

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  7. o nome é ou era CURUYÁ = CURU, corpo pequeno e YÁ , da, ou na água.

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  8. Estive em festa da família de meu marido em Jacupiranga, e amei o pão coruja, eles falavam que a mandioca tinha que apodrecer, será que conseguimos fazer colocando a mandioca de molho pelos três dias e indo trocando a água, até ela apodrecer?
    Assim faremos um pão mais próximo do que era antigamente.
    Se alguém já fez ou conhece deixando a mandioca apodrecer poderia relatar aqui

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  9. Minha comprou diretamente de uma aldeia índigena em Iguape/SP. Coruja

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